Léa Garcia, de 89 anos, e Emiliano Queiroz, de 86, marcam juntos 140 anos de carreira. Cada um têm 70 anos de experiência nas artes cênicas. E agora estão juntos no espetáculo A Vida Não é Justa. A obra é dirigida por Tinoco Pereira e baseada no livro de Andréa Pachá, que relata sua experiência como juíza de uma Vara de Família.
O ator Emiliano Queiroz, conta que vive um momento único em sua carreira. “Estou muito feliz em participar deste espetáculo. É bastante difícil encontrar bons personagens para um ator da minha idade. É ótimo contracenar com Léa e atores mais jovens, iniciando a carreira“, avalia ele. “O clima dos ensaios era muito gostoso.”
Emiliano Queiroz na peça A Vida Não é Justa. (Foto. Reprodução/Ricado Brajterman)
Aos 14 anos, Emiliano começou no rádio. Pegou carona em um caminhão e foi do Ceará para São Paulo quando tinha 17 anos. Já em São Paulo, fez pequenos papéis em peças com O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Em sua trajetória profissional, o ator conta com mais de 300 personagens. O convite feito pelo produtor teatral Eduardo Barata para participar da peça foi recebido com muita alegria por Emiliano. “Precisava me exercitar. Não gosto de me sentir enferrujado”, afirma o artista.
A atriz Léa interpreta três personagens, uma delas comete adultério virtual. “Me questionei. Afinal, sou uma senhora, mas sou uma atriz. E aceitei fazer a personagem: Molhadinha25”, lembra. Léa é a única atriz brasileira a ter trabalhado em um filme que recebeu um Oscar. Ela é considerada a dama do teatro e da história da dramaturgia brasileira. São mais de 80 trabalhos no cinema, na TV e no teatro. Apesar da vasta experiencia, Léa é humilde ao comentar sobre sua trajetória: “Para nós, cada estreia é uma nova estreia. Sempre tenho impressão de que estou estreando. Tenho alguns prêmios, homenagens, o reconhecimento do nosso trabalho é compensador. Mas o que mais quero é atuar bem, fazer o melhor dentro do possível. Mas minha profissão não me envaidece no sentido de prêmios e elogios. Pode me envaidecer pelo todo. A arte é transformadora, é vida, tem movimento, é politizada. Agradeço muito por estar aqui até hoje, presente, exercendo a arte cênica, principalmente em um momento pandêmico, em que nós, profissionais da Cultura, passamos por um período de muito aperto”, destaca ela.
Léa Garcia na peça A Vida Não é Justa. (Foto. Reprodução/Ricado Brajterman)
A autora diz que como tema central do espetáculo, a Justiça é acionada com a função de resolver conflitos, mas também de lembrar que a felicidade não é um direito, muito menos uma obrigação. A autora ainda comenta que compreender a própria humanidade faz cada ser humano mais responsável pelo seu destino. A peça traz para a reflexão temas como diversidade, igualdade, justiça, respeito, tolerância e conflitos relacionais.
Foto destaque. Emiliano e Léa na peça teatral A Vida Não é Justa. Foto. Reprodução/Veja Rio.