Já imaginou ser capaz de criar imagens coloridas usando apenas luz? Cientistas da Faculdade de Dartmouth e da Southern Methodist University descobriram uma forma de fazer isso, utilizando cristais líquidos e luz natural. De acordo com um estudo publicado na revista Nature Chemistry, essa nova tecnologia pode ser usada para criar telas mais eficientes e até marcas d’água super seguras, que dificultam a falsificação.
Cristais líquidos já são conhecidos por estarem em muitos dos nossos eletrônicos, como smartphones e TVs. Eles têm uma característica especial, podem se comportar como líquidos, mas também se organizam de forma parecida com sólidos, o que os torna ótimos para refletir luz. A novidade agora é um interruptor molecular que os cientistas desenvolveram. Esse “interruptor” pode mudar a cor dos cristais ao ser ativado por luz, o que abre caminho para uma série de novas utilidades tecnológicas.
Como funciona essa tecnologia
No centro dessa descoberta está um interruptor molecular criado pelo professor Ivan Aprahamian e sua equipe. Feito de compostos especiais, como triptycene e hidrazonas, esse interruptor pode ser ligado com um simples feixe de luz. Quando isso acontece, as moléculas dos cristais líquidos se reorganizam e começam a refletir cores diferentes.
Para demonstrar como isso funciona, os cientistas até reproduziram obras de arte famosas, como O Grito, de Edvard Munch, e A Noite Estrelada, de Van Gogh, em uma tela feita de cristais líquidos. Usando estênceis e projetores, eles mostraram que é possível “pintar” com luz em vez de tinta, mudando as cores de partes da tela ao expô-las a luzes em diferentes intensidades.
Pinturas como “A monalisa” também podem ser reproduzidas da mesma forma (Foto: reprodução/Marc Piasecki/Getty Images Embed)
O que esperar do futuro
Além de suas já diversas aplicações, como em telas de celulares, TVs e computadores, os cristais líquidos agora apresentam um potencial ainda maior. A nova tecnologia apresentada pelos cientistas permite criar dispositivos que podem ser impressos e apagados facilmente, como telas que podem mudar de imagem sem o uso de energia extra. Isso seria possível graças ao interruptor molecular que responde à luz natural, o que poderia aumentar a eficiência energética desses dispositivos e até torná-los mais sustentáveis.
Outra aplicação revolucionária envolve a segurança, com etiquetas microscópicas que podem ser aplicadas em notas bancárias, ajudando a combater falsificações. Esses cristais podem ser programados para refletir diferentes cores quando expostos à luz, criando marcas d’água invisíveis a olho nu, mas detectáveis com os instrumentos corretos. Isso aumentaria a dificuldade para falsificadores tentarem replicar documentos e dinheiro, tornando-os mais seguros.