Corporações médicas assinam documento para manter proibição dos cigarros eletrônicos

Sabrina Cumming Por Sabrina Cumming
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A Associação Médica Brasileira (AMB) e 45 entidades médicas divulgaram, nesta segunda-feira (09), um posicionamento a respeito da liberação, importação, comercialização e propaganda dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes.

A associação é totalmente contrária à liberação dos dispositivos e exigiu uma maior fiscalização do uso. De acordo, também, com o pronunciamento da AMB, a Anvisa deveria manter em vigor a RDC 46/2009, decreto que regula e proíbe o uso, comercialização e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil.

As corporações médicas consideram o vape uma ameaça à saúde pública, pois já é comprovado seus malefícios possuindo substâncias químicas, cancerígenas e o efeito viciante da nicotina presente no cigarro.

Apesar de proibidos desde 2009, os cigarros eletrônicos estão à venda pelo comércio brasileiro. A AMB estima que 650 mil pessoas fumem com esses dispositivos, sendo a maioria jovens.


Cigarro eletrônico e natural lado a lado Reprodução/SES


Estudos feitos durante a última década apontam que os cigarros eletrônicos podem ser piores que o cigarro tradicional. A Sociedade Brasileira de Cardiologia afirma, também, que o cigarro eletrônico pode causar problemas cardiovasculares, como infarto e AVC.

Existe um dispositivo, parece um pen drive, que tem uma concentração muito maior de nicotina do que os outros dispositivos. A quantidade de nicotina faz com que existam uma menor irritação ao inalar o vapor, isso faz com que a pessoa use aquilo várias vezes por dia, então isso leva uma dependência muito maior”, explica o presidente da AMB, Ricardo Meirelles.

Infelizmente, o problema não está somente na nicotina e outras substâncias tóxicas. A bateria e a resistência do cigarro eletrônico usadas para formar o vapor podem soltar metais que acabam inalados pelo usuário, aumentando ainda mais o risco de câncer.

Diferentemente do cigarro convencional, que demora de 20 a 30 anos para manifestar doença no usuário, o cigarro eletrônico tem mostrado essa agressividade em menos tempo”, diz Aristóteles Alencar, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

As doenças causadas pelos dispositivos para fumar possuem até uma denominação em inglês: “evali”. No português, lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico.

No momento está em curso a chamada “tomada pública de subsídios”, onde a Anvisa colhe dados técnicos e científicos relacionados ao tema para reavaliar se muda ou não a regra atual. Esse processo deve levar pelo menos 30 dias.

Para convencer a Anvisa a não mudar de posicionamento, a AMB cita dados do CDC, órgão regulador dos Estados Unidos, que registrou, até janeiro de 2020, 2711 casos de “evali”, com 68 mortes.

Foto em destaque: mulher segurando vapes Reprodução/Kisie Ainoa

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