Amazônia Legal tem, em média, 45% mais mortes violentas e intencionais

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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Nesta quinta-feira (30), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou: em média, há 45% mais mortes violentas e intencionais na Amazônia Legal do que no resto do país. 

O dado vem do estudo “Cartografias da violência na Amazônia”, e com ele foram apontadas possíveis razões por trás de tal discrepância, como disputas ambientais e o tráfico de drogas.

Os grandes municípios estão vivendo um problema seríssimos de violência,” afirmou Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “As rotas estão sendo controladas pelo narcotráfico em sinergia e de forma simbiótica com as outras modalidades de crime, como garimpo, desmatamento, grilagem e assim por diante.

Foi calculada a porcentagem de 45% comparando 9 estados da região com o restante do país. Somados, os territórios da Amazônia Legal tiveram em 2022 uma taxa de 33,8 mortes violentas e intencionais a cada 100 mil habitantes, enquanto que a média do Brasil inteiro foi registrada como 23,3 mortes desse tipo para cada 100 mil cidadãos.


Taxas de mortes violentas e intencionais, segundo o FBSP

Taxas de mortes violentas e intencionais na Amazônia Legal. (Foto: reprodução/g1/FBSP)


Parâmetros da pesquisa

Para a pesquisa, são importantes duas clarificações. O que é a Amazônia Legal, e o que são consideradas “mortes violentas e intencionais”?

Em primeiro lugar, a Amazônia Legal é uma área que foi delimitada em 1953 por lei federal para facilitar a administração socioeconômica da região. Ela compõe os 9 estados que serviram de objeto da pesquisa: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, e parte do Maranhão.

Em segundo lugar, as mortes violentas e intencionais no estudo do FBSP foram as seguintes: homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, e mortes em decorrência de intervenção policial.

Observações em destaque

Com essa metodologia, observações foram feitas a ponto de chegar ao dado de 45% mais mortes na Amazônia. Outras anotações incluem que:

  • Atualmente, a taxa estadual é menor no Acre (28,6) e o mais perigosa no Amapá (50,6);

  • 15 municípios no Pará e Mato Grosso chegam a taxas elevadíssimas (80+);

  • Foram mapeadas ao menos 22 facções criminosas distintas na região;

  • Dos 772 municípios da Amazônia Legal, 178 possuem presença dessas facções;

  • Os crimes relacionados ao desmatamento cresceram, de 2018 a 2022, em cerca de 85,3%.


Comparação nas taxas mortais entre os estados amazônicos.

Comparação nas taxas mortais entre os estados amazônicos. (Foto:Reprodução/g1/FBSP)


Agravantes do crime

É uma região violenta que, com a chegada do dinâmica nacional do narcotráfico, pelo volume que o narcotráfico significa em termos de dinheiro na região, mudou o patamar da violência,” disse Renato, do FBSP. “Você tem ali 13 conflitos fundiários ao longo do período que a gente está descrevendo, com desmatamento, grilagem [de terra], garimpo [ilegal], crime organizado.

A situação tem sido agravada em anos recentes devido ao fim de um acordo de paz em 2016, quando as facções criminosas de São Paulo e Rio de Janeiro, Primeiro Comando da Capital (PCC), e Comando Vermelho (CV) passaram a disputar os territórios do crime organizado na região amazônica.

Ainda assim, a pesquisa deixa em aberto o espaço para outras razões por trás da violência, afirmando que, “vale mencionar que as circunstâncias desses crimes são desconhecidas e não necessariamente se relacionam com questões territoriais e de crimes ambientais que povoam a Amazônia, podendo ser fruto de conflitos interpessoais, característica comum da violência letal no Brasil.

No entanto, a conclusão principal e de maior probabilidade é que de fato tais fatores são influências consideráveis na situação da Amazônia Legal, e que o seu combate seria um dos mais eficientes vetores para a redução na quantidade de mortes violentas e intencionais que a região tem observado com crescente frequência.

 

Foto Destaque: Assassinatos ocorrem com grave frequência na Amazônia Legal (Reprodução/Globo/Diário do Nordeste)

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