EUA retiram tarifa extra de 40% e aliviam pressão sobre exportações brasileiras

A decisão do governo dos Estados Unidos de retirar a tarifa adicional de 40% sobre produtos agrícolas brasileiros trouxe um novo horizonte para a relação comercial entre os dois países. A medida, anunciada em Washington e com efeito retroativo ao dia 13 de novembro, beneficia diretamente setores como café, frutas, cacau, carnes e derivados, duramente atingidos pelo chamado “tarifaço” aplicado anteriormente por Donald Trump.

Quando o tarifaço começou e agora os EUA voltaram atrás

O chamado “tarifaço” imposto por Trump ao Brasil ganhou repercussão internacional em julho, quando o governo norte-americano anunciou uma taxa total de 50% para diversos produtos brasileiros. A medida era parte de uma política mais ampla de proteção econômica. A resposta do governo brasileiro veio pouco depois, por meio da regulamentação da chamada Lei da Reciprocidade Econômica, que estabeleceu parâmetros para retaliações comerciais em casos de tarifas consideradas abusivas.

A reversão ocorre após semanas de negociações diretas entre Washington e Brasília. Para analistas, o retrocesso não se trata de uma mudança ideológica, mas de uma tentativa de aliviar tensões diplomáticas e evitar retaliações econômicas brasileiras que poderiam afetar setores estratégicos dos EUA.


 

Donald Trump (Vídeo: reprodução/ X / @CNNBrasil)


Durante o período de maior fricção política, a reação internacional também foi intensa. Figuras como Hillary Clinton chegaram a criticar abertamente o tarifaço.

Impacto no agronegócio brasileiro 

Com a retirada da tarifa adicional, articulações dentro do governo brasileiro apontam para uma rápida retomada do fluxo exportador. Setores de frutas, café e proteínas animais devem sentir o alívio imediatamente. Em ocasiões anteriores, a InMagazine já havia noticiado movimentos do governo para mitigar perdas significativas às exportações brasileiras.

Especialistas avaliam que a decisão norte-americana é positiva, mas não encerra o clima de incerteza. Temas como reciprocidade e proteção industrial devem continuar no radar das relações bilaterais. Ainda assim, o recuo dos EUA representa um passo importante para restabelecer previsibilidade ao comércio internacional, e, principalmente, para fortalecer a posição do agronegócio brasileiro no mercado global.

Lula e Trump se reúnem nesta semana na Malásia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem se reunir no próximo domingo (26), na Malásia, segundo informações da agenda oficial do líder brasileiro. O encontro faz parte de uma série de compromissos internacionais voltados ao fortalecimento das relações bilaterais e à discussão de temas globais.

Os dois presidentes estão confirmados para participar do fórum da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), que acontecerá em Kuala Lumpur, capital da Malásia, nos dias 26 e 27. Lula tem previsão de embarcar para o continente asiático nesta terça-feira, onde participará das reuniões e dos encontros programados.

O que esperar do encontro na Malásia

O encontro entre Lula e Donald Trump, previsto para acontecer durante a cúpula da Asean, na Malásia, deve consolidar o clima de reaproximação iniciado após o telefonema amistoso entre os dois líderes. A expectativa é de que a reunião sirva para avançar nas negociações em torno do tarifaço e discutir novas formas de cooperação econômica entre Brasil e Estados Unidos. Além da pauta comercial, temas como meio ambiente, segurança internacional e investimentos bilaterais também devem entrar em debate. A diplomacia brasileira vê o encontro como uma oportunidade de restabelecer a confiança mútua e reposicionar o Brasil em um cenário global cada vez mais estratégico.

A reunião também é vista como um teste de maturidade diplomática para ambos os governos. Enquanto Lula busca reafirmar o papel do Brasil como mediador em um cenário internacional polarizado, Trump tenta demonstrar disposição para o diálogo e abertura a novas parcerias comerciais. A presença dos dois líderes na Malásia deve atrair atenção global, simbolizando não apenas uma tentativa de superar divergências recentes, mas também um movimento estratégico para fortalecer a influência de seus países na Ásia e em outras regiões emergentes.


Detalhes sobre o encontro na Malásia (Vídeo:reprodução/YouTube/@globonews)

A conversa que reacendeu a “química” política entre os dois

A relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump passou por momentos de tensão após o anúncio do chamado tarifaço, quando os Estados Unidos aumentaram as tarifas de importação sobre produtos brasileiros, atingindo setores estratégicos da economia nacional. Diante da medida, Lula reagiu com cautela, afirmando que o Brasil não buscava um conflito comercial, mas que adotaria medidas equivalentes caso as tarifas fossem mantidas. Mesmo com o impasse, o governo brasileiro reforçou a importância de preservar o diálogo e manter abertos os canais diplomáticos com Washington.

No início de outubro, um telefonema entre Lula e Trump marcou uma mudança significativa no tom das relações bilaterais. A conversa, descrita como cordial e produtiva por ambos os lados, durou cerca de meia hora e abriu caminho para a retomada das negociações sobre o tarifaço. O gesto foi bem recebido por diplomatas dos dois países, que consideraram o diálogo um sinal positivo para reconstruir a confiança e reduzir as tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

Diplomacia em foco: Brasil e EUA se reúnem para tratar de tarifaço em Washington

Brasília e Washington voltam a centralizar as atenções do cenário político-econômico internacional nesta quinta-feira (16), com a realização de uma reunião crucial de negociação entre o Brasil e os Estados Unidos. O encontro, que ocorrerá na capital norte-americana, visa discutir as tarifas impostas recentemente pelos EUA sobre uma gama de produtos brasileiros.

A pauta de negociações, confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é liderada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, designado pelo presidente Donald Trump para representar os interesses americanos.

Diplomacia brasileira tenta reverter sobretaxa de Trump

A reunião presencial em Washington concretiza o acerto telefônico da semana anterior entre Vieira e Rubio. A diplomacia brasileira, com o chanceler em Washington desde a véspera e em preparação com técnicos do governo, busca uma solução para a sobretaxa de 50% anunciada por Trump, que atingiu diversas exportações brasileiras. Uma fonte com conhecimento do assunto, falando à Reuters sob anonimato, confirmou o agendamento da cúpula para hoje.

O contexto que envolve a imposição das tarifas é complexo e inclui elementos políticos. Trump justificou a medida citando, entre outros motivos, o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, o qual o líder norte-americano classificou como “caça às bruxas”.


Matéria sobre a primeira reunião para negociar tarifaço (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Lula adota tom pragmático e reforça foco econômico em diálogo

Apesar da polarização política, o presidente Lula buscou sinalizar um foco pragmático nas tratativas comerciais. Durante discurso em cerimônia no Rio de Janeiro, na quarta-feira (15), Lula detalhou a recente conversa telefônica com Trump, mencionando que a questão do ex-presidente Bolsonaro não fez parte do diálogo, que se concentrou em temas da agenda econômica bilateral.

Em tom descontraído, Lula brincou com a declaração de Trump sobre a “excelente química” que teriam tido em um breve encontro na Assembleia-Geral da ONU, ao dizer que na ligação, “não pintou química, pintou uma indústria petroquímica”, destacando a importância da pauta econômica.

A reunião entre Vieira e Rubio testa o nível de aproximação e o canal de diálogo estabelecido entre os dois governos, após um período de tensões comerciais e políticas. A expectativa é que o encontro possa pavimentar o caminho para a suspensão ou, pelo menos, a redução das tarifas adicionais, essenciais para o reequilíbrio das relações comerciais e para o setor exportador brasileiro. O resultado deste diálogo definirá a trajetória da relação bilateral e o futuro das exportações do Brasil para um de seus principais parceiros comerciais.

Tribunal dos EUA classifica tarifas de Trump como ilegais

O Tribunal de Apelações do Circuito Federal, dos Estados Unidos, determinou na última sexta-feira (29) que a maior parcela da recente e agressiva política tributária imposta por Donald Trump a outros países é ilegal. A decisão, apoiada por 7 de 11 juízes, indicados tanto por presidentes democratas quanto republicanos, considerou que a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), mobilizada por Trump como justificativa ao combate do déficit comercial histórico e desindustrialização estadunidense, não permitiria a imposição de tarifas, atribuição que, ao ver do tribunal, é apenas do Congresso.

A medida analisou as tarifas impostas por Trump a China, Canadá e México em fevereiro e a outros países em abril deste ano e não afeta aquelas cujo arcabouço legal não envolve a IEEPA, como as sobre aço e alumínio estrangeiro.

O órgão colegiado determinou que as taxas sejam retiradas até 14 de outubro. O governo americano pode recorrer na Suprema Corte, o que, já declarou Trump, deve ser feito.

Presidente estadunidense critica decisão

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifestou em sua rede social, Truth Social, logo após a publicação da resolução judicial. 

“Hoje, um Tribunal de Apelações altamente partidário disse incorretamente que nossas tarifas deveriam ser retiradas, mas eles sabem que os Estados Unidos da América vencerão no final”, escreveu ele.


Jornal da Band repercute a decisão estadunidense sobre ilegalidades das tarifas estrangeiras impostas por Donald Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)


“Se essa decisão for mantida, ela literalmente destruiria os Estados Unidos da América. No início deste fim de semana do Dia do Trabalho, todos devemos lembrar que as TARIFAS são a melhor ferramenta para ajudar nossos trabalhadores e apoiar empresas que produzem excelentes produtos FEITOS NOS EUA”, prosseguiu.

Futuro é incerto

Trump disse ainda acreditar que a Suprema Corte dos EUA manterá as tarifas impostas por ele, em um movimento que sugere que o governo americano recorrerá a fim de consolidar a validade de suas medidas. 

Posicionamentos passados recentes da Corte Constitucional estadunidense em relação a políticas de grande abrangência que não passam por aprovação do Congresso, no entanto, mostram que a mais alta instância do Judiciário do país não estaria propensa a agir conforme seu presidente espera.


A Suprema Corte Americana, em Washington (Foto: reprodução/Robert Alexander/Getty Images Embed)


Pesa a favor do chefe do Executivo, por outro lado, o fato de que 6 dos 9 atuais membros da Suprema Corte dos EUA foram indicados por presidentes republicanos (três dos quais pelo próprio Trump), contra apenas 3 dos 11 juízes do Tribunal de Apelações do Circuito Federal.

Segundo mandato é marcado por política tarifária agressiva

Tendo iniciado sua segunda gestão presidencial em 20 de janeiro deste ano, Donald Trump anunciou as primeiras de uma série de tarifas comerciais a países estrangeiros em 1 de fevereiro, com taxação de 10% à China e 25% ao Canadá e México. 

Depois, impôs uma taxa de 25% a importações de alumínio e aço de todos os países, um imposto universal de 10% e uma série de “tarifas recíprocas”, como chamou, a diversos países. 

A escalada de tensões, em especial, com a China chegou à prescrição de uma taxa de 145% sobre produtos exportados aos EUA.

Moraes aciona PGR sobre pedido de reforço policial na casa de Bolsonaro

O ministro e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou nesta segunda-feira (25), no prazo de cinco dias, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) reforce o policiamento na casa do ex-presidente e réu Jair Bolsonaro.

No pedido da Polícia Federal (PF), há a solicitação imediata de policiamento ostensivo nas imediações de seu endereço residencial, além da manutenção e checagem constante do sistema de monitoramento eletrônico.

Risco de fuga, pressão internacional e as articulações de Bolsonaro e seus aliados

As informações levantadas pela Polícia Federal sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro buscar refúgio na Embaixada dos Estados Unidos, a poucos minutos de sua residência em Brasília, reforçam a preocupação das autoridades com um eventual pedido de asilo político. O tema ganha ainda mais relevância pelo histórico de proximidade do ex-presidente brasileiro com o norte-americano Donald Trump.


Matéria sobre os desdobramentos da decisão do STF (Vídeo: reprodução/ YouTube/CNN Brasil)

Paralelamente, Bolsonaro, seus familiares e aliados intensificam suas articulações políticas. Enquanto a defesa busca estratégias para conter o avanço das investigações no Supremo Tribunal Federal, aliados atuam nos bastidores para manter apoio político e mobilizar sua base social.

Essas movimentações refletem a tentativa do ex-presidente de preservar sua influência, mesmo em meio a acusações e medidas cautelares. Nesse contexto, Bolsonaro enviou aos Estados Unidos seu filho Eduardo Bolsonaro, que pediu licença de 120 dias de seu mandato na Câmara para articular junto a membros do governo americano uma possível anistia ao pai e aos acusados do golpe de 8 de janeiro.

Como o ‘tarifaço’ se conecta à narrativa de ‘caça às bruxas’

Em uma carta divulgada em 9 de julho, o ex-presidente Donald Trump justificou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, chamando o julgamento de Jair Bolsonaro de “caça às bruxas” e afirmando que deveria acabar imediatamente. A medida afetou itens como café, carne, aço, suco de laranja e mel.

As sanções refletem a tentativa de Trump de pressionar o processo judicial brasileiro e de apoiar Bolsonaro e seus aliados. O governo brasileiro, por sua vez, criticou a ação como uma interferência indevida nos assuntos internos do país. O ex-presidente Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e precisa cumprir medidas cautelares.

Brasil recorre a escritório dos EUA para enfrentar sanções de Trump

Está em fase avançada a negociação para que o governo brasileiro contrate um escritório de advocacia nos Estados Unidos para atuar em defesa do Estado brasileiro e de representantes como o ministro do STF, Alexandre de Moraes, diante das sanções econômicas e pessoais impostas pelos EUA. A negociação está sendo mediada pela Advocacia‑Geral da União (AGU), que coordena esforços jurídicos para reverter tanto o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros como as sanções aplicadas pela Lei Magnitsky Global, que atingem diretamente o ministro Moraes.

A AGU e os contornos jurídicos da ofensiva

A AGU, Advocacia‑Geral da União, é o órgão responsável por representar judicialmente o Estado brasileiro, assessorando e defendendo seus interesses no país e no exterior. Nesse caso, ela busca reverter atos como o tarifaço lançado pela administração Trump, motivado por pressões sobre o julgamento de Bolsonaro, e as sanções da Lei Magnitsky, que visam indivíduos acusados de violação de direitos humanos ou corrupção.

O ministro Alexandre de Moraes foi incluído na lista de sanções do governo norte-americano em 30 de julho de 2025, sob o argumento de que teria promovido “campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias e processos politizados”. A AGU, portanto, articula a defesa para proteger não apenas a imagem institucional do Brasil, mas também a atuação de seus magistrados no exterior.

Sanções, soberania e reação do sistema financeiro

A Lei Magnitsky Global autoriza o governo dos EUA a bloquear bens, negar vistos e impedir transações financeiras com indivíduos considerados responsáveis por abusos de direitos humanos. As sanções contra Moraes incluíram também o cancelamento de vistos do STF e de familiares.


Ministro do STF, Alexandre de Moraes, afetado pela Lei Magnitsky (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images embed)


No Brasil, as consequências reverberaram no sistema financeiro: bancos enfrentam insegurança jurídica ao lidar com normas americanas e nacionais. Enquanto transações em real parecem preservadas, operações envolvendo dólares ou instituições americanas permanecem sob avaliação legal. Ademais, uma decisão do ministro Flávio Dino reforçou que leis e sanções estrangeiras não têm efeito automático no Brasil sem homologação do STF.

Defesa do Estado

Em um momento de tensão diplomática e institucional, essa mobilização jurídica conduzida pela AGU mostra como o Brasil busca equilibrar soberania, credibilidade internacional e proteção de seus agentes públicos frente a sanções que extrapolam fronteiras políticas. O caminho da diplomacia jurídica torna-se, assim, essencial para resguardar prerrogativas e garantir que divergências políticas não se convertam em danos permanentes à democracia e à autonomia brasileira.

Consulado dos EUA chama Alexandre de Moraes de “tóxico” e pede cautela

O Consulado dos Estados Unidos da América publicou em conta oficial na rede X – antigo Twitter – que o ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, é “tóxico” e pediu “máxima cautela” para entidades fora da jurisdição americana.

Consulado americano

Na tarde desta segunda-feira (18), foi publicada uma entrevista do jornal The Washington Post com o ministro Alexandre de Moraes, na qual declarou diversas vezes que não irá recuar das investigações de um possível golpe de Estado, mesmo após Donald Trump ter sancionado a Lei Magnitsky e imposto tarifas ao Brasil.
Acredita-se que a entrevista motivou as publicações de órgãos americanos nas redes sociais, que classificaram o ministro do STF como “tóxico” e afirmaram: “Nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las”.
Além disso, órgãos do governo do presidente Donald Trump voltaram a reforçar que está proibida qualquer relação comercial americana envolvendo o ministro Alexandre de Moraes.


Publicação da embaixada americana sobre Alexandre de Moraes (Reprodução/X/@embaixadaEUA)

Entrevista ao jornal norte-americano

Ainda em entrevista ao Washington Post, o ministro Alexandre de Moraes reafirmou que seguirá com as investigações sobre o possível golpe e afirmou que a relação entre Brasil e EUA foi prejudicada por “falsas narrativas”, citando diversas declarações feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro. Moraes também ressaltou o histórico brasileiro de episódios antidemocráticos, como durante o governo Vargas e o Golpe Militar de 1964, e comentou que pode ser difícil para os norte-americanos entenderem a vulnerabilidade da democracia no Brasil, devido à ausência desses eventos em sua própria história. Segundo ele, “o Brasil passou por vinte anos de ditadura sob Getúlio Vargas, outros vinte anos de regime militar e diversas tentativas de golpe. Quando se enfrenta repetidamente uma ameaça, desenvolve-se resistência e mecanismos de prevenção.”


Ministro do STF Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Maria Isabel Oliveira/OGlobo)

O ministro encerrou a entrevista afirmando que “enquanto houver necessidade, a investigação continuará”. Até o momento, 31 pessoas se tornaram rés no STF, incluindo o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.

Governo Federal apresenta pacote de R$ 30 bilhões em apoio a setores afetados pelo tarifaço

Diante da imposição de uma nova tarifa de 50% por parte do governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governo federal do Brasil anunciou um robusto conjunto de medidas emergenciais. O pacote, denominado Plano Brasil Soberano, busca proteger a economia nacional, especialmente os setores mais dependentes do mercado norte-americano, garantindo a continuidade do desenvolvimento econômico e a preservação de empregos.

As ações estão estruturadas em três pilares principais: fortalecimento do setor produtivo, proteção aos trabalhadores e diplomacia comercial ativa. O plano foi elaborado a partir de um diálogo entre o governo e os principais representantes dos setores mais atingidos, visando não apenas amparar as empresas, mas também salvaguardar os postos de trabalho na indústria e no agronegócio que poderiam ser perdidos.

Apoio Financeiro e Tributário

Um dos pontos centrais da iniciativa é a injeção de R$ 30 bilhões em crédito acessível, proveniente do Fundo Garantidor de Exportações (FGE). Essa linha de financiamento dará prioridade aos setores e empresas mais afetados, especialmente as de pequeno e médio porte, com a condição de que mantenham os empregos.

Além disso, o plano prevê um novo regime de restituição de tributos federais, o Reintegra. Microempresas e pequenas empresas poderão receber até 6% dos valores, enquanto as médias e grandes terão direito a até 3,1%. Essa medida, que visa proteger os exportadores até a implementação da reforma tributária em 2027, é vista pelo governo como uma forma de garantir a sustentabilidade financeira do setor.

Outra medida importante é a extensão do prazo para o regime aduaneiro especial Drawback, que permite a suspensão, isenção ou restituição de impostos sobre insumos importados. As empresas terão até um ano para comprovar a origem dos insumos e obter créditos tributários, tornando seus produtos mais competitivos no mercado internacional, inclusive nos EUA.


Matéria sobre o pacote Plano Brasil Soberano (Vídeo: reprodução/YouTube/O POVO)

Proteção ao Emprego e Diplomacia Comercial

Para proteger os trabalhadores, o governo criará a Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego. O objetivo desse órgão é monitorar os postos de trabalho e atuar em conjunto com câmaras regionais para promover negociações e mediações de conflitos. A ideia é aplicar, quando necessário, mecanismos como lay-off e suspensão temporária de contratos, sempre dentro dos limites legais, garantindo que os empregos sejam mantidos.

No campo diplomático, o presidente enfatizou que as ações não são uma retaliação. Pelo contrário, o Brasil continuará buscando a diversificação de mercados. O Plano Brasil Soberano prevê a intensificação de acordos bilaterais e multilaterais. Negociações com a União Europeia, EFTA, Canadá e Emirados Árabes Unidos estão em andamento, enquanto diálogos com Índia e Vietnã também foram iniciados. Nos últimos três anos, o país já abriu 397 novos mercados, o que demonstra o esforço em reduzir a dependência de grandes parceiros e fortalecer a resiliência da economia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a postura do país é proativa. “Ao invés de ficar chorando o que perdemos, vamos procurar outro lugar”, declarou, indicando que a medida de Trump é vista como uma tentativa de enfraquecer o multilateralismo.

Reações do Mercado

Apesar do otimismo do governo, o pacote gerou discussões no mercado financeiro. Economistas alertam para o impacto fiscal das medidas, especialmente a injeção de R$ 30 bilhões em crédito. O economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares, aponta que o plano pode comprometer a meta fiscal, elevando o déficit primário e contrariando as expectativas de estabilidade para 2025. Outros analistas, como Jeferson Bittencourt, do ASA, destacam a importância de analisar os detalhes do texto legal para entender se as distorções atuais serão corrigidas ou aprofundadas.

De modo geral, o Plano Brasil Soberano é visto como uma resposta abrangente e multifacetada à crise tarifária, combinando apoio financeiro direto, estímulos fiscais e uma robusta estratégia diplomática para proteger a economia brasileira.

Guerra dos chips: EUA vão taxar em 100% semicondutores importados

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quarta-feira (6) uma tarifa de 100% sobre a importação de chips semicondutores. A medida faz parte de uma política de incentivo à produção interna e prevê isenção para empresas que optarem por fabricar em solo americano.

A nova taxação foi anunciada durante um evento da Apple, que também revelou planos para ampliar seus investimentos no setor. A empresa está liderando a criação de uma cadeia de fornecimento de silício totalmente nacional e prevê a produção de mais de 19 milhões de chips para seus produtos em 2025.

O futuro dos semicondutores nos EUA


Os Estados Unidos concentram grandes empresas de tecnologia e buscam autonomia na produção de semicondutores. Taiwan é um grande aliado nessa corrida tecnológica. A empresa Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) já construiu fábricas no país.


A corrida tecnológica entre os Estados Unidos e a China em detalhes (Vídeo: reprodução\YouTube\Folha de São Paulo)

Para impulsionar esse setor, o governo norte-americano está incentivando financeiramente projetos voltados à pesquisa e ao desenvolvimento de chips avançados. A corrida pelo avanço nesse setor é estratégica para áreas como tecnologia, defesa e inteligência artificial.

A disputa asiática

Taiwan produz 90% dos semicondutores do mundo. O contexto geopolítico pelo qual o país asiático está inserido é bem complexo e se arrasta há anos. O território é reivindicado pela China por ser um local estratégico para a economia chinesa e para a disputa da hegemonia da economia mundial contra os Estados Unidos.
Países como Japão, Coreia do Sul, Malásia e Vietnã também estão na corrida para fortalecer a participação nesse mercado promissor. Embora a China tenha a matéria-prima para a produção de semicondutores, Taiwan detém praticamente todo o monopólio e os recursos para a fabricação.

Diante desse cenário, Donald Trump deixou clara a posição dos Estados Unidos em relação ao mercado de semicondutores, que está em ascensão. Atualmente, esse componente é essencial para diversos equipamentos eletrônicos, o que revela uma demanda cada vez mais promissora.

Para o JP Morgan, fim da era Trump não significa o fim das tarifas

O JP Morgan Chase, por meio de seu Centro para Geopolítica, publicou um relatório que sugere um cenário de política comercial nos Estados Unidos bastante diferente daquele que o mercado e os observadores internacionais vinham imaginando. A principal conclusão do estudo é que a política tarifária que caracterizou a era Trump não deve desaparecer com a possível saída do atual presidente. Pelo contrário, ela parece ter se enraizado no cenário político americano, tornando improvável um retorno ao antigo regime de comércio de tarifas baixas.

O documento aponta que as tarifas efetivas sobre importações devem se manter em torno de 22% por um tempo. A justificativa para essa permanência está no consenso crescente entre o espectro político americano de que essas tarifas são uma ferramenta crucial para fortalecer a base industrial do país, especialmente em setores estratégicos considerados essenciais para a segurança nacional. Essa visão compartilhada invalida a ideia de que as tarifas seriam apenas uma tática temporária de barganha política, como muitos no mercado acreditavam.

Política tarifária dos EUA desafia expectativas de reversão pós-Trump

Essa análise contraria a visão otimista de que os recentes acordos comerciais sinalizam uma possível suavização da postura de Washington. O relatório do JP Morgan é enfático ao afirmar que um retorno às políticas pré-Trump seria um erro de avaliação. Mesmo que um novo presidente americano tenha a intenção de reverter a estrutura tarifária atual, ele enfrentaria desafios significativos. A política se tornou tão intrínseca ao pensamento estratégico do país que sua reversão demandaria um esforço político considerável e talvez impraticável.


Matéria sobre a alteração das tarifas de exportação do governo Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/G1)

Adaptação empresarial e custo crescente dificultam retorno ao modelo comercial anterior

Além do desafio político, o tempo também joga contra o retorno ao regime comercial anterior. O relatório sugere que, com o passar dos anos, as empresas terão tempo para se ajustar à nova realidade, recalibrando seus investimentos e cadeias de suprimentos. Esse processo natural de adaptação econômica tornará cada vez mais difícil e custoso reverter as mudanças, cimentando o novo cenário de tarifas elevadas. Um relatório anterior do JP Morgan Chase Institute já havia quantificado o impacto financeiro dessas tarifas, estimando um custo adicional de até US$ 187,7 bilhões para empresas de médio porte, um valor seis vezes maior do que o custo das tarifas vigentes no início de 2025. O Centro para Geopolítica, lançado em maio pelo JP Morgan, tem como objetivo principal auxiliar as empresas a navegar por esses e outros desafios econômicos, oferecendo análises como a que foi publicada.