Segundo uma análise da equipe do site CNN, há pelo menos 4 mil casos da “Varíola dos macacos” considerados suspeitos e que ainda estavam aguardando o diagnóstico. Esse estudo mostrou que há um “represamento” no boletim epidemiológico da doença e que está havendo um colapso na hora das testagens.
Atualmente, no país todo, há apenas oito laboratórios que fazem a análise das amostras coletadas dos doentes e também a testagem além de ser restrita, existe a demora na entrega dos resultados. A CNN apontou que há uma dificuldade na logística na hora de recolher as amostras e que falta no mercado os testes mais específicos para o diagnóstico da doença.
Foto: Vírus da “Monkeypox”/ Reprodução: Revista Pesquisa FAPESP
O Ministério da Saúde foi consultado para entender como está toda essa situação. Eles disseram que na última quarta-feira 17, os representantes deste tema se reuniram com especialistas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para pressioná-los sobre o uso de forma excepcional dos testes que são feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A Fundação entrou com um pedido ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), para que houvesse o registro de dois tipos diferentes de teste que pudessem diagnosticar a doença. Os testes seriam do tipo “RT-PCR”, que tem a classificação como “excelente” na hora dos diagnósticos.
Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime, pode ser que esteja havendo uma falta de estrutura para conduzir a situação do país no combate da doença. “Se considerarmos a situação atual, cerca de 50%, ou seja, por volta de dois mil pacientes não estão tendo um acompanhamento correto e isso pode tanto prejudicá-lo quanto aumentar a transmissão da doença”. Alexandre ainda pontua que o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, foi incoerente em não declarar o Brasil em estado de emergência.
Foto: Pessoa com as bolhas da “Varíola dos macacos”/ Reprodução: Folha do Noroeste
“Foi incoerente por parte do ministro em não declarar logo o estado de emergência, pois se não há como fazer os exames, então está faltando estrutura e essa declaração, ajudaria a nossa situação”, contou. Vale lembrar que, no começo de agosto, Marcelo, disse que o Governo iria aumentar o número de laboratórios especializados no diagnóstico da “Varíola dos macacos”, ou seja, todos os 27 estados brasileiros teriam os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN), mas isso ainda não aconteceu.
Em resposta, o Ministério da Saúde, deu uma nota dizendo que “Não está havendo um colapso na confirmação da doença nos Laboratórios Centrais e de Referência do país”. Também pontuou que os quatro mil casos em investigação, são considerados suspeitos pelos seus estados e ainda aguardam o resultado do laboratório. A nota também mostrou que houve um fortalecimento e a ampliação da capacidade dos LACEN e que isso está ocorrendo desde julho.
Foto Destaque: Amostra de sangue para análise da “Monkeypox”/ Reprodução: Governo Federal