O relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo” da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado nesta quarta-feira (6) apontou que o número de pessoas que são afetadas pela fome no mundo, aumentou para 828 milhões. Isso corresponde a cerca de 150 milhões de pessoas a mais que estão passando fome desde o início da pandemia de Covid-19.
O último relatório também mostra que no Brasil houve um aumento significativo, com mais de 11 milhões de brasileiros sofrendo de insegurança alimentar e nutricional se comparado entre os anos de 2014 e 2016 (3,9 milhões) e 2019 a 2021 (15,4 milhões).
O parecer é uma ação conjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mulheres e crianças são as mais afetadas pela fome no mundo. (Foto: PMA/Tsiory Andriantsoarana)
O documento reúne atualizações sobre a situação da insegurança alimentar e nutricional em todo o mundo, incluindo as últimas estimativas do custo e da acessibilidade de uma alimentação saudável. Além disso, também analisa maneiras pelas quais os governos podem apoiar a agricultura para reduzir os custos de alimentações saudáveis, estando atentos aos recursos públicos limitados disponíveis em muitas partes do mundo.
Além dos dados apresentados, outra situação que chama a atenção é o de que cerca de 2,3 bilhões de pessoas em todo mundo (29,3%) enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa em 2021, o que representa 350 milhões a mais se comparado com o cenário antes da pandemia de coronavírus.
Fome atinge mais mulheres e crianças
A desigualdade que há entre os gêneros na insegurança alimentar, aumentou em 2021. Cerca de 32% das mulheres no mundo enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa em relação a 27,6% dos homens. Outro dado é de que se estima que 45 milhões de crianças menores de cinco anos, sofriam de baixo peso para a estatura (forma mais mortal de má nutrição), o que aumenta o risco de morte de crianças em até 12 vezes.
Outro fator agravante é a falta crônica de nutrientes essenciais na dieta, que mostrou que existem cerca de 149 milhões de crianças menores de cinco anos que não se desenvolveram bem por não terem uma dieta mínima diversificada.
Insegurança alimentar e a crise econômica
É relevante ponderar os efeitos das crises econômicas e da alta dos alimentos, sobretudo após a pandemia, em que quase 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pagar por uma alimentação saudável em 2020. Isso representa em números, cerca de 42 milhões de pessoas que sofreram com os reflexos da inflação no preço dos alimentos.
Ainda de acordo com o relatório, a estimativa é de que aproximadamente 670 milhões de pessoas em todo o mundo, enfrentarão a fome em 2030. O cenário é preocupante, uma vez que mostra que houve pouca ou nenhuma mudança em relação ao ano de 2015, quando foi lançada a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável em que o panorama era o mesmo.
Com informações do Nações Unidas Brasil
Foto destaque: Uma família compartilha uma refeição no Iêmen com alimentos fornecidos pelo Programa Mundial de Alimentos. (Foto: Saleh Hayyan/WFP)