Na manhã desta segunda-feira (15), a câmara técnica de imunização realizou uma reunião no Ministério da Saúde para discutir estratégias de enfrentamento da dengue no Brasil. Destacou-se a recomendação de priorizar a vacinação contra a doença para pessoas entre seis e 16 anos, residentes em regiões com maior incidência do vírus, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em outubro do ano passado.
A decisão final sobre a faixa etária prioritária será tomada em uma reunião posterior, agendada para a última quinta-feira do mês, com a participação dos secretários estaduais e municipais de Saúde. O diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, expressou a intenção do Ministério da Saúde de acatar a recomendação da OMS e concentrar esforços na faixa etária indicada.
Vacinação ampliada
A vacina escolhida para integrar o Sistema Único de Saúde (SUS) é a Qdenga, conhecida como TAK-003, aprovada pela Anvisa em março do ano passado para uso em pessoas de quatro a 60 anos. Inicialmente sugerida para crianças de quatro anos e adultos de 55 anos, a recomendação da câmara técnica propõe uma abordagem mais ampla, visando a faixa etária entre seis e 16 anos.
Desafios na produção
O primeiro lote da vacina, composto por 460 mil doses, está programado para chegar no próximo mês, com a expectativa de cinco milhões de doses até novembro. A aplicação em larga escala, no entanto, será inicialmente limitada devido à capacidade restrita de produção do laboratório.
A Qdenga exibe eficácia global de 80,2% na prevenção de infecções e taxa de 90,4% na proteção contra casos graves (Foto: reprodução/G1)
Eficácia e custos de produção
A Qdenga demonstrou eficácia geral de 80,2% para evitar infecções e 90,4% para casos graves, segundo resultados de testes clínicos. No mercado privado, o esquema de duas doses da vacina pode variar entre R$ 800 e R$ 1 mil.
Apesar da aprovação pela Anvisa, a Dengvaxia, primeira vacina contra a dengue no Brasil, não foi incorporada ao SUS devido a limitações em seu público-alvo e preocupações com a segurança. A previsão do Ministério da Saúde é de um aumento significativo nos casos em 2024, atingindo cinco milhões, comparado aos 1,6 milhão de 2023. Contudo, a imunização atingirá pouco mais de 1% da população brasileira, cerca de 2,5 milhões de pessoas, devido às limitações na produção.
Hisham Hamida, presidente do Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (Conasems), destaca a importância de critérios para a utilização da vacina diante da oferta limitada, enfatizando a necessidade de fortalecer a produção nacional de vacinas.
Perspectivas para o futuro
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, alerta que não é esperada uma diminuição imediata nos casos. O impacto será regional e pontual, dependendo da estratégia de incorporação, adesão da população e capacidade de produção. Ele reforça a importância contínua das medidas tradicionais de prevenção contra a dengue.
Foto destaque: prioridade de faixa etária foi recomendada pela OMS em outubro do ano anterior (Reprodução/Brasil de Fato)