Trump mostra imagem do Congo como prova de “genocídio branco” na África do Sul

A agência de notícias internacional Reuters, publicou em suas redes sociais, na data de ontem, quinta-feira (22), informação sobre a imagem utilizada por Donald Trump para denunciar suposto “genocídio branco” na África do Sul. Conforme informou, a foto refere-se a conflitos armados ocorridos na República Democrática do Congo, outro país do continente africano.

A imagem foi retirada de um vídeo reportagem, gravado em fevereiro (2025), pela Reuters, sobre a guerra civil congolesa. Conflito armado entre forças governamentais e o grupo M23, em guerra há mais de uma década e que tem como palco Goma, cidade no leste do país.

Ao lado do presidente sul africano Cyril Ramaphosa, no salão oval da Casa Branca, Donald Trump segura várias imagens impressas para denunciar suposto “Genocídio Branco” ocorridos na África do Sul. Em seu discurso, Donald Trump, ao mostrar a  imagem declara: “Esses são todos fazendeiros brancos que estão sendo enterrados.”


Presidente Donald Trump segurando foto sobre conflito na República Democrática do Congo para denunciar suposto “genocídio branco” na África do Sul (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


Ramaphosa contestou as alegações do presidente americano, informando que não há genocidio de fazendeiros brancos em seu país. Declara, ainda, que a maioria dos homicídios ocorridos são de pessoas negras e que está trabalhando  para melhorar as condições de vida na África do Sul.

Encontro na Casa Branca

Na última quarta-feira (21), o presidente americano Donald Trump se reuniu com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, no salão oval da Casa Branca, em Washington D.C, nos EUA.  Na pauta, o encontro entre os líderes, trataria das relações comerciais entre os dois países. Assunto comentado por Ramaphosa em publicação nas redes sociais, antes do encontro.


Publicação sobre as expectativas sobre o encontro entre Donald Trump e Cyril Ramaphosa (Vídeo: reprodução/X/@CyrilRamaphosa)

No entanto, após os cumprimentos formais, Donald Trump pediu para que seus assessores apagassem as luzes do salão oval para que vídeos sobre suposto genocídio de brancos, ocorridos na África do Sul, fossem apresentados ao presidente sul africano. Em diversos vídeos e fotos, Donald Trump declarou que se tratava da morte de milhares de fazendeiros brancos e que estes sofriam perseguição no país de Ramaphosa devido à cor da pele. 

Em tom de surpresa e constrangimento, o presidente sul africano declarou  que nunca viu os vídeos apresentados e que gostaria de saber em qual local teria acontecido os fatos. Enfatizando que as cenas ocorreram na África do Sul, Donald Trump alegou que fazendeiros brancos estão fugindo do país para não serem mortos e que suas terras estão sendo confiscadas.

Ao entregar as imagens a Cyril Ramaphosa, o presidente americano declarou: “Temos milhares de histórias falando sobre isso, temos documentários e notícias (…) é preciso responder a isso.”

De acordo com a Reuters, a afirmação do presidente americano sobre “genocídio de fazendeiros brancos” baseia-se em uma teoria da conspiração, propagada desde 1994, com o fim do apartheid e que vem ganhando força nas última década. 

Asilo nos EUA para afrikaners

Em 12 de maio (2025), Donald Trump recebeu nos EUA um grupo de 59 sul-africanos brancos, a fim de conceder status de refugiados, sob a alegação de que os fazendeiros estão sofrendo perseguição na África do Sul.  Anteriormente, em fevereiro (2025), fundamentado nessas alegações, Donald Trump assinou uma Ordem executiva, cortando assistência financeira dada ao país sul africano pelos EUA. 


Publicação sobre a chegada de refugiados sul-africanos aos EUA (Foto: reprodução/X/@@statedeptspox)

No encontro com Ramaphosa, na última quarta-feira (21), Donald Trump reafirmou a convicção de que há um genocídio branco no país e que o assunto precisa de maior atenção por parte das autoridades sul-africanas. 

A África do Sul, sofreu por décadas, de 1948 a 1994, segregação racial sob o regime do Apartheid. Regime onde brancos teriam privilégios negados à população negra e à várias minorias étnicas. Direitos como acesso a serviços básicos eram negados além da separação entre áreas habitadas por brancos e por negros. Nelson Mandela foi uma das figuras mais emblemáticas na luta contra o Apartheid, tornando-se presidente da África do Sul de 1994 a 1999.

As declarações de Donald Trump sobre um suposto genocídio branco de fazendeiros tem alimentado debates em âmbito global e gerado crise diplomática entre EUA e África do Sul.


República Democrática do Congo Espera Receber Primeiras Vacinas Contra Mpox em Breve

A República Democrática do Congo (RDC) está prestes a receber suas primeiras doses de vacina contra a mpox, com previsão de chegada até a próxima semana. Esse avanço é resultado do apoio significativo dos Estados Unidos e do Japão para ajudar a controlar o surto da doença, conforme anunciado pelo ministro da Saúde do país nesta segunda-feira.

OMS Reclassifica Mpox como Emergência Global

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revisou recentemente a situação da mpox, elevando-a ao status de emergência global de saúde pública pela segunda vez em dois anos. A decisão foi impulsionada pela expansão do surto da RDC para países vizinhos, o que gerou uma necessidade imediata de resposta. O ministro da Saúde, Samuel Roger Kamba Mulamba, revelou que Japão e EUA se comprometeram a enviar vacinas para a RDC.

“Finalizamos as negociações com a USAID e o governo dos Estados Unidos. Esperamos que as vacinas comecem a chegar até a próxima semana”, afirmou o ministro durante uma coletiva de imprensa.


Enfermeira coletando amostra de criança com Mpox (Foto: reprodução/REUTERS/Arlette Bashizi/www.cnnbrasil.com.br)

Medidas Internacionais para Reduzir Desigualdades na Vacinação

A chegada das vacinas representa um avanço crucial para reduzir a desigualdade na distribuição de imunizantes. Durante o surto global de mpox em 2022, muitos países africanos encontraram dificuldades para obter vacinas, enquanto essas estavam amplamente disponíveis na Europa e nos Estados Unidos.

O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão informou, em comunicado à Reuters, que está organizando o envio de vacinas e agulhas para o Congo em colaboração com a OMS e outros parceiros. De acordo com Masano Tsuzuki, chefe da divisão de controle de doenças infecciosas do Japão, o país está determinado a oferecer o máximo de apoio possível.

A vacina contra a mpox, desenvolvida pela empresa japonesa KM Biologics e pela dinamarquesa Bavarian Nordic, produtora da vacina Jynneos, será enviada ao Congo. O Japão possui um estoque da vacina da KM Biologics.

Atualmente, a vacina não está disponível na RDC nem em outras regiões da África onde a mpox é endêmica há décadas. Esta infecção viral, que provoca lesões com pus e sintomas similares aos da gripe, costuma ser leve, mas pode ter consequências fatais em alguns casos. No Congo, o vírus se apresenta em duas variantes: a endêmica, conhecida como clado I, e uma nova variante, clado Ib. A transmissão ocorre principalmente por contato físico próximo, incluindo relações sexuais, e não há evidências de propagação pelo ar.

Boxeadora da República Democrática do Congo faz protesto contra violência no país

Marcelat Sakobi, boxeadora da República Democrática do Congo, após ser derrotada na Olimpíada de 2024 por Sitora Turdibekova, do Uzbequistão, fez um protesto contra a violência em seu país natal. Essa é a segunda vez que a atleta participa de uma disputa de Jogos Olímpicos.

No gesto feito por Sakobi, a atleta leva uma das mãos à frente da boca e coloca dois dedos na cabeça para representar uma arma. O protesto foi inicialmente feito na Copa Africana das Nações pelo atacante Cédric Bakambu, também da República Democrática do Congo. Durante o hino nacional do Congo, todos os jogadores levaram a mão à boca.


Marcelat Sakobi na luta contra a uzbeque (Foto: Reprodução/TV5Monde)

O gesto utilizado pela atleta durante as Olimpíadas denuncia a violência e o conflito armado que acontece, especialmente no leste do país, há mais de 20 anos. O protesto tem como objetivo buscar visibilidade da mídia internacional para o que acontece no país congolês.

Situação no Congo

A República Democrática do Congo, que fica localizada na África Central, sofre com uma guerra civil há mais de 20 anos, que já tirou a vida de milhões de pessoas. É um conflito armado entre grupos rebeldes e forças armadas que prejudica inocentes no país africano.

O Congo é considerado um dos países mais pobres do mundo. Desde março de 2023, mais de 521 mil pessoas saíram do país em busca de abrigo em outros lugares. A estimativa era que, até o ano passado, cerca de 7 milhões de congoleses vivessem desabrigados. Em 2024, a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou mais 42 mil pessoas sem moradia.

Atualmente, o grupo rebelde que lidera os ataques é a milícia chamada de Movimento 23 de março ou M23. O ataque mais recente do M23 causou a morte de cerca de 270 pessoas.

Os ataques desse grupo rebelde foram intensificados após o governo do Congo não cumprir um acordo feito em 2009. O trato era integrar o grupo M23 ao Exército do país. Como resposta ao desacordo, o grupo rebelde atacou vilas e cidades e, de acordo com Organizações Não Governamentais dos Direitos Humanos, bombardeou áreas civis

A República Democrática do Congo, os Estados Unidos e a ONU acusam a Ruanda, país da África Oriental, de fornecer armas e apoiar o Movimento 23 de março.

Sakobi nas Olimpíadas

É a segunda Olimpíada que a atleta Marcelat Sakobi participa. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020/2021, a congolesa terminou a sua participação em 17 no ranking de boxe na categoria até 57kg.

Na sua participação em Paris, a atleta da República Democrática do Congo perdeu a disputa por 3 a 2 para a uzbeque Sitora Turdibekova após a decisão tomada pelos juízes.