Terremoto de magnitude 6 atinge leste do Afeganistão e deixa centenas de vítimas

Um terremoto de magnitude 6 atingiu o leste do Afeganistão, próximo à fronteira com o Paquistão, no domingo (30), deixando mais de 800 mortos e cerca de 2.800 feridos, segundo Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã.

Epicentro, impactos do terremoto e operações de resgate

O USGS informou que o epicentro do terremoto foi a 27 km de Jalalabad, na província de Nangarhar, com profundidade de 8 km. Especialistas afirmam que tremores rasos, próximos à superfície, provocam mais danos. O abalo ocorreu às 23h47, horário local, e pode ter resultado em centenas de mortes.

Quase 500 mil pessoas possivelmente sentiram tremores de forte a muito forte intensidade, capazes de provocar danos em construções frágeis, de acordo com o USGS.

Mujahid afirmou em sua conta na rede social X que o terremoto causou vítimas e danos em várias províncias do leste do país. Ele acrescentou que autoridades locais e moradores estão concentrados nos esforços de resgate, enquanto equipes de apoio da capital e de regiões vizinhas se dirigem à área, utilizando todos os recursos disponíveis para socorrer os afetados.


Imagens do terremoto que afetou o Afeganistão (Vídeo: reprodução/X/@sputnik_brasil)

Tremores secundários, relatos de moradores e contexto histórico

Cerca de 20 minutos depois do tremor principal, um abalo secundário de magnitude 4,5 atingiu a mesma região, seguido por outro de magnitude 5,2, ambos a 10 km de profundidade, segundo o USGS. O sistema Pager emitiu alerta laranja, indicando risco de vítimas e prejuízos materiais.

O USGS destacou que é provável que haja vítimas e que o desastre possa se expandir, lembrando que situações anteriores com esse nível de alerta exigiram respostas em escala regional ou nacional.

Ahmad Zameer, de 41 anos e morador de Cabul, relatou à CNN que o tremor foi intenso e sacudiu seu bairro, localizado a mais de 160 km do epicentro, levando os moradores dos prédios próximos a correrem para as ruas com medo de ficarem presos.

Em outubro de 2023, um terremoto de magnitude 6,3 atingiu o oeste do Afeganistão, causando mais de 2.000 mortes e se tornando um dos mais letais do país nos últimos anos.

Talibã retoma apedrejamento de mulheres após retorno ao poder no Afeganistão

O Talibã anunciou recentemente a retomada de punições públicas de mulheres, como apedrejamento e açoite até a morte. 

Em entrevista à BBC de Londres, Safia Arefi, diretora da organização afegã Women’s Window of Hope, falou sobre a solidão da mulher no país, que não têm apoio nenhum para se proteger das acusações e punições cruéis do governo, enquanto a comunidade internacional permanece em silêncio das violações dos direitos humanos. Ela também afirmou que o anúncio do retorno das penas condena as mulheres afegãs a reviver os dias sombrios do regime talibã nos anos 1990.


Hibatullah Akhundzada (Foto: reprodução/MOHD RASFAN/AFP via Getty Images embed)


O líder Supremo do Talibã, Hibatullah Akhundzada, se pronunciou ao anunciar a medida, que pode ser vista como uma interpretação da Lei Sharia (conhecida por punições extremamente severas)

 “Vocês podem chamar de violação dos direitos das mulheres o fato de apedrejá-las ou açoitá-las publicamente por cometerem adultério, porque isso entra em conflito com seus princípios democráticos, [Mas] eu represento Alá, e vocês representam Satanás.” Declarou Hibatullah Akhundzada.

Só no ano passado, segundo uma pesquisa do grupo Afghan Witness, 417 açoites e execuções públicas, sendo 57 delas de mulheres, foram realizadas com liberação dos juízes nomeados pelo Talibã, com a justificativa de “combater influências ocidentais”.

A Organização das Nações Unidas (ONU) condena esse tipo de punição.

Direitos femininos

Desde o retorno do grupo ao poder do Afeganistão, os direitos das mulheres vivem em regressão comparado a tudo que foi conquistado nos 20 anos anteriores, onde tropas dos Estados Unidos protegiam o território. Elas já não podem viajar desacompanhadas de um homem ou andar sozinhas. E ao sair, devem estar devidamente vestidas com uma burca, onde apenas os olhos são levemente visíveis, cobertos por uma rede para enxergar, enquanto todas as outras partes do corpo são envolvidas com tecido que não marca nenhuma forma.

Trabalhar e estudar também é impensável para pessoas do sexo feminino, até salões de beleza, espaço de liberdade e socialização foram fechados. Hoje, o índice de suicídio delas é altíssimo, por não visualizarem um caminho para a liberdade. Com dados segregados pelo governo que proíbe pessoas da saúde de divulgar estatísticas recentes, o que se sabe foi vazado pelos próprios profissionais de forma clandestina.