“Girls Just Wanna Have Fun”: Cyndi Lauper revive o hit ao lado de Avril Lavigne

A cerimônia do Rock & Roll Hall Of Fame, realizada em Los Angeles, no último dia 08, além de celebrar a diversidade do rock, do hip-hop e do soul, por mais de quatro horas seguidas entre shows, homenagens e depoimentos, elevou a lenda feminina do rock, a cantora Cyndi Lauper, ao seu hall da fama.

Pra celebrar o feito, não podia faltar o hino da cantora: “Girls Just Wanna Have Fun”, cantado em um dueto muito emocionante com a roqueira Avril Lavigne. Composta por Robert Hazard, em 1979, a letra da música foi alterada por Lauper, inovando e, ao mesmo tempo, ousando (para os moldes da época), ao abordar o desejo de liberdade e igualdade da mulher, numa sociedade predominantemente machista.

Hino feminista atravessa décadas

A parceria entre as roqueiras de gerações diferentes mostra a força contínua da música que marcou a carreira de Cyndi Lauper. Sendo o primeiro grande lançamento da cantora, ao assumir carreira solo, a música foi lançada em seu álbum de estreia “She’s So Unusual”, em 1983, ressaltando a força feminina e a liberdade de poder viver a vida com diversão.

A performance de “Girls Just Wanna Have Fun” nesta cerimônia pode ser considerada como um momento histórico para o rock mundial, pois além de ter deixado a plateia em completo êxtase, cantando em uníssono com Lauper e Lavigne, especialmente o refrão, uniu duas gerações do Rock’n’Roll, celebrando a mesma bandeira levantada por Lauper numa era em que pouco se falava sobre o tema. Mais ao final da canção, Raye e o trio de rap e hip-hop, Salt ‘N’ Pepa se juntaram à dupla.


Performance de “Girls Just Wanna Have Fun” na cerimônia 2025 do Rock & Roll Hall Of Fame (Vídeo: reprodução/Instagram/@rockhall/@cyndilauper)


A consagração no Rock & Roll Hall Of Fame

Cyndi foi introduzida no hall da fama do Rock & Roll Hall Of Fame, e fez uma declaração profunda e muito emocionada, que reverberou por todos os participantes e pelo público: “Meus ombros são largos o suficiente para que as mulheres que vierem depois de mim possam se apoiar neles”. E continuou: “A pequena menina que habita em mim ainda acredita que o rock’n’roll pode salvar o mundo”.

Tanto a declaração de Lauper, como a cerimônia, que celebrou a união de diferentes gerações, reforçam “Girls Just Want to Have Fun”  como um hino extremamente significativo para as mulheres, perpetuando e mantendo viva e acesa a mensagem da canção transformada.

Listras preto e branco mantêm viva a aura de rebeldia na moda e na cultura pop

As listras em preto e branco atravessam séculos carregando significados de contestação, ousadia e inconformismo. Mais do que uma simples escolha estética, elas funcionam como um código visual capaz de transmitir rebeldia e singularidade. De personagens icônicos como Wandinha Addams, com seu ar gótico e irônico, e Beetlejuice, com sua irreverência sombria, a figuras reais como Kurt Cobain, que desafiou convenções no rock, e Madonna, que reinventou padrões na música pop, a padronagem se tornou um recurso simbólico para marcar identidades fortes.

Seja no palco, no cinema ou nas ruas, as listras em preto e branco funcionam como um manifesto silencioso, projetando ao olhar externo uma mensagem clara: quem as veste não tem medo de destoar e desafiar o que é considerado “normal”.

Origem histórica do símbolo

Na Idade Média, trajes listrados não tinham o charme que conhecemos hoje. Eram, na verdade, um sinal de marginalização. Palhaços, boêmios, prostitutas e até hereges eram retratados usando a estampa, reforçando seu vínculo com grupos considerados à margem. Em 1310, um caso extremo na França ilustrou essa rejeição: um sapateiro teria sido condenado à morte por usar roupas listradas.


Convidada veste uma blusa listrada (Foto: reprodução/Edward Berthelot/Getty Images Embed)


Com o tempo, o padrão ganhou novas associações. No século 19, tornou-se característico dos uniformes de prisioneiros e, mais tarde, foi utilizado nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Esse passado sombrio consolidou a imagem das listras preto e branco como um símbolo de exclusão e resistência involuntária.


Duquesa de Cambridge (Foto: reprodução/WPA Pool/Getty Images Embed)


Do estigma à afirmação cultural

A partir do século 20, a estampa começou a aparecer no vestuário casual, mas manteve sua ligação com a ideia de não conformidade. No universo da cultura pop, ela continuou a ser adotada como um recurso para reforçar a imagem de personagens e artistas que se posicionam contra padrões estabelecidos.

O cineasta Tim Burton é um dos maiores entusiastas do padrão, incorporando-o em produções como Sweeney Todd (2007), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) e O Estranho Mundo de Jack (1993). Já na música, a subcultura emo dos anos 2000 também abraçou o visual, reafirmando sua conexão com emoções intensas e posturas contraculturais.

Além do preto e branco, as listras em outras combinações cromáticas também conquistaram espaço na moda. Gabrielle Chanel popularizou as listras náuticas no início do século 20, Sonia Rykiel nos anos 1960 explorou versões coloridas e Jean Paul Gaultier eternizou o padrão azul e branco inspirado nos marinheiros franceses. Já no universo esportivo, a Adidas transformou suas três listras em marca registrada, provando que o padrão, seja qual for a cor, continua a carregar força simbólica.

Kurt Cobain e a estética grunge que ainda segue viva na moda

A moda do grunge surgiu no final da década de 80 e início dos anos 90,e foi impulsionada pelo movimento musical de Seattle, conhecida como a maior cidade do estado americano de Washington, palco do movimento antiglobalização. 

Entre os principais ícones desse estilo grunge, é o cantor Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, que se destacou não apenas pelo talento musical, mas também por sua estética despretensiosa que acabou se tornando símbolo de rebeldia e autenticidade. Mais de 30 anos se passaram, mas sua influência ainda é visível no vestuário urbano e na forma como a moda desafia padrões de beleza e consumo.



Conforto e Despreocupação

O grunge que se caracteriza por roupas largas, camadas sobrepostas, camisas de flanela xadrez, jeans rasgados, coturnos e peças desbotadas. Kurt rejeitava a ostentação da moda tendência e, muitas vezes, usava roupas de brechó, sem a preocupação com combinações ou o que estava na moda. Esse visual despretensioso e desleixado e aparentemente descompromissado refletia a própria filosofia do grunge: uma resistência ao consumismo e à superficialidade.


@aradiorock

LOOKS INSPIRADOS NO NIRVANA Qual roupa você mais gostou? Créditos: @rhystrinder #89 #89fm #89aradiorock #89fmaradiorock #radiorock #aradiorock #rock #vivaorock #nirvana

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Vídeo sobre estilo do vocalista Kurt Cobain( Vídeo/ reprodução/TikTok/@aradioroock)

O Grunge na Moda Atual

Mesmo após sua morte de Cobain em 1994, a influência na moda nunca desapareceu. Nos anos 2010, o grunge ressurgiu com força nas passarelas, sendo reinventado por grandes marcas como Saint Laurent e Marc Jacobs. Além disso, celebridades e influenciadores continuam a adotar peças inspiradas no estilo grunge, combinando a estética original com toques contemporâneos.

Atualmente, o estilo permanece presente em subculturas alternativas e no streetwear, muitas vezes mesclado com tendências modernas. Peças oversized, camisetas com estampas de bandas, jaquetas de couro e botas pesadas seguem sendo populares, reforçando que o grunge é atemporal.

Uma Atitude

O grunge, sempre foi mais do que apenas uma forma e estilo de se vestir – ele representa um espírito de inconformismo e autenticidade. A moda grunge resiste porque continua a oferecer uma alternativa ao excesso de regras e padrões da indústria fashion. Para muitos jovens, vestir-se de maneira despojada e sem pretensão ainda é uma forma de expressão e resistência.

A rebeldia de Kurt Cobain ecoa ainda na moda contemporânea, provando que o grunge não é apenas uma tendência passageira, mas um legado cultural que desafia as convenções e valoriza a individualidade.