Redução de procura por vacina da dengue faz estados ampliarem público-alvo

Assim que o Brasil chegou ao número de um milhão de casos de dengue, em dois meses, estados afirmam que houve uma redução da busca de vacinas para a doença. Além disso, alguns estados não seguem a recomendação do Ministério da Saúde de implantar o cronograma de faixa etária para a vacinação e tentam ampliar o público alvo.

Descumprimento do cronograma de vacinas

Segundo apuração do O Globo, os estados do Acre, Mato Grosso do Sul e Goiás foram os que já disponibilizaram para os adolescentes de 14 anos a vacina da dengue, enquanto o Distrito Federal ainda analisa ampliar para o público de 12 anos. 

A ministra da saúde, Nísia Trindade, solicitou aos municípios dos estados, que anteciparam o cronograma, para que não continuem com a ação. Além disso, Nísia, afirmou que a estratégia do governo é manter com a restrição de idade para garantir a possibilidade de uma segunda dose. Durante entrevista, a ministra disse que as cidades que tomam decisões precipitadas e imediatas podem comprometer a vacinação de milhares de crianças e adolescentes. “Se cada município tomar uma decisão descoordenada, a gente pode deixar crianças e adolescentes sem proteção. Todas as nossas ações são decididas por um comitê técnico com especialistas e também há escassez de doses de vacina”, afirmou.


Frascos de vacinas Qdenga, aprovada pela Anvisa (foto: reprodução/ Rogério Vidmantas/ Prefeitura de Dourados/ Agência Brasil)

Estados que descumpriram o cronograma

No Acre, seis das 11 cidades já disponibilizavam vacinas para os adolescentes de 14 anos desde o dia 26 de fevereiro, uma semana após o início da campanha de vacinação. O Globo verificou a última atualização de vacinados da secretaria de saúde do Acre e foi constatado que 770 jovens entre 10 a 11 anos foram vacinados, sendo que a meta seguindo o cronograma seria de 17.810 crianças nessa idade.

Na última sexta-feira (1), 134 cidades de Goiás disponibilizaram vacinas para adolescentes de até 14 anos. O secretário estadual de saúde, Rasível dos Santos, justificou ampliar o público a ser vacinado por conta de uma baixa na procura para vacinar jovens entre 10 a 11 anos e afirmou que foi algo discutido com o Ministério da Saúde. 

A secretaria de saúde do Mato Grosso do Sul também explicou que elevar a idade para vacinar foi a estratégia adotada por causa da baixa procura de vacina da dengue. 

São Paulo registra aumento de casos de dengue com 92 mil confirmações

São Paulo enfrenta surto de dengue em 2024, com mais de 92,6 mil casos confirmados até o momento, conforme dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde. O número representa o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior, evidenciando um aumento alarmante da doença.

Apenas nos últimos 10 dias, o estado registrou mais de 41,4 mil casos. Além disso, foram confirmadas 17 mortes pela doença, enquanto outros 90 óbitos estão sob investigação.

Urgência na Distribuição da Vacina

De acordo com o G1, um óbito já foi confirmado, e outros 19 estão sendo investigados. A cidade concentra 21,6% dos casos registrados no estado. Apesar da gravidade da situação, São Paulo enfrenta dificuldades na distribuição da vacina contra a dengue.

Dos cerca de 500 municípios brasileiros inicialmente selecionados para receber as doses, apenas 11 estão no estado, excluindo a capital. Os municípios paulistas iniciaram a vacinação gradual contra a dengue a partir de 19 de fevereiro.


Governo do Estado de São Paulo se reuniu para definir próximas medidas de combate à dengue (foto: reprodução/governodoestadodesãopaulo)

Medidas preventivas

Para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, é fundamental que a população adote medidas preventivas, como eliminar qualquer reservatório de água parada sem proteção, incluindo caixas d’água e piscinas, pequenos objetos como tampas de garrafa e vasos de planta.

Além disso, pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura, recipientes vazios entregues à limpeza pública, e vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Medidas simples como essas ajudam a evitar a reprodução do mosquito e, consequentemente, a propagação da dengue.

Reconhecimento precoce dos sinais da dengue

O Ministério da Saúde destacou a importância do reconhecimento precoce dos sinais e sintomas da dengue, uma doença febril aguda que pode progredir para formas graves, resultando em complicações sérias e até mesmo óbito.

De acordo com as orientações do Ministério, qualquer pessoa que apresente febre súbita acompanhada por pelo menos duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve buscar imediatamente atendimento médico.

Embora a maioria dos pacientes se recupere, a dengue pode evoluir para formas graves, especialmente em indivíduos com condições preexistentes, mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas com mais de 65 anos, que estão em maior risco de complicações.

Pfizer anuncia novo presidente no Brasil

A Pfizer acaba de anunciar seu mais novo presidente no Brasil, após a saída de Marta Diez, que foi a primeira mulher a ocupar o cargo. Alexandre Gibim assume a posição. Ele tem mais de 30 anos de carreira e já passou por outras multinacionais do setor de saúde, tendo trabalhado em alguns dos maiores mercados farmacêuticos do mundo, como Estados Unidos, China, Canadá e Brasil.

Cargo era ocupado por Marta Diez

Gibim retorna ao Brasil depois de atuar como COO e membro do conselho de biotecnologia Nusano, na Califórnia, Estados Unidos. Ele assume o cargo que era ocupado por Marta Diez desde 2021. Marta agora vai assumir a posição global de assuntos corporativos e políticas públicas da Pfizer.

Experiência ao redor do mundo

Com formação em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e pós-graduação em Vendas e Marketing pela Northwestern University nos Estados Unidos, ele tem experiência em liderar projetos ao redor do mundo. Já trabalhou e liderou em países como Austrália, Japão, Taiwan, Rússia, Índia e Coreia, todos mercados de grande influência global.

Alexandre também ocupou posições de alta liderança na Novartis, como gerente geral de oncologia para China e presidente durante seu período no Brasil, além de ter tido posições de liderança nas farmacêuticas Astellas Pharma e Eli Lilly.


Transporte de vacinas contra a covid-19 responsável por parte dos lucros da Pfizer (Foto: reprodução/X/@pfizer)

Segundo nota emitida pela própria Pfizer, a liderança de Gibim trará grandes inovações ao país, como a futura vacina contra o vírus sincicial respiratório. “O Brasil é um país importante para a companhia mundialmente, e temos muito potencial para aumentar nosso impacto junto à população, trabalhando em conjunto com o governo e com a sociedade para prover mais acesso às inovações na área da saúde”, disse a nota.

Agora, a empresa entra em um momento de transição da liderança, que não deve durar muito tempo, já que a empresa enfrenta uma queda nas receitas devido à menor procura por vacinas da COVID-19 e busca soluções para alavancar sua posição financeira.

Saiba como identificar e prevenir a dengue em período de aumento de casos pelo Brasil

Os casos de dengue no Brasil estão atingindo números preocupantes, com o número ultrapassando a marca de meio milhão, e já tendo 75 mortes confirmadas pela doença. A melhor forma de combater a doença é a prevenção e o conhecimento dos sintomas.

Números preocupantes

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, durante as seis primeiras semanas epidemiológicas do ano foram registrados um total de 512.353 casos. Esse número é alarmante quando comparado ao mesmo período do ano anterior, quando houve um número quatro vezes menor de casos.

A dengue tem duas formas bastante conhecidas: a clássica, mais comum entre os casos, e o tipo mais grave conhecido como dengue hemorrágica. Na forma clássica, o controle é mais fácil com tratamentos já amplamente conhecidos e distribuídos para alívio dos sintomas. Já na forma hemorrágica, requer intervenção médica imediata, monitoramento rigoroso e cuidados intensivos para prevenir casos potencialmente fatais.

Durante os primeiros dias, ambas as formas da doença se assemelham bastante, com a distinção dos sintomas começando a aparecer entre o terceiro e o sétimo dia, momento em que a febre diminui.

Uma possível dica de como identificar a forma mais grave da doença é quando o médico aperta o braço de uma pessoa com um torniquete e surgem pequenas manchas avermelhadas na pele, sendo este um possível sinal de hemorragia.

A hemorragia também pode se manifestar de outras formas, como sangramentos espontâneos na gengiva, boca, nariz, ouvidos ou intestino. Além disso, deve-se estar atento a outros sintomas, como dor abdominal intensa e contínua, náuseas e vômitos persistentes. A dengue hemorrágica é mais rara, mas se não tratada corretamente, pode ser fatal.

Prevenção pode ser a melhor arma

A principal e mais conhecida maneira de prevenir a transmissão da doença é evitar o acúmulo de água em locais como dentro de casa, no quintal, ou em qualquer recipiente com água, pois é nesses lugares onde a fêmea do mosquito deposita seus ovos.


Campanha de vacinação do Ministério da Saúde (reprodução/X/@minsaude)

Outra forma de prevenção é a vacina Qdenga, disponível atualmente no SUS, porém, até o momento, apenas em alguns municípios e apenas para crianças de dez a 14 anos. No entanto, ela pode ser encontrada para uma faixa etária mais ampla no sistema privado.

Usando essas formas de prevenção, é possível diminuir as suas chances e as chances das pessoas ao seu redor de contrair a doença.

Saiba tudo sobre Qdenga, vacina contra a dengue do SUS

Desde janeiro, a vacina contra a dengue está no Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Conhecida como Qdenga, o imunizante já está sendo utilizado em jovens de 10 a 14 anos pelo SUS, tornando o Brasil o primeiro país do mundo a oferecer a vacina no sistema público de saúde. 


Vacina Qdenga aprovada pela Anvisa e disponibilizada no SUS (foto: reprodução/EPTV/G1)

Segundo a Anvisa, Qdenta está sendo considerado eficaz para o público de 4 a 60 anos, pode ser tomada em rede pública ou privada, mas com a alta procura devido ao aumento de casos, algumas clínicas suspenderam a aplicação por falta de doses, já que a prioridade no momento é o SUS. 

É permitido a vacinação de quem já teve a doença ou quem nunca foi infectado pelo vírus. Entretanto, lactantes, gestantes, pessoas alérgicas a algum dos elementos presentes no imunizante e imunossupressores não podem ser vacinados pela Qdenga. 

Proteção garantida pela vacina 

Uma imunização feita por vacina que contém o vírus vivo da doença que foram enfraquecidos em laboratório, para fazer o sistema imunológico do corpo responder de forma rápida caso seja exposto pela doença. No caso da dengue, que possui qautro sorotipos, quando infectado a pessoa fica imune contra aquele em específico, mas sem proteção contra os demais. 

Segundo o fabricante Takeda, a vacina possui eficácia de 80%, contando com todos os sorotipos. Ao serem analisados individualmente, a eficiência varia um pouco. Na dengue tipo 1, após 18 meses da segunda dose, o resultado é de 69,8%. No tipo 2 a taxa teve o melhor resultado com 95,1% e no tipo 3 é de 48,9%. E a dengue tipo 4 a empresa fabricante informou a BBC News Brasil que não possui casos suficientes para serem testados. 

Aumento de casos no Brasil 

Os casos de dengue no país aumentaram progressivamente em 2024. De acordo com informações do Ministério da Saúde, já foram registrados mais de 120 mil possíveis infecções e pelo menos 12 mortes causadas por complicações a dengue. O aumento de casos já está sendo considerado a nova epidemia no Brasil que está relacionado ao aumento da temperatura de 2023 e as chuvas excessivas favorecendo a proliferação do mosquito Aedes aegypti

Cerca de 400 mil casos de dengue são registrados no Brasil, diz ministério

Nesta quarta-feira (7), o Ministério da Saúde, comandado pela ministra Nísia Trindade, divulgou que o Brasil possui 392.724 casos prováveis de dengue. Além disso, 54 mortes pela doença foram confirmadas pelo Ministério. No entanto, outras 273 mortes ainda estão sendo investigadas com intuito de saber se há relação com a dengue.


Nísia Trindade, ministra da Saúde, faz pronunciamento nacional sobre os números da dengue no Brasil.
(foto: reprodução/Matheus Brasil/ Ministério da Saúde)

Minas Gerais é o estado com maior número de casos

De acordo com os dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quarta-feira (7), Minas Gerais é o estado com maior número de diagnósticos, com 135.716 casos de dengue. Na sequência, aparecem São Paulo, com 61.873 casos, o Distrito Federal, com 48.657 ocorrências, o Paraná, com pouco mais de 44 mil casos e, por último, o Rio de Janeiro, com  registro de 28.327 ocorrências. Os dados também mostraram que a maioria dos casos de dengue ocorre em mulheres (54,9%) entre 30 e 39 anos, faixa etária que registra 42.204 casos da doença. 

Além disso, o Ministério também monitorou  dados  que registraram a ocorrência da doença entre 100 mil habitantes, o Distrito Federal então é o estado com maior coeficiente de incidência por 100 mil habitantes, com 1.727,2 casos. Na sequência, aparecem Minas Gerais, com 660,8 casos e o Acre, com 539,1 registros de dengue por 100 mil habitantes. 

Início da distribuição da nova vacina Qdenga

 O novo imunizante contra a dengue produzido pela farmacêutica japonesa Takeda, a vacina Qdenga já foi incorporada no Programa Nacional de Imunização (PNI) e já está sendo distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (7), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, falou sobre o início da vacinação.

Vai nos permitir, em um esforço nacional, ter possibilidade de transferência de tecnologia e mobilizar a capacidade de produção nacional para aumentar rapidamente [o número de doses disponíveis]. Mas isso não se faz da noite para o dia”, declarou a ministra. 

Além disso, Nísia Trindade também declarou que o calendário de distribuição das doses da vacina Qdenga aos municípios já está sendo finalizado. O Distrito Federal, líder em incidência da doença entre 100 mil habitantes, deverá receber 194 mil doses da vacina ainda nesta semana. 

Ministério da Saúde implementa o COE Dengue para combater a crescente epidemia no início de 2024

O Brasil atualmente enfrenta um aumento expressivo de casos registrados de dengue, que em 2023 atingiu atingindo 1.658.816 registros e 1.904 mortes.

Em resposta a essa emergência de saúde pública, o Ministério da Saúde implementou o Centro de Operações de Emergência contra a Dengue (COE Dengue) para monitorar e coordenar ações de combate ao mosquito, bem como para fornecer informações essenciais à população.

O Rio de Janeiro, em particular, enfrenta uma epidemia, adotando medidas rigorosas, como a entrada compulsória em imóveis abandonados, utilização de carros fumacê e a abertura de polos de atendimento.


Ministra da Saúde debate sobre a possibilidade de vacina de fabricação nacional (foto: reprodução/Julia Prado/MS)

Medidas do Ministério da Saúde

O COE Dengue, liderado pela Ministra da Saúde, Nísia Trindade, está intensificando os testes diagnósticos como parte do esforço para conter a disseminação da doença.

Além disso, está previsto o início da vacinação com a Qdenga da Takeda, recentemente incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). As 750 mil doses iniciais serão direcionadas, prioritariamente, a crianças e adolescentes de seis a 16 anos em áreas endêmicas, com a expectativa de mais doses ao longo de 2024 e 2025.

Registros da OMS e implementação no SUS

A dengue tornou-se uma preocupação global, influenciada pelas mudanças climáticas, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) observando um aumento significativo nas taxas de infecção em todo o mundo, destacando o Brasil como um dos países mais afetados.

Frente aos desafios apresentados pelo aumento dos casos, o governo brasileiro já tinha anunciado a inclusão da vacina Qdenga, desenvolvida pela Takeda Pharma, no Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar dos esforços para conter a disseminação da doença, a quantidade limitada de doses e a necessidade de duas aplicações para a imunização completa representam desafios logísticos que precisarão ser superados.

Especialistas em saúde pública destacam a importância de uma abordagem integrada para enfrentar o desafio da dengue, envolvendo pesquisa científica, métodos de controle vetorial, educação pública e cooperação internacional.

Conscientização aos focos e sintomas

Recomenda-se fortemente que, ao apresentar sintomas, a população procure assistência médica, adote medidas de repouso, mantenha uma hidratação adequada e utilize repelentes para evitar a picada do mosquito

A prevenção, por meio da eliminação de criadouros, permanece fundamental para conter a disseminação da dengue e proteger a saúde da população.

Estudo conclui que vacina contra dengue produzida pelo Instituto Butantan tem eficácia de 79,6%

Nesta quarta-feira (31), a revista científica New England Journal of Medicine (NEJM) publicou resultados de uma pesquisa na  qual comprovou a eficácia geral de 79,6% da nova vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.

A taxa de eficácia é semelhante ao novo imunizante produzido em laboratório japonês, Qdenga,  que recentemente entrou para a lista das vacinas que serão ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante japonês registrou 80,2% de eficácia nas pesquisas e será aplicado através de duas doses. Já no  caso da vacina brasileira, nomeada como Butantan-DV,  tem previsão de iniciar sua distribuição a partir de 2025 e sua  aplicação será em dose única. 


Imunizante Butantan-DV está sendo desenvolvido há mais de 10 anos. (foto: Reprodução/Governo de São Paulo)

Pesquisa e desenvolvimento

Liderado por Ésper Kallás e Fernanda Castro Boulos, o novo imunizante brasileiro produzido pelo Instituto Butantan está em desenvolvimento há mais de 10 anos. Com participação de diversas instituições brasileiras e norte-americanas, a vacina é financiada pela farmacêutica alemã Merck, ao lado do Governo Federal e da Fapesp, órgão estadual de fomento à pesquisa do estado de  São Paulo.

Atualmente, as pesquisas para conclusão da vacina estão em período de acompanhamento da terceira fase clínica, ou seja, os pesquisadores estão monitorando a evolução dos voluntários que tiveram contato com o imunizante. Ao todo, mais de 16 mil voluntários de 15 cidades brasileiras participaram desta fase três de testes, etapa na qual se iniciou em 2016 e foi finalizada em 2019. Dessa forma, a previsão é que todos os indivíduos completem cinco anos de acompanhamento neste ano e a etapa de monitoramento seja concluída. 

As etapas anteriores da pesquisa mostraram resultados convincentes aos pesquisadores, durante a fase um de testes, por exemplo, o imunizante do Butantan mostrou que ele induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

Já o teste clínico de fase dois, mostrou que a vacina induziu a produção de anticorpos e de células de defesa em pessoas com ou sem contato prévio com todos os sorotipos da dengue. Portanto, o novo imunizante brasileiro se mostrou altamente eficaz na proteção contra todos os tipos diferentes de vírus que a doença possui. 

Resultados

Dentre os resultados obtidos através das três fases pelas quais a vacina brasileira passou, observou-se uma porcentagem superior de eficácia entre os indivíduos que já tinham tido dengue (89,2%), em relação aos voluntários que nunca tinham tido contato com o vírus (73,6%). Além disso, os estudos mostraram que a Butantan-DV  tem eficácia maior no grupo de e  adultos, entre 18 e 59 anos.

Ainda de acordo com as pesquisas, as reações adversas dos voluntários que tomaram o imunizante foram leves, 36,4% se queixaram de dores de cabeça, 22,5% apresentou vermelhidão corporal e 19,3% sentiu fraqueza muscular. Ao que tudo indica, ainda neste ano se encerrará o período de monitoramento da fase três. Assim, todos os resultados serão analisados por uma comissão independente e só então serão submetidos à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Epidemia de dengue assola o Brasil com mais de 217 mil casos em quatro semanas

O Brasil enfrenta uma preocupante escalada nos casos de dengue, com mais de 217 mil ocorrências registradas nas quatro primeiras semanas de 2024, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (30). O número é mais que o triplo das notificações no mesmo período no ano anterior, totalizando 65.366 casos em 2023.

O painel de monitoramento de arboviroses do governo revela uma situação crítica, com 15 mortes já confirmadas pela doença em 2024, enquanto 149 óbitos ainda estão sob investigação. Em comparação, o ano de 2023 teve 41 mortes registradas no mesmo período.

A dengue é considerada pelo Ministério da Saúde como a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil. Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, a doença apresenta desafios recorrentes para as autoridades de saúde.

Fatores contribuintes para a epidemia

O aumento alarmante de casos é atribuído a diversos fatores. O Ministério da Saúde destaca a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas, possíveis efeitos do El Niño, além do ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.

Em entrevista ao podcast “O Assunto”, Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explicou que epidemias de dengue são normais de tempos em tempos, sendo influenciadas por diversos fatores como o aumento de temperatura, chuvas intensas e a presença do El Niño. Ele alerta que, com o verão, chuvas e ondas de calor, o pico das epidemias é esperado para o final de março e início de abril, indicando uma possível piora no cenário.

Vacinação em foco

Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS) para combater a dengue. Com aplicação prevista para começar em fevereiro deste ano, o governo divulgou a lista das cidades que receberão o imunizante.

Com doses limitadas, o governo optou por vacinar prioritariamente adolescentes de dez a 14 anos, considerados o grupo com maior número de internações pela doença. A escolha inclui municípios de grande porte e com alta transmissão do tipo 2 de dengue, abrangendo também cidades próximas em regiões de saúde.

Qdenga: nova aliada na luta contra a dengue


A imunização contra a dengue está programada para iniciar no mês de fevereiro (Foto: reprodução/O Globo)

A vacina Qdenga (TAK-003), desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, foi aprovada pela Anvisa em março de 2023. Com vírus vivos atenuados da dengue, o imunizante induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus. Administrada em duas doses, com intervalo de três meses, a vacina surge como uma esperança para conter a propagação da doença.

Casos de dengue aumentam no Rio e governo do estado apresenta plano de combate

Nesta sexta-feira (26), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, junto da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apresentaram o Plano Estadual de Combate à Dengue. O estado vive um surto da doença, com 9.963 notificações de suspeitas da doença só nas três primeiras semanas de janeiro. O número cresceu, 587% em relação ao mesmo período do ano passado.

Plano Estadual de Combate à Dengue

Considerando o aumento preocupante de casos confirmados no estado, o governo do Rio de Janeiro lançou um plano com ações diárias de combate à doença, utilizando tecnologia, qualificação e apoio aos municípios. Das nove regiões do estado, oito aparecem com números de infectados acima da média, sendo que os municípios de Resende, Itatiaia e Rio das Ostras apresentaram um aumento significativo de casos nesta semana.

Nas cidades mais afetadas, serão montadas 80 salas de hidratação, com capacidade de atender diariamente, ao todo, até 8 mil pacientes. Outro recurso mobilizado será transformar 160 leitos de nove hospitais para tratamento exclusivo da dengue. Os profissionais da saúde serão capacitados para um diagnóstico mais preciso e com atenção para as gestantes. Tais medidas desembolsaram R$ 3,7 milhões dos cofres públicos até o momento.



Início da vacinação

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina contra a dengue será entregue às unidades de saúde a partir de fevereiro. O Rio de Janeiro será um dos primeiros estados a receber as doses, e o público-alvo serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, que receberão duas doses em um intervalo de três meses.

Foram identificados no estado a circulação dos sorotipos 1 e 2 do vírus. O tipo 4 foi identificado em um caso, mas não é circulante. Já o tipo 3 não é identificado no estado desde 2007, mas está circulando em São Paulo e Minas Gerais. A SES está monitorando os sorotipos em circulação nas estradas que ligam o Rio de Janeiro aos outros estados do sudeste.