Milei envia carta à Brasília dizendo que não vai aderir ao Brics

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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Chegou na última sexta-feira (22) em Brasília uma carta do novo presidente da Argentina, Javier Milei, cujo conteúdo foi revelado por fontes do governo brasileiro: a negação da entrada do país no Brics, bloco de países emergentes que atua como uma aliança geopolítica.

Algumas decisões tomadas pela gestão anterior (do ex-presidente Alberto Fernández) serão revisadas,” escreveu Milei, não somente ao Brasil, mas também aos outros países integrantes do Brics. “Entre elas, encontra-se a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país (Argentina) no Brics.“, complementou.

No documento, Milei explicita que a adesão não é considerada “oportuna” pela sua nova política. O governo brasileiro, segundo fontes ouvidas pela GloboNews, disseram que se tratou de um posicionamento recebido com “zero surpresa”, uma vez que o presidente da Argentina já havia indicado desde sua campanha eleitoral que não planejava integrar no bloco.


Carta argentina negando convite para aderir ao Brics.

Carta argentina negando convite para aderir ao Brics. (Foto:Reprodução/g1)


Política de Milei

De forma mais explícita, Milei anunciou na campanha para presidente que seu “alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e com Israel. Nós não vamos nos alinhar com comunistas.

Trata-se de uma das facetas da política de Milei, que é considerada em geral libertária, de direita, e desreguladora. Autodenominado “anarcocapitalista,” o líder do partido La Libertad Avanza possui várias propostas polêmicas, como a criminalização do aborto, o fim da educação obrigatória, e a legalização da venda do órgãos humanos.

Em grande parte, as suas medidas ideológicas tem causado fricção com o sistema político argentino, no qual seu partido é minoria tanto no número de deputados quanto de senadores. Entre os decretos mais controvérsos até o momento, estão o Decreto de Necessidade e Urgência (dispensa mais de 5 mil funcionários públicos), a “Lei Ómnibus” (concentra poder no presidente ao decretar estado de emergência), e o Plano Motoserra (cortando vários subsídios, como os de energia e transporte).

O resultado disso é uma elevada crise interna, a qual tem gerado protestos com milhares de pessoas em Buenos Aires. Pela duração do mandato presidencial, a postura ideológica de Milei garante que a Argentina muito provavelmente não integrará no Brics no futuro próximo.


Localização geográfica dos países convidados a integrar no Brics.

Localização geográfica dos países convidados a integrar no Brics. (Foto:Reprodução/Arte g1)


Brics

Atualmente os países que compõem o BRICS são: Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul (South Africa), respectivamente dos quais o bloco deriva cada letra na sigla. No entanto, é possível que essa composição mude em 2024.

Apesar da rejeição da Argentina de Milei, outros países foram convidados à integração no bloco como forma de ampliar sua influência coletiva. Entre eles, estão: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, e Irã.

Os convites foram lançados em agosto desse ano, na última reunião de cúpula em Joanesburgo, e se os países convidados cumprirem certas condições, eles devem passar a integrar no bloco a partir do dia 1º de janeiro de 2024.

Foto Destaque: O presidente argentino, Javier Milei. Reprodução/REUTERS/Agustin Marcarian

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