Ozempic: medicamento de diabetes ganha mercado de emagrecimento

Nathália de Melo Por Nathália de Melo
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Foto destaque: Ozempic e seu uso para emagrecimento (Foto: reprodução/freepik)

Ozempic, medicamento originalmente destinado ao tratamento do diabetes tipo 2, tem experimentado um aumento significativo na procura por pessoas que buscam emagrecer. O medicamento, produzido pela Novo Nordisk, teve um aumento discrepante em sua prescrição, cerca de 150% entre dezembro de 2022 e junho de 2023, de acordo com a empresa de soluções de tecnologia de saúde DrFirst.

De acordo com a Mordor Intelligence, empresa de inteligência e consultoria de mercado, a prospecção para 2024 é que o mercado global de Ozempic continue crescendo, alcançando aproximadamente US$ 10,99 bilhões, com um aumento a uma taxa composta anual de mais de 8% até 2029.


Semaglutida o componente inibidor (Foto: reprodução/freepik)

Entenda o medicamento

O Ozempic pertence a uma classe de medicamentos chamados agonistas do receptor do GLP-1 (glucagon-like peptide-1). A composição do Ozempic inclui diversos componentes, mas a semaglutida é o princípio ativo responsável por ajudar a regular a secreção de hormônios como a insulina pelo corpo, ao mesmo tempo que retarda o esvaziamento do estômago e reduz os sinais de fome no cérebro.

Estudos clínicos demonstraram que a semaglutida é eficaz para a perda de peso em pacientes obesos, com perdas médias variando de 9,6% a 17,4% do peso corporal inicial após 68 semanas de tratamento​. No entanto, a semaglutida pode causar alguns efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação e cólicas abdominais. Esses efeitos podem diminuir com o tempo do uso frequente do medicamento.

O pós semaglutida

Em ensaios clínicos, foi observado que a semaglutida é eficaz enquanto administrada regularmente, mas os efeitos, incluindo a perda de peso, não se mantêm após a descontinuação do medicamento. Os pacientes geralmente recuperam parte do peso perdido ao interromper o tratamento .

Alex Miras, professor de medicina clínica da Universidade de Ulster, no Reino Unido, afirma que, no máximo, 10% das pessoas conseguem manter todo o peso perdido. Ele também observa que aquelas que não conseguem manter o peso recuperam a maior parte nos primeiros três a seis meses.


O ganho de peso pode ser tão rapido quanto a perca (Foto: reprodução/freepik)

O alto custo

O Ozempic, vendido por quase US$ 1.000 nos EUA, pode ser produzido por menos de US$ 5 por mês. O ingrediente ativo, semaglutida, custa apenas US$ 0,29 mensais, com a maior parte do custo vindo das canetas descartáveis para injeção. Investigadores da Universidade de Yale, do King’s College Hospital em Londres e da organização Médicos Sem Fronteiras relataram isso na revista JAMA Network Open. 

Melissa Barber, economista de saúde pública em Yale, criticou a margem de lucro alta, dizendo que deveria haver uma discussão política sobre o preço justo. O senador estadunidense Bernie Sanders também solicitou à Novo Nordisk que reduza o preço do medicamento para US$ 155 por mês ou menos.

No Brasil, o preço do Ozempic varia significativamente dependendo da farmácia e da localização. O valor pode variar entre R$ 848,83 e R$ 1.412,60 por caixa, que dependendo da dosagem pode durar um mês.

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