Câncer pode ser detectado mais de sete anos antes do diagnóstico

Lourdes Carvalho Por Lourdes Carvalho
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Foto destaque: O novo Uk Biobank é o maior projeto de pesquisa baseado em sangue do mundo (Reprodução/Christopher Furlong/Getty Images embed)

No último dia 15, A revista científica Nature Communications publicou um estudo inusitado de pesquisadores da Oxford Population Health. De acordo com essa descoberta, certas proteínas presentes no sangue podem mostrar que casos de câncer podem desenvolver daí a cerca de sete anos.

A técnica “proteômica”

A “proteômica” foi utilizada para realização do estudo. Nessa técnica, os pesquisadores podem analisar um grande conjunto de proteínas em amostras de tecidos de uma única vez, possibilitando perceber a forma da interação entre elas e detectar diferenças importantes delas nas diferentes amostras de tecidos.

Os pesquisadores começaram avaliando amostras de sangue coletadas de mais de 44 mil pessoas, por meio de um banco de informações de saúde britânico, o UK Biobank. Cerca de 4,9 mil desenvolveram câncer posteriormente à coleta.


Banco de Informações de saúde britânico (Reprodução/instagram/@ukbiobank)


Através da proteômica, os cientistas analisaram 1.403 proteínas de cada participante, comparando resultados dos que não tiveram diagnóstico oncológico com os que desenvolveram a comorbidade. Foram identificadas 618 proteínas diferentes nas amostras dos futuros pacientes oncológicos, ligadas a 19 tipos diferentes da doença. Um total de 107 proteínas já podia ser observado cerca de sete anos anteriores ao diagnóstico.

O que tornou ainda mais significativo o estudo foi a constatação de 182 proteínas, três anos antes da confirmação da enfermidade. Essas são, provavelmente, as com maior potencial de se tornarem biomarcadores oficiais para sinalização precoce de tumores, através de um exame de sangue.


UK Biobank Centre (Foto: reprodução/Christopher Furlong/Getty Images embed)


De acordo com os achados, os tipos de câncer mais relacionados às proteínas são o de fígado, o linfoma não Hodgkin, a leucemia, o mieloma múltiplo, o de rim, o de pulmão, o de esôfago, o colorretal, o de estômago, o de mama, o de próstata, o de bexiga, o de cabeça e pescoço e o de cérebro.

Os estudos precisam continuar

Em comunicado, Keren Papier, epidemiologista da Oxford Population Health e primeira autora do estudo, enfatizou a necessidade do aprofundamento dos estudos para descobrir quais proteínas são as mais confiáveis e para criar o protocolo de exames a serem incorporados na prática clínica.

“Para salvar mais vidas do câncer, precisamos entender melhor o que acontece nos estágios iniciais da doença. Os dados de milhares de pessoas com câncer revelaram percepções realmente interessantes sobre como as proteínas em nosso sangue podem afetar o risco de câncer. Agora precisamos estudar essas proteínas em profundidade para ver quais delas podem ser usadas de forma confiável para a prevenção”

Keren Papier

 Iain Foulkes, diretor executivo de Pesquisa e Inovação da Cancer Research UK, destacou a importância de se investir nesses tipos de pesquisas para detecção dos primeiros sinais de alerta da doença. Ainda, segundo ele, as terapias preventivas são o caminho definitivo para longevidade com qualidade, sem temer o câncer.

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