A personagem de Juliana Paes vive uma situação inusitada na série, semelhando-se a uma história de ficção científica. No entanto, essa situação é perfeitamente possível na vida real: gerar filhos gêmeos de pais diferentes.
Na trama, Liana, vivida por Juliana Paes, sonha em ter um filho com seu marido Tomás, vivido pelo ator Vladmir Brichta. Sem saber que estava grávida, ela é estuprada, engravidando novamente, graças ao processo de superfecundação heteroparental. Começa uma gestação gemelar de pais diferentes.
A liberação de óvulos pode acontecer em momentos diferentes de uma mesma janela fértil
Esse tipo de fecundação acontece quando uma mulher libera dois óvulos durante o mesmo ciclo menstrual. Na sequência, ambos são fecundados por espermatozoides de homens diferentes.
Este evento gera gêmeos bivitelinos (não idênticos), cada um com um pai biológico diferente. Embora seja uma condição extremamente rara, a superfecundação heteroparental é possível, uma vez que o esperma pode sobreviver no trato reprodutivo feminino por até cinco dias. Além disso, a liberação de óvulos pode ocorrer em momentos diferentes dentro de uma mesma janela fértil.
Na série “Pedaço de Mim”, a personagem Liana experimenta um turbilhão de emoções ao descobrir que está gestando duas crianças de pais diferentes. A trama explora as implicações emocionais e sociais desta condição, além de levantar questões sobre identidade, paternidade e os possíveis desafios legais que podem surgir em tais situações.
Explicação médica para a superfecundação heteroparental (Reprodução/Instagram/@netflixbrasil)
A ficção reproduz um retrato sensível e detalhado das complexidades de uma situação tão inusitada. Discussões sobre violência sexual, direitos reprodutivos e a biologia da reprodução humana são trazidas à tona também.
Superfecundação heteroparental na vida real
Em 2022, médicos identificaram uma gravidez de gêmeos com pais diferentes em Goiás. A paciente teria se relacionado com dois homens no mesmo dia, o que a levou a engravidar dos dois.
Um outro caso foi documentado na Colômbia em 2021. A mãe, os dois filhos e o pai biológico de uma das crianças fizeram um teste de DNA. O resultado do exame deu probabilidade máxima de paternidade para uma das crianças, mas não para a outra.
Não há riscos adicionais e específicos para a mãe ou para os bebês pelo fato de eles serem de pais diferentes. São os mesmos riscos de uma gestação gemelar padrão.