Queda nos preços surpreende produtor dos EUA e renova expectativas sobre juros

Os preços ao produtor nos Estados Unidos registraram uma queda inesperada de 0,4% em março de 2025, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Departamento do Trabalho. O recuo foi observado em âmbito nacional e atribuído, principalmente, à forte redução nos custos com energia. A informação surpreendeu analistas, que previam um avanço de 0,2% no índice, e reacendeu discussões sobre os próximos passos do Federal Reserve em relação às taxas de juros.

Embora o recuo pontual tenha sido recebido com certo alívio por parte dos investidores, o cenário econômico dos EUA segue influenciado por diversos fatores. Entre eles, destacam-se as tensões comerciais com a China e o aumento de tarifas sobre importações, que podem pressionar a inflação nos próximos meses.

Índice anual segue em alta, mas perde força

Apesar da queda mensal, o índice de preços ao produtor (PPI) acumulou uma alta de 2,7% nos 12 meses até março, abaixo dos 3,2% registrados em fevereiro. Essa desaceleração indica uma possível mudança na trajetória da inflação, ainda que o cenário continue instável.

Economistas avaliam que a queda inesperada nos preços ao produtor pode ser levada em consideração pelo Federal Reserve na formulação da política monetária. Com a inflação mostrando sinais de desaceleração, crescem as expectativas de que o banco central norte-americano possa iniciar cortes nas taxas de juros já a partir de junho.

Tarifas e tensões comerciais ainda preocupam

Mesmo diante da retração no PPI, especialistas alertam para os riscos inflacionários associados às recentes medidas do governo dos Estados Unidos. As tarifas impostas sobre produtos chineses foram ampliadas para 125% pelo presidente Donald Trump, o que provocou uma resposta imediata da China com retaliações comerciais. Essas tensões podem limitar os efeitos positivos da queda nos preços ao produtor e influenciar negativamente os custos de produção no médio prazo.


Supermercado no estado americano da Califórnia (Foto: reprodução/AFP/Arquivos)

O dado divulgado nesta sexta-feira é considerado crucial para o mercado financeiro e para os formuladores de políticas públicas, pois o PPI é usado como um dos indicadores antecedentes da inflação ao consumidor. A depender da evolução dos próximos meses, os efeitos podem ser sentidos também em outras economias, inclusive a brasileira.

Dólar vem perdendo força, fechando em queda e acumulando perdas

No exterior, o dólar vem enfraquecendo, o que ocorreu nesta sexta-feira (12), com o real, onde o dólar à vista fechou em baixa perante a moeda do Brasil. Os investidores acreditam que o Banco Central dos EUA, o Federal Reserve, iniciará um corte de juros daqui a dois meses, em setembro.

Segundo o PPI do País, os dados do índice de preços ao produtos, a teoria de inflação mais fraca dos EUA, é contínua. Comparando mensalmente, o PPI subiu 0,2% em junho e, com base anual, houve um avanço de 2,6%. Apesar de não terem vindo linearmente, os números não extinguiram o otimismo que foi gerado pelo CPI mais fraco na véspera.

O dólar comercial teve uma queda de 0,20% em seu fechamento, sendo R$ 5,430 na compra, e R$ 5,431 para venda. Já o dólar turismo fechou em R$ 5,457 para compra, e R$ 5,637 para venda. O DOLc1, contrato de dólar futuro para agosto, teve uma queda de 5.444 pontos, referente a 0,12%.


Moeda estadunidense terá corte de juros em setembro (Foto: reprodução/Freepik/@jcomp)

O dólar no Brasil

Mesmo após ter aberto uma sessão no Brasil em baixa, conforme ocorreu em outros lugares do globo, ainda pela manhã o dólar ficou em alta, mediante novos dizeres a respeito do cenário fiscal, do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Às 09h20 o dólar registrou uma cotação de R$ 5,4160 (-0,48%) e, às 10h52, a cotação foi para R$ 5,4669 (+0,46%).

Ainda assim, à tarde, o dólar abaixou novamente. O que, segundo analistas, se deu pela compreensão de que haverá corte de juros em setembro por perto do Fed, o que faz com que as cotações da moeda abaixem.

Durante evento em São Paulo, o ministro sustentou que a expansão fiscal não é algo positivo para o País neste momento, além de ter afirmado que haverá cortes de gastos primários no governo Lula, se necessário, para ajuste de contas públicas. Ainda segundo Haddad, houve uma tentativa de sua parte para que o presidente baixasse a tensão com o Banco Central, mas em seguida atestou que Lula não está incorreto em suas insatisfações com atitudes da autarquia.

Apesar dos comentários sobre cortes para cumprimento da meta fiscal, dois funcionários da Reuters relataram que o ministro da Fazenda ainda não relatou quaisquer medidas precisas, o que é um incômodo para os investidores, em especial nas últimas semanas.

O índice DXY

A medição do da performance do dólar ocorre através do DXY, o índice do dólar, frente a uma cesta de seis divisas, onde ocorreu uma queda de 104,07 pontos em Nova Iorque, significando uma queda de 0,36%. Contudo, a moeda já apresentava baixas quando comparado aos pesos da China, do México e da Colômbia.

O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou pela manhã que, após um período de inalteração em maio, o PPI subiu em 0,2% em junho, para a demanda final. O conselho previa uma alta de 0,1% e, nos últimos 12 meses até junho, houve um aumento de 2,6%, após o avanço de 2,4% em maio.

Mesmo com os dados passando por altíssimo, o mercado confia que o banco central do País possui informações o suficiente para que o primeiro corte de juros em setembro seja justificado.