Estudo revela por que algumas pessoas não contraem COVID-19 mesmo após exposição

Carlos Enriki Por Carlos Enriki
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Foto Destaque: Homem realizando teste do Covid-19 (reprodução/Noel Celis/Getty Images Embed)

Durante a pandemia, uma questão que permanecia era o porquê algumas pessoas contraíam o vírus várias vezes, enquanto outras escapavam. Em uma colaboração entre University College London, Wellcome Sanger Institute e Imperial College London, pesquisadores usaram o primeiro “ensaio de desafio” controlado para o COVID-19 no mundo, onde alguns voluntários foram deliberadamente expostos as SARS-CoV-2, vírus causador da COVID-19, para entenderem o processo.

Voluntários expostos ao vírus

Os voluntários estavam saudáveis e não vacinados, e sem um histórico prévio de COVID-19, permitiram serem expostos a uma dose extremamente baixa da cepa original do Covid, por meio de um spray nasal. O monitoramento foi realizado de perto por uma unidade de quarentena, realizando testes regulares e amostras coletadas para estudar a resposta ao vírus em um ambiente altamente controlado e seguro.

Em um estudo mais recente publicado na revista Nature, amostras de tecido do meio do caminho entre o nariz e a garganta, bem como amostra de sangue de 19 voluntariados, foram coletadas antes e após a exposição ao vírus. A análise das amostras foi realizada com tecnologia de sequenciamento de célula única, permitindo um acompanhamento detalhado da evolução da doença no organismo.


Cientistas realizando teste em laboratório (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Kobus Louw)


Resultado da exposição

Os 16 voluntários foram divididos em três grupos, sendo que seis deles contraíram o Covid-19 de forma leve (grupo de infecção sustentada), três apresentaram infecção transitória com testes positivos intermitentes e sintomas limitados (grupo de infecção transitória) e os outros sete permaneceram negativos e sem sintomas (grupo de infecção abortada).

Este estudo forneceu a primeira confirmação de infecção abortada, o que anteriormente era algo que não tinha comprovação. Com o estudo foi descoberto que todos os participantes, independente do grupo, compartilharam algumas respostas imunes especificas. Como por exemplo, nos voluntários transitoriamente infectados foi observado um acúmulo imediato de células imunes no nariz um dia após a infecção. Estas descobertas oferecem novos insights sobre a resposta imunológica e a resistência ao SARS-Cov-2.

Gene protetor

Foi identificado o gene HÇA-DQA2, sendo expresso em níveis mais altos em voluntários que não desenvolveram a infecção, sugerindo que ele possa ser um marcador de proteção. Esta descoberta se torna fundamental para compreender como nossos corpos reagem a novos vírus, especialmente nos primeiros dias de infecção. Esta pode ajudar a identificar pessoas protegidas com a COVID-19 grave e a desenvolver tratamentos e vacinas mais eficazes. Comparando os dados dos indivíduos não expostos com os de vacinados ou infectados naturalmente, a pesquisa visa melhorar a preparação para futuras pandemias.

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