Os cheiros são capazes de influenciar e julgar corretamente as emoções das pessoas. Na pesquisa de mestrado de Matheus Henrique Ferreira, publicado na revista Plos One, pesquisadores detalham sobre como o odor consegue mudar a nossa emoção.
Os cheiros são capazes de influenciar no nosso dia a dia. (Reprodução: Oficina de Ervas)
“Se estou submetida a um cheiro agradável, minha percepção da emoção agradável melhora. O mesmo acontece com os odores desagradáveis, que aprimoram o discernimento de medo e nojo”, explica Mirella Gualtieri, doutora em neurociências e comportamento e professora de psicologia experimental do IP-USP.
A professora também fala sobre como a gente consegue detectar que o cheiro é bom ou ruim ao contrário de cenas que vivenciamos no dia a dia.
“Podemos ser confrontados com muitas cenas visuais e não necessariamente vamos classificá-las como algo que gostamos ou não de ver, mas frequentemente a única coisa que um indivíduo consegue descrever sobre um determinado cheiro é se é gostoso ou ruim”, afirma Gualtieri, que foi orientadora de Matheus Henrique Ferreira.
Na pesquisa de Matheus, ele fez um experimento para avaliar as expressões emocionais em um ambiente com cheiro agradável ou desagradável, mas tem um porém, os participantes não foram informados que o experimento era sobre olfato para não ser uma qualificação simples de cheiro bom ou ruim. 35 pessoas, sendo 20 mulheres e 15 homens foram informados que seria mensurada a rapidez de detectar emoções nas expressões faciais indicadas.
“Não sabiam que tinha um cheiro. Sentavam na frente da tela e, na espuminha do headset que utilizavam, a gente colocava uma quantidade bem mínima de alguma substância [ácido butírico, com odor de manteiga rançosa; acetato de isoamila, odor forte similar ao de banana; ou capim-limão]. O participante fazia toda a sessão experimental, identificava as emoções, a gente via a taxa de acerto e os tempos de reação”, diz Gualtieri.
Depois de concluído o experimento, a equipe explicava que o objetivo era verificar se o cheiro estava chegando ao nariz junto com o julgamento da emoção e se afetava na opinião dos participantes, que em seguida, mostrava se gostaram ou não do cheiro.
“Embora estudos anteriores tenham destacado o papel da valência hedônica dos cheiros no processamento emocional de estímulos visuais, existem vários outros fatores que possivelmente estão envolvidos. Este estudo demonstra que há um efeito bilateral importante envolvido entre os estímulos olfativos e visuais. Foi possível verificar que os cheiros influenciam na identificação de expressões faciais, assim como elas influenciam a reação emocional ao odor também”, comentou Patricia Renovato Tobo, gerente científica da Natura Inovação e Tecnologia de Produtos e coautora do artigo.
Foto destaque: Mulher sentindo o cheiro das flores. Reprodução: Depositphotos