Uma equipe de neurobiologistas da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, descobriu que uma privação de sono aguda, como quando uma pessoa “vira” a noite trabalhando ou estudando, pode provocar efeitos antidepressivos. Experimento foi feito em camundongos.
Sobre a pesquisa
O estudo, publicado na revista científica Neuron, foi realizado diante da falta de respostas contundentes a ciência sobre o que uma privação de sono aguda – ou seja, que não é fixa – provoca no cérebro humano. O teste feito em laboratório foi aplicado em camundongos, que foram induzidos a privação do sono. Com uma noite de sono a menos, notou-se que os animais ficaram mais hiperativos e hipersexuais, além de apresentarem uma maior atividade dos neurônios dopaminérgicos (ligados a recompensa). À medida que outros sintomas passavam, o efeito antidepressivo nos camundongos continuava com o passar dos dias.
Cientista segura camundongo de laboratório. (Foto: Reprodução/Freepik)
O caminho da dopamina
Em busca de compreender como funcionam as mudanças comportamentais, o grupo de pesquisadores analisou quatro áreas do cérebro que são responsáveis pela liberação da dopamina. São o córtex pré-frontal, o nucleus accumbens, o hipotálamo e o estriado dorsal, respectivamente, e estão relacionados com a privação do sono, exceto o último. Por fim, foi descoberto que o efeito antidepressivo oriundo da privação do sono só acontece no córtex pré-frontal. A partir da análise individual de neurônios dessa área cerebral, verificou-se sinapses com propriedades plásticas, que eram modificadas em resposta às atividades cerebrais. Quando essas sinapses foram rompidas, o efeito antidepressivo acabou.
Contribuições para a ciência
Os resultados, de acordo com Yevgenia Kozorovitskiy, autora do estudo, são preliminares e não significa que pessoas com depressão devem passar noites sem dormir e deixar de seguir o tratamento prescrito pelo médico. Contudo, ela e seus colegas reforçam que a nova descoberta pode ajudar a compreender as mudanças de humor e também oferecer novas potencialidades para o funcionamento dos antidepressivos.
Foto destaque: Ilustração digital de homem trabalhando em cima da cama. (Reprodução/Pixabay)