O uso excessivo de bombinha para tratamento da asma pode fazer com que o risco de reações graves à doença aumente. Essa constatação foi publicada por um estudo global chamado SABINA que significa “SABA use IN Asthma” (Uso de SABA na asma). A pesquisa patrocinada pela biofarmacêutica AstraZeneca, analisou dados do Brasil e foi divulgada pelo Jornal Brasileiro de Pneumologia.
A SABA é um tipo de medicamento de curta duração muito prescrito para aliviar os sintomas da asma, fazendo com que os brônquios se dilatem, facilitando assim a entrada de ar no pulmão durante as crises. Essa bombinha não é recomendada para um tratamento a longo prazo, mas a pesquisa revelou que no Brasil ela é receitada em excesso e que isso pode estar piorando o quadro de diversas pessoas que acabam recorrendo a corticosteroides orais, que causam mais efeitos colaterais.
O que diz o estudo
A análise no Brasil foi realizada nas regiões do Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, especificamente em serviços públicos e privados. Foram entrevistados cerca de 218 pacientes asmáticos sobre o uso da bombinha, 80,3% afirmaram que foram receitados com a SABA e terapia de manutenção, utilizando uma média de 11,2 frascos do remédio, nos 12 meses antes da pesquisa.
Criança utilizando bombinha (Foto: reprodução/RainStar/Stock/Getty Images Embeed)
Dos entrevistados, 71,4% receberam uma receita com três ou mais frascos, enquanto 42,2% tiveram disponível de dez ou mais frascos. Também foi descoberto que 49,1% dos pacientes tratados com o inalador apresentaram um aumento de exacerbações da doença, gerando inflamação pela asma, comprovando que o uso descontrolado traz riscos à saúde.
Um dos autores do estudo e professor da Faculdade de Medicina de Goiás, Marcelo Rabahi, declarou que estes dados são preocupantes e mostram um padrão de medicação que não está em conformidade com a literatura médica.
Uso inadequado e solução
Rabahi afirma que isso pode estar relacionado ao uso inadequado da SABA, o inalador não é fabricado para tratar a doença e sim para aliviar rapidamente sintomas. Ele comenta que os profissionais de saúde precisam saber dessa diferença para evitar medicações erradas e agravamento da asma.
Bombinha de asma (Foto: reprodução/Peter Dazeley/Getty Images Embeed)
Outro fator ligado ao caso seria a automedicação, alguns pacientes, por terem dificuldades para conseguir os remédios de controle pelo alto custo ou falta de acesso, recorrem à automedicação com a SABA. Os pesquisadores afirmam que essa não é uma prática a ser seguida e que o Ministério da Saúde oferece os remédios gratuitos.
Em 2019, o Comitê Diretivo da Iniciativa Global pela Asma (GINA) recomendou que fosse utilizado o broncodilatador de corticoide inalatório para tratamento e, em 2020, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia declarou que não usasse SABA com monoterapia no procedimento.
Ambas as recomendações foram feitas para buscar uma solução e diminuir a utilização do medicamento e a piora da asma, especialistas também indicam a inclusão de programas de atualização e educação aos médicos, auxiliando-os a entender os riscos e a como prescrever melhores tratamentos aos asmáticos.