Gaza: Funcionários da ONU desmaiam de fome, alerta o chefe da agência para refugiados palestinos

Segundo denúncia feita nesta terça-feira (22) por Philippe Lazzarini, Comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), funcionários da ONU, incluindo médicos e trabalhadores humanitários, estão desmaiando de fome e exaustão enquanto atuam na Faixa de Gaza. A situação extrema reflete o colapso humanitário no enclave e profissionais encarregados de prestar socorro enfrentam escassez severa de alimentos em condições de trabalho precárias.

Sinal de alerta

Em uma sequência de publicações em suas redes sociais, Philippe Lazzarini chama a atenção para o que ocorre na região. O comissário-geral informa que profissionais do serviço de ajuda humanitária em Gaza se alimentam uma vez ao dia, apenas com “lentilhas” e que esta situação coloca em risco o “sistema humanitário” em sua totalidade. A falta de suprimentos básicos tem feito os profissionais desmaiarem enquanto trabalham. 


Publicação do comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, sobre a situação em Gaza (Foto: reprodução/X/@UNLazzarini)

Outro alerta feito por Lazzarini refere-se à população civil Palestina em geral. Segundo o comissário, essas pessoas “estão como cadáveres ambulantes” e “uma em cada cinco crianças” sofrem de desnutrição severa. O funcionário da UNRWA afirma que a situação piora com o passar dos dias, devido ao esgotamento de suprimentos básicos para atender à população Palestina.

Conforme informou, as crianças em situação de vulnerabilidade necessitam, urgentemente, de ajuda, por estarem “fracas e magras”. Caso contrário, correm risco de morte por desnutrição. Lazzarini segue relatando o cenário, informando que a existência da população Palestina no enclave está “ameaçada”


População Palestina em Gaza à espera de alimentos (Fotos: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Por fim, o chefe da UNRWA pede que a ajuda humanitária realizada pela agência entre no enclave. Segundo Lazzarini, há o “equivalente a 6.000 caminhões carregados de alimentos e suprimentos médicos na Jordânia e no Egito”, esperando autorização do exército israelense para acesso à região e à população Palestina.

Ataque à sede da OMS

O cenário descrito por funcionários de agências de ajuda humanitária, jornalistas de guerra e civis palestinos, voltam os holofotes em direção à Faixa de Gaza. O alto comissariado da ONU informou que suprimentos básicos, com o passar dos dias, tornam-se escassos, colocando em risco a vida da população. 

Em coletiva de imprensa, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarevic, também alertou sobre a situação. Segundo Jasarevic, o exército israelense atacou a sede da organização, na última investida por terra, na cidade de Deir al-Balah, região central da Faixa de Gaza. O fato ocorreu na última segunda-feira (21), em nova escalada do conflito entre Israel e o grupo Hamas, em curso desde de outubro de 2023.


Relato de ataques à sede da OMS em Gaza (Vídeo: reprodução/Instagram/@who)


Conforme dados apresentados pela ONU, há um deslocamento interno da população Palestina. Estima-se que cerca de 1,9 milhão de pessoas vivam em abrigos improvisados, deslocando-se permanentemente a cada investida do exército de Israel. Segundo declarações, famílias são dizimadas a cada dia, à espera de comida, medicamentos e ajuda necessária para a sobrevivência em uma região devastada pela guerra, sem indícios para um cessar-fogo imediato. 

Após 412 dias, opositores venezuelanos revelam bastidores de fuga histórica

Durante mais de um ano, cinco ativistas ligados à oposição venezuelana viveram confinados dentro da embaixada argentina em Caracas, sem qualquer garantia de salvo-conduto para deixarem o país em segurança.

Magalli Meda, Pedro Urruchurtu, Claudia Macero, Humberto Villalobos e Omar González buscaram refúgio no local em março de 2024, após uma onda de prisões contra apoiadores de María Corina Machado, às vésperas das eleições presidenciais.

A espera foi longa. Foram 412 dias de sobrevivência silenciosa, com rotina limitada, sem luz por meses e sem água por semanas. “Imaginem ficar presos por mais de um ano no mesmo espaço, sem poder acender um interruptor”, contou Meda, emocionada. O grupo se uniu como uma família, sustentado pela esperança de que sair daquele ambiente fechado ainda seria possível.

Saída sob sigilo e críticas à diplomacia

A operação de retirada foi descrita pelos opositores como “uma das mais espetaculares já realizadas”. Embora os detalhes ainda estejam sob sigilo, os envolvidos negam qualquer negociação com o governo de Maduro. Segundo eles, a fuga foi planejada e executada com precisão, sem confronto e sem ruído.


Opositores de Nicolás Maduro desembarcaram nos EUA após resgate do governo americano. (Vídeo: reprodução/YouTube/Jornal da Record)

O grupo criticou a atuação da diplomacia tradicional, alegando que países como Brasil, México e Colômbia falharam diante do autoritarismo. Também pediram sanções mais duras, citando o financiamento do regime por meio de empresas estrangeiras, tráfico e exploração de recursos naturais. Para os ativistas, a liberdade conquistada é só o começo de uma nova fase de luta.

Crise venezuelana

A crise eleitoral na Venezuela se agravou após a divulgação dos resultados de 28 de julho, que deram vitória a Nicolás Maduro, mas sem apresentação das atas oficiais. A oposição, por sua vez, divulgou documentos que indicam vitória de Edmundo González, hoje asilado na Espanha. Desde então, cresceram as prisões e denúncias de perseguição política.

EUA recebem fazendeiros sul-africanos como refugiados por ordem de Trump

O governo dos Estados Unidos está se preparando para receber um grupo de agricultores sul-africanos de origem europeia, conhecidos como Afrikaners. A informação foi divulgada pelo The New York Times, que afirma ter tido acesso a um documento oficial do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS). Segundo o jornal, o grupo deve desembarcar já na próxima semana e uma cerimônia está sendo organizada no Aeroporto Internacional de Washington Dulles, na Virgínia, para marcar a chegada.

O presidente Donald Trump assinou em fevereiro uma ordem executiva autorizando a entrada desses fazendeiros no país sob o status de refugiados. Para o governo americano, esses sul-africanos estariam enfrentando perseguições por motivos raciais, o que justificaria o acolhimento.


Presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, em 5 de maio de 2025 (Foto: Reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)


Na época da assinatura, Trump comentou que a África do Sul estaria tomando terras de algumas pessoas e tratando certos grupos de forma injusta, embora ele não tenha apresentado provas para sustentar essas declarações. O empresário Elon Musk, que nasceu na África do Sul e é próximo ao presidente, também comentou o assunto, dizendo que os brancos no país estariam sendo prejudicados por leis racistas sobre propriedade de terra.

Reação da África do Sul

A medida, no entanto, não passou despercebida pelas autoridades sul-africanas. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que a decisão do governo americano ignora o histórico complexo da África do Sul e desconsidera décadas de injustiças durante o período colonial e o apartheid.

Distribuição de terra é tema sensível

A posse de terra continua sendo um tema delicado no país. Durante o apartheid, grande parte das terras foi tirada à força da população negra. Mesmo hoje, a distribuição continua desigual: dados de 2017 apontam que 75% das terras agrícolas estão nas mãos de brancos, que são apenas 8% da população. Os negros, que representam cerca de 80% dos sul-africanos, detêm apenas 4% das terras.

A iniciativa dos EUA levanta debates sobre imigração, relações internacionais e o papel de políticas raciais nos dois países.

Áustria oferece 1.000 euros a refugiados sírios para retorno voluntário

O governo da Áustria anunciou recentemente uma oferta de um “bônus de retorno”. O bônus é ofertado para os sírios que optarem por retornarem de modo voluntário ao seu país de origem. O bônus conta com o valor de € 1.000.

A medida surge como de incentivo de retorno dos refugiados, após a queda do regime de Bashar al-Assad. A medida pretende estimular o retorno voluntário dos refugiados, sendo parte de uma política migratória mais rígida. A intenção é reduzir o número de refugiados na Áustria.


Sírios comemoram a queda do governo de Bashar al-Assa (Foto: Reprodução/Ali Haj Suleiman/AFP/Getty Images)


Detalhes da iniciativa

Segundo Karl Nehammer, chanceler da Áustria, o país irá apoiar os sírios que desejam retornar ao seu país de origem com o incentivo financeiro. O governo ainda destaca a importância de seus cidadãos para a reconstrução do país.

Por conta disso, a Áustria suspendeu temporariamente a análise de novos pedidos de asilo de cidadãos sírios. Essa medida se alinha com posicionamentos semelhantes que foram adotadas por outros países da Europa.

Repercussão e desafios

O bônus ofertado pela Áustria surge diante de um contexto repleto de debates sobre a viabilidade e segurança no retorno dos refugiados ao território sírio. A iniciativa tem a intenção de facilitar o retorno voluntário desses refugiados, mas as organizações de direitos humanos questionam a eficácia dessa medida e expressam preocupação em relação às condições de segurança da Síria.

Além dessas preocupações, o custo da viagem para retornar pode ultrapassar o valor do bônus ofertado, sendo outro ponto que coloca em dúvida o método adotado pelo governo austríaco. O posicionamento da Áustria busca equilibrar as necessidades internas com as responsabilidades internacionais de proteção aos refugiados. Outro fator que ainda é uma incógnita, é a disposição dos refugiados em retornarem de forma voluntária.

Conflito entre Israel e Hezbollah intensifica tensões com confronto direto no sul do Líbano

Soldados israelenses e militantes do Hezbollah se enfrentaram diretamente no sul do Líbano, no primeiro confronto desde o início da guerra na Faixa de Gaza. O combate ocorreu na madrugada desta terça-feira (1º), de acordo com o Exército de Israel, que confirmou a ação militar como parte de uma operação terrestre limitada contra bases do grupo extremista libanês.

Os ataques marcaram uma nova fase no conflito, após semanas de trocas de bombardeios entre Israel e o Hezbollah. As incursões terrestres foram acompanhadas por alertas do governo israelense para que civis libaneses na região deixassem suas casas. O porta-voz militar Avichay Adraee emitiu um comunicado direcionado a mais de 20 cidades do sul do Líbano, orientando a evacuação imediata para áreas seguras.

Combates intensos no sul do Líbano

Segundo informações do Exército de Israel, os combates ocorreram após incursões terrestres de suas forças em território libanês, na tentativa de neutralizar ameaças do Hezbollah. O porta-voz das Forças Armadas de Israel para o mundo árabe relatou “combates intensos”, com o Hezbollah utilizando áreas civis como escudo para lançar ataques contra os militares israelenses.

Em resposta, o grupo extremista lançou mísseis em direção a Tel Aviv, alegando que os alvos eram instalações do serviço de inteligência israelense, o Mossad. Além disso, a milícia Houthi, aliada do Hezbollah e financiada pelo Irã, afirmou ter disparado foguetes em apoio ao grupo.


Israel faz bombardeio em área no sul do Líbano (Foto: reprodução/AP Photo/Leo Correa)

Ataques aéreos e operação terrestre

A operação israelense, denominada “Setas do Norte”, inclui o uso de tropas terrestres e apoio aéreo, com ataques precisos a alvos do Hezbollah no sul do Líbano. O Exército de Israel justificou a ação como necessária para garantir a segurança dos residentes do norte do país, que haviam deixado suas casas devido aos constantes bombardeios do Hezbollah.

Até o momento, não foram confirmadas informações sobre vítimas ou danos significativos nos confrontos. No entanto, a Reuters relatou que um dos ataques israelenses atingiu um edifício usado como abrigo para refugiados palestinos. O alvo seria o comandante da Fatah, Mounir Maqdah, cujo paradeiro permanece desconhecido.

A escalada do conflito reflete o aumento da tensão na região, que já havia se intensificado após Israel ter matado o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo na sexta-feira (27). Autoridades de ambos os lados seguem em silêncio quanto aos resultados da operação, enquanto os Estados Unidos expressam apoio à ação israelense na fronteira com o Líbano.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que uma resolução diplomática é necessária para garantir a segurança dos civis israelenses no norte do país, mas destacou a importância da ofensiva militar para neutralizar a ameaça do Hezbollah.

Imigrante é retido em aeroporto de São Paulo por suspeita de mpox

Nesta segunda (26), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que um imigrante retido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foi isolado em um hotel na região devido à suspeita de mpox. A notificação sobre o caso foi feita na tarde do domingo (25).

De acordo com o comunicado da Anvisa, uma equipe do Posto da agência no Aeroporto de Guarulhos foi acionada pelo serviço de saúde local após a identificação de sintomas compatíveis com a mpox. O imigrante, que chegou ao aeroporto em 14 de agosto, estava na área destinada a pessoas que aguardam a concessão de refúgio no Brasil.

“Em conformidade com o plano de contingência estabelecido, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de São Paulo (CIEVS-SP) foi imediatamente notificado e o caso foi encaminhado para isolamento e realização de exames no serviço de saúde do município de Guarulhos. Posteriormente, o paciente foi transferido para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista”.

A Secretaria de Saúde de São Paulo informou, no final da tarde de segunda, que a principal hipótese é que o paciente esteja com varicela.

Anvisa

A Anvisa informou que, até agora, 507 imigrantes continuam à espera de entrar no Brasil.  As autoridades entrevistaram os outros viajantes no local, aplicaram 397 questionários, mediram a temperatura e verificaram sinais de doença na pele. Segundo eles, nenhum outro caso foi identificado. Além disso, foram implementadas medidas de limpeza e desinfecção no aeroporto.

A Defensoria Pública da União solicitou a criação de uma sala de situação para monitorar em tempo o fluxo de entrada e saída do país, como uma medida para proteger a saúde pública e garantir a segurança nos aeroportos.

Sobre a mpox

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a mpox, antes chamada de varíola dos macacos, como uma emergência de saúde pública global. Os casos da doença estão sob vigilância internacional. O surto atual é causado por uma cepa mais transmissível e letal, que afeta principalmente países da África.


Paciente com feridas causadas pela mpox (Foto: reprodução/Ernesto Benavides/AFP/Getty Images Embed)


A transmissão da mpox ocorre por contato direto com pele ou lesões infectadas, incluindo órgãos genitais e boca, ou por gotículas respiratórias. Também pode ocorrer por mordidas ou arranhões de animais infectados, ou durante a caça, manipulação e consumo de animais contaminados.

Os principais sintomas da mpox incluem febre, dor de cabeça, mal-estar e erupções cutâneas que surgem em qualquer parte do corpo, geralmente resultantes do contato pele a pele com uma pessoa infectada.

A confirmação do diagnóstico é feita por meio de um teste PCR, que detecta o vírus de forma rápida e precisa, semelhante aos testes usados na pandemia de COVID-19.

Porta-voz da UNRWA diz que a morte é certa para milhões de palestinos

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) é uma agência que presta assistência humanitária e seu trabalho tem sido de grande importância para os 2,4 milhões de refugiados que vivem na Faixa de Gaza.

Sua porta-voz, a agente sênior de comunicações Louise Wateridge, disse à Agência France-Presse (AFP) nesta terça-feira (20) que “a morte parece ser a única certeza” para os habitantes da região. Wateridge dá um recorte de um conflito que, desde 2023, já matou cerca de 40 mil pessoas.

Ameaça à segurança

Segundo a AFP, nenhum jornalista internacional tem autorização para adentrar o território por Israel, que lança ataques incessantes para eliminar os integrantes do grupo terrorista Hamas. Os palestinos da Faixa de Gaza foram forçados a se deslocar para fugir dos bombardeios, muitas vezes se abrigando em escolas, que servem como acampamentos improvisados.

“Temos a impressão de que as pessoas estão à espera da morte, que parece ser a única certeza nessa situação“, disse Louise, que acredita que nem mesmo estas instituições estão a salvo de ataques, já que nesta terça 12 pessoas morreram em uma escola. Segundo ela, os refugiados têm a impressão de andar em círculos, que as ordens de deslocamento são constantes.


Os palestinos refugiados são obrigados a deslocar em meio ao conflito Israel-Hamas (Foto: Reprodução/Mahmud Hams/AFP/Getty Images Embed)


Os palestinos relataram à AFP que estão esgotados e não querem mais se deslocar, com alguns denunciando a falta de clareza dos mapas israelenses contendo ordem de evacuação, que esses mapas são lançados de aviões ou disponibilizados pela internet, em um território com falta de eletricidade e com redes de comunicação que não funcionam bem.

Risco de doenças

Além de todas as dificuldades trazidas pela guerra, como desabastecimento e o iminente risco à vida, o povo palestino precisa se preocupar com os riscos à saúde. Louise Wateridge reporta que ratos, escorpiões e baratas levam doenças de um abrigo a outro. Ela destaca que o vírus da poliomielite, erradicado há 25 anos no território, voltou a mazelar a população infantil.

A ONU aguarda autorização de Israel para lidar com a situação e garantir a vacinação para crianças menores de dez anos. A porta-voz ressalta: “há desafios terríveis e sem precedentes em termos de propagação de doenças e higiene, devido, em parte, ao cerco imposto por Israel“.

Mesmo com todos estes desafios, Louise afirma que os habitantes de Gaza esperam por um cessar-fogo. O Egito, Catar e Estados Unidos têm agido como mediadores para a negociação com Israel e realizam nesta semana um novo esforço para conseguir uma trégua com o movimento islamista palestino.

Barco afunda na costa da Mauritânia e cerca de 89 imigrantes morrem afogados

Foi divulgado nesta quinta-feira, (4), pela agência de notícias estatal mauritana um acidente envolvendo uma embarcação de imigrantes com destino a Europa. De acordo com as informações, o barco virou na costa da Mauritânia na segunda-feira (1).

Embarcação na Costa

Cerca de 89 imigrantes morreram após embarcação virar na costa da Mauritânia na última segunda-feira (1). Segundo as informações, a embarcação tinha 170 passageiros e apenas nove pessoas foram resgatadas, incluindo uma menina de 5 anos. Oficiais da Guarda Costeira do país recuperaram os corpos dos indivíduos daqueles a bordo.

A embarcação usada para a travessia da África Ocidental para Europa era apenas um barco de pesca tradicional. O barco virou à 4 km da cidade de Ndiago, sudoeste da Mauritânia.

O barco vinha da fronteira Gâmbia-Senegal há pelo menos seis dias.

Perigosas travessias de imigrantes

Milhares de imigrantes da África Ocidental se arriscam fazendo travessias perigosas no Oceano Atlântico e no Mar Mediterrâneo todos os anos. Com destino a Europa, a maioria dos imigrantes e refugiados enfrentam os perigos dos mares em busca de melhores condições de vida além de empregos e oportunidades.

Segundo relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) neste ano, o processo de travessia pelo Oceano Atlântico é extremamente perigoso em razão da duração da viagem para a Europa. De acordo com eles, “os mirantes muitas vezes ficam presos no mar durante longos períodos em barcos inadequados em áreas do Oceano Atlântico sem operações de resgate dedicadas.


Resgate de imigrantes náufragos pela ONG Open Arms ENG (Foto: reprodução/X/@openarms_found)

Ainda segundo a Organização, o número de mortes de imigrantes inteirado em 2023 superou o de mortos e desaparecidos globalmente no ano recorde anterior de 2016 onde cerca de 8.084 pessoas morreram. As mortes causadas pelas travessias só no ano passado aumentaram 20% em relação a 2022 e tende a piorar com progressões para os próximos anos.

Em 2024 já teve-se notícia de acidentes envolvendo embarcação de imigrantes no início do ano. Em um deles, um barco com mais de 20 migrantes a bordo naufragou no dia 21 de janeiro no Mar Egeu, nas costas gregas.

Segundo a ONU, mundo bateu recorde de deslocados à força em 2023

Segundo anúncio feito pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), nesta quinta-feira (13), o número de pessoas deslocadas a força alcançou um nível recorde de 117, 3 milhões até o fim do ano passado. O relatório adicionou ainda que o número pode aumentar ainda mais durante 2024 com o advento da crise climática.

Crescimento e tendências

O relatório diz respeito a Tendências Globais no Deslocamento e foi publicado pelo ACNUR, onde ressalta o aumento significativo de deslocados forçados anualmente na última década. Acredita-se que essa tendência ao aumento reflete a intensificação de conflitos, perseguições e variadas formas de violência em diversos países do mundo.

A projeção da ACNUR para os primeiros quatro meses de 2024 é que o deslocamento forçado continuou a crescer e, provavelmente, ultrapassou a marca de 120 milhões até o final de abril. Os números são alarmantes e demonstram a necessidade urgente de intervenções políticas globais.


Recorde de pessoas deslocadas à força em 2023 (Vídeo: reprodução/Youtube/CNN Brasil)

Conflitos menos visíveis

Entre os conflitos mencionados no relatório, a guerra no Sudão ganhou destaque como uma das mais catastróficas, apesar de ganhar menos visibilidade da mídia internacional.

Já em Gaza, que ganhou bastante visibilidade e mídia, o deslocamento interno foi de aproximadamente 1,7 milhão de pessoas em meio aos bombardeios e campanha terrestre em Israel, correspondendo a quase 80% da população da região.

O relatório do ACNUR trás o foco dos conflitos para a crise global de deslocamento forçado, tentando enfatizar a necessidade urgente de soluções políticas e/ou humanitários para minimizar a tendência crescente. 

Agora, a comunidade política internacional enfrenta um enorme desafio com o cenário de conflitos e guerras, levando milhões de pessoas a saírem forçadamente de suas casas e países de maneira inesperada e forçada. Com isso, cabe a comunidade internacional cooperação e compromisso para proteger milhões de pessoas vulneráveis.

Hospital em situação precária abriga cerca de 50 mil pessoas em Gaza

Nesta quarta-feira (31), Aurélie Godard, chefe de atividades médicas em Gaza, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), informou que o hospital Al-Shifa, localizado no norte de Gaza, permanece em funcionamento, porém não se encontra numa situação muito funcional.

Mudança de atividades

Godard realizou no dia 22 de janeiro, sua primeira visita ao hospital Al-Shifa, desde que a organização Médicos Sem Fronteiras retirou sua equipe do local em novembro do ano passado. O MSF afirma que pouco a pouco, o hospital foi se transformando em um campo para desalojados, agregando em suas instalações atualmente cerca de 50 mil pessoas.


Entrega de suprimentos ao hospital Al-Shifa em 15/11/2023 (foto: reprodução/crusoe)

Recursos escassos

Ainda segundo a organização, os recursos no local encontram-se escassos, sendo que a falta de combustível é um dos fatores que mais impedem os profissionais de realizarem procedimentos de forma adequada à pessoas que precisam de atenciosos cuidados médicos.

Em média, são necessários diariamente três mil litros de combustível para manter em funcionamento. Felizmente, em sua visita ao local, Aurélie Godard levou consigo um comboio da ONU para entregar 19 mil litros de combustível, que serão utilizados para acionar os geradores de energia das instalações, garantindo assim, o funcionamento do hospital por pouco menos de uma semana.

Há cerca de um mês, Al-Shifa enfrentou outro problema grave de recursos em escassez, no caso a falta água potável e alimentos. Em visita ao local na ocasião, a OMS – Organização Mundial de Saúde – informou a chegada de centenas de feridos e pacientes chegando ao local a todo momento, relatando a aplicação de suturas no chão e alertando, já naquele momento, que a capacidade do hospital para prestar determinados tratamentos é limitada.

Vale lembrar também que há três meses foi realizada pelas tropas israelenses, uma operação para vasculhar o interior de Al-Shifa. Apesar do conflito com soldados durante o cerco ao lado de fora do hospital, os soldados israelenses não enfrentaram embates a partir do momento em que se encontraram dentro das instalações.