Ocorreu neste domingo, 28, o primeiro debate presidencial transmitido pela emissora Band. O debate foi divido em três blocos principais, além da apresentação e consideração final dos candidatos.
A sequência de discursos foi iniciada por comentários dos candidatos, dando a oportunidade para que os mesmos mostrassem seus cartões de visita, e apresentarem sua imagem para o eleitorado.
O ponto de partida do debate foi a questão da relação entre os Três Poderes e como os candidatos enxergam isso, envolvendo parcialidade, interferência e coexistência dos poderes.
“Nós vamos pacificar o Brasil”, é assim que Simone Tebet, candidata do MDB, entregou sua candidatura aos espectadores e imprensa do debate do último domingo; a candidata reforçou a ideia de que o centro democrático apresenta candidatura que respeita a constituição dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Tebet também apontou o atual governo como carente em respeito a liberdade de expressão.
Logo após, o atual presidente e candidato Jair Bolsonaro, iniciou seu discurso com a frase “abalei a harmonia”, fazendo alusão ao discurso de Tebet, que por sua vez, afirmou que o atual governo, encabeçado por Bolsonaro foi responsável por abalar a harmonia dos Três Poderes. O atual presidente mostrou-se crítico ao Supremo Tribunal Federal (STF), e acredita que o órgão tem como objetivo interferir no Executivo.
O próximo tópico abordado foi o retrato da educação no Brasil e como está negativo, levando em conta a pandemia. A questão levantada foi: Qual o plano para fazer com que o Ministério da Educação resgate a educação pós pandemia?
O ex-presidente e candidato do PT, Lula, é firme ao dizer que é necessário realizar convocação de governantes e líderes políticos para fazer pacto a favor da “guerra contra atraso educacional”, em sequência o candidato criticou o corte na educação realizado na atual gestão, e finaliza dizendo que a educação no Brasil foi abandonada, e que é necessário resgatá-la.
Ciro Gomes, candidato do PTD, expôs em seu discurso que os problemas no país “nasceram desde antes”, e disse que esses problemas são projetos de governo. Em relação à educação, Ciro acredita na mudança pedagógica e na reestruturação do financiamento da área de educação.
Com isso, é iniciado o primeiro bloco do debate; nesta rodada, os candidatos faziam as perguntas uns para os outros.
Bolsonaro começa a rodada falando sobre corrupção e cita a Petrobrás, após isso, o candidato pergunta como Lula planeja ser presidente novamente, levando em consideração a corrupção vivida em seu governo.
Após breve momento de troca de farpas, Lula tem a palavra e responde à pergunta citando logros de sua gestão, como o desenvolvimento do Portal da Transparência e a Lei da Lavagem de Dinheiro.
Em resposta a: “Sim, seu governo foi o mais corrupto da história do Brasil”, fala de Bolsonaro, Lula leva ao debate discurso de avanços que ocorreram em seus anos como presidente; “Maior geração de emprego, maior investimento na agricultura familiar (…) Governo que fez mais investimentos (…) Acordo com a Alemanha e a Noruega para a preservação da Amazônia (…) O meu governo deveria ser conhecido exatamente por isso.”, disse o candidato do PT, que antes de finalizar, criticou Bolsonaro por usar números incorretos: “Ele adora falar de números que não existem.”
Seguindo a dinâmica do debate, Ciro Gomes faz pergunta para Bolsonaro.
O candidato do PDT citou fala recente de Bolsonaro a respeito da fome, e diz que a fome é presente na realidade de grande parte do povo brasileiro, Feito isso, Ciro pergunta: “O senhor não teme que isso seja interpretado como conivência?”
O atual presidente se mostrou despreocupado e rebateu: “o pessoal de casa interpreta como quiser.” Seguido de afirmação de que em seu tempo como presidente, o Governo atendeu os mais necessitados, através da bolsa auxílio e seu reajuste.
A contestação entre os dois segue por mais uns segundos restantes, sendo encabeçada por Ciro voltando a frisar a questão da fome do Brasil.
A próxima pergunta foi feita por Felipe d’Avila, candidato do partido Novo, que foi representado por João Amoedo na corrida presidencial em 2018.
A pergunta consistia em: “o que fazer para acabar com o descalabro na educação? E o que fazer para ter educação de qualidade?”
Ciro, que foi o candidato escolhido para responder a pergunta, volta a falar da reformulação pedagógica, se mostrando favorável à mudança de padrão de ensino, levando em consideração o mundo digital; o reajuste no financiamento também foi um ponto levantado pelo candidato em sua resposta.
Em sequência, Soraya Thronicke, candidata pelo União Brasil, perguntou para Simone Tebet o que seria feito para melhorar o atendimento do SUS, levando em consideração suas falhas, especialmente em cenário pós-pandêmico.
Tebet criticou a gestão do presidente Jair Bolsonaro e citou “escândalo de corrupção na compra de vacinas”. É interessante ressaltar que Tebet teve participação na CPI da Covid, sendo responsável por denúncia. A candidata do MDB diz que seu governo deve “priorizar o atendimento” e atualizar tabela, referindo-se ao SUS.
Em réplica, Soraya disse que a proposta de seu mandato seria “usar a capacidade da iniciativa privada para agilizar o atendimento das pessoas.”
O ex-presidente Lula, escolheu Felipe d’Avila para responder a pergunta voltada ao meio ambiente; o candidato do Partido dos Trabalhadores questionou “qual é a proposta para resolver a questão ambiental?”, especialmente após o rompimento do acordo entre o Brasil com a Alemanha e Noruega que visava preservar a Amazônia.
A pauta central do candidato do Novo, é o projeto Carbono Zero, além da intenção de plantar árvores em solo degradado. Sua posição é favorável ao agronegócio e ele faz questão de reforçar isso em seu discurso, a fala “o agro do Brasil é o mais sustentável do mundo” seguiu sua trajetória da noite de debate.
O debate acerca do meio ambiente rendeu certo desconforto necessário para a fluidez da contestação; Lula apontou a necessidade de fazer o país ser respeitado a nível mundial, feito que não foi alcançado em governo atual, d’Avila por outro lado, usou seu tempo restante para dizer que o Mercado vai ajudar o brasileiro.
Iniciativa privada foi um dos tópicos estrela entre candidatos presentes no debate, possuindo defesa, comentário e réplica.
(FIM DO PRIMEIRO BLOCO)
Gráfico aponta os temas mais procurados no primeiro bloco. foto: reprodução/Band.
Segundo bloco é então iniciado, e tem foco nas perguntas elaboradas por jornalistas.
A primeira pergunta do bloco foi direcionada para Bolsonaro e Lula. O foco foi “de onde sairá o dinheiro para os auxílios?”
Bolsonaro defendeu seu governo, e disse que “no momento o Auxílio Brasil é de 600 reais, vamos manter até o ano que vem (…)”. O atual presidente completou dizendo que o valor oferecido “se aproxima do necessário pra pessoa viver”
“Como conseguir dinheiro pro auxílio? não roubando, não metendo a mão no dinheiro do povo”, disse ele se referindo ao candidato do PT, que logo em seguida questionou dados comentados pelo atual presidente, afirmando que ele “inventa números que nem ele acredita”; em relação ao Auxílio Brasil, Lula apontou que a manutenção dos 600 reais, que foi comentada por Bolsonaro, não está registrada no LDO. Bolsonaro desmente a fala e diz que o concorrente está “preocupado com votos.”
O confronto em debate entre o ex-presidente Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro era esperado desde as eleições de 2018, o debate transmitido na Band pode ser visto como um momento de alta importância por reunir a expectativa.
O próximo ponto que foi levantado foi a respeito da cobertura vacinal e o que fazer com a desinformação em torno das vacinas, que sofre influência do governo atual para o candidato do PDT, Ciro Gomes, que usou sua gestão no Ceará como exemplo a ser seguido em nível nacional.
Jair Bolsonaro que tinha a possibilidade de comentar a pergunta, diz que a jornalista Magalhães, responsável pela pergunta, é uma vergonha pro jornalismo e a acusa de ser conivente de ações conspiratórias contra ele mesmo.
Em seguida, Bolsonaro diz não se trata de a jornalista ser mulher, e dispara: “não venha com a historinha de atacar mulher não.”
Ciro se recompõe do riso causado pela comoção causada pelo concorrente, e afirma querer reconciliar o Brasil; o candidato também aproveitou para dizer que não quer persistir no nível de agressividade.
A próxima questão levanta o ponto da vontade de unir a esquerda, mas pontua a falta de linearidade entre Lula e Ciro. O que fazer, já que um precisará do apoio um do outro pro segundo turno, se houver.
O clima entre os candidatos neste momento é ameno, e Lula se mostra favorável ao possível apoio de Ciro e seu partido futuramente na corrida presidencial. Ciro por sua vez, fala da necessidade de separar o pessoal do político, critica o PT ao compará-lo com o governo de FHC, e questiona fidelidade política de Lula.
Tebet e Soraya são para as próximas candidatas a ter pergunta feita por jornalista, o questionamento foi em torno do feminismo, fala polêmica de Soraya e a opinião de Tebet sobre isso.
“Ser feminista é defender os direitos das mulheres (…) Política é essência da vivência da democracia”, declara a candidata do MDB.
Soraya se defende a respeito de seu comentário feito para o Programa Pânico da Jovem Pan e diz que “não era a intenção”.
O tema “religião” foi colocado em foco, e dessa vez Soraya responderia e d’Avila comentaria.
“Como garantir o estado laico?”
“Liberdade religiosa para todos nós”, diz candidata, que em seguida aponta a manipulação do governo Bolsonaro e o critica por usar nome de Deus na política.
Felipe d’Avila também se mostra crítico ao atual governo e o uso do dinheiro público; o candidato aproveita pra declarar que “o agronegócio é um exemplo para o Brasil” e que deve ser valorizado.
(FIM DO SEGUNDO BLOCO)
Grafico aponta os temas mais procurados no segundo bloco. Foto: Reprodução/Band.
No terceiro bloco do debate, os candidatos puderam fazer perguntas diretas uns para os outros; Tebet iniciou a rodada fazendo pergunta para Bolsonaro.
A candidata questiona posição de misógina do presidente, e se usa como exemplo, após viver violência política por parte de seus ministros; a candidata questiona a raiva do presidente para com mulheres.
“Me acusa sem provas (…) “eu fui o governo que mais defendeu mulheres”, o candidato chama de a fala de Tebet de “discurso barato”, saúda a primeira-dama e completa dizendo que defende a família.
Tebet se mantém firme na crítica ao governo Bolsonaro e diz que seu governo será um governo de amor.
A candidata Soraya comenta inflação e desemprego, e pergunta como o governo Lula melhoraria o poder de compra.
Lula usa os seus mandatos como exemplo de crescimento e melhoria da vida do pobre, insistindo na possiblidade de trazer o Brasil de volta aos eixos, distanciando-o da atual gestão.
Ciro Gomes coloca o questionamento de aumento de imposto e pergunta sobre o ponto de vista de d’Avila, que crítica o gigantismo do estado e o roubo das estatais. Defende a iniciativa privada mais uma vez e diz que ela é resposta pra melhoria do país.
Bolsonaro escolhe Ciro para a próxima pergunta, que se trata da defesa da mulher; Ciro diz que Bolsonaro faz as pessoas desconsiderarem suas políticas por descaso que o mesmo tem com a pauta.
comenta que o pouco que o governo Bolsonaro fez não é o razoável.
Os candidatos trocam farpas por falas machistas feitas por ambos.
Ciro diz que Bolsonaro não tem coração e aponta falta de seriedade do candidato.
Lula aproveita o gancho e pergunta para Tebet se houve corrupção durante a o processo de compra das vacinas para a Covid-19.
“O que se explica pra sociedade sobre um presidente que brinca com a morte? (…)”
“Saí totalmente indignada”, diz Tebet em relação à insensibilidade do governo, posteriormente
“houve corrupção e tentativa de comprar vacinas superfaturadas (…) tentaram pagar antecipadamente 45 milhões de dólares por uma vacina sem comprovação científica”, completa a candidata.
A candidata aproveitou para se mostrar contraria a Lula e Bolsonaro, e disse que corrupção é algo que acontece como herança política no país, e que não é exclusivamente algo do governo atual.
Bolsonaro replica Lula, após ter pedido de resposta concebido; o candidato usa o tempo para se defender e diz ser vítima de Fake News e mentiras.
Voltando ao segmento de perguntas, Felipe d’Avila se dirige à Soraya e questiona a retirada de dinheiro público para campanha política.
A candidata defende o fundo eleitoral e diz que o Brasil deveria adotar a cultura de doar, ela também fala da importância em financiar a democracia e comenta: “Estou vendo a dificuldade das mulheres em financiar suas campanhas”.
Soraya diz que lutará contra o coronelismo dentro dos partidos, e critica campanhas eleitorais de Bolsonaro e Lula.
O candidato do Novo diz que é possível fazer campanha barata sem fundo eleitoral, que segundo ele, é uma “arma de perpetuação da oligarquia política”.
Como divisão de direção no debate, jornalistas elaboram perguntas para candidatos a respeito de planos de governo.
- Tópico: Armamento. O que irão fazer no decreto?
Ciro é firme ao dizer que “arma é pra matar (…) Sou homem da paz, vou instrumentalizar a polícia pra enfrentar o contrabando de armas.”
Soraya por outro lado diz ser a favor da autodefesa e da possibilidade de ter uma arma, mas culpa a segurança pública que está sucateada, segundo a candidata; seu objetivo é investir e dar autonomia para a Polícia Federal.
Bolsonaro pediu permissão pra comentar, mas foi negado.
- Tópico: Mulheres no Ministério. O número entre mulheres e homens será equilibrado em pelo menos 50%?
Lula diz que planeja colocar pessoas capacitadas nos cargos, mas que não pode assumir compromisso de forma numérica.
Já Simone Tebet diz que seu ministério será paritário entre mulheres e homens, e se compromete em não colocar pessoas envolvidas em escândalos de corrupção em seu governo.
- Tópico: Corte de orçamento nas políticas públicas voltadas as mulheres.
Felipe d’Avila acredita na importância em replicar boas experiencias existentes, e se mostrou desfavorável ao desenvolvimento de novas leis.
Bolsonaro nega os dados de corte de orçamento e diz que o número de violência contra a mulher e feminicídio diminuiu. “Estamos no caminho certo”, segundo ele. “O meu governo mostrou que os números de mulheres vítimas de assassinato diminuíram.”, finalizou o candidato.
Gráfico aponta o interesse do eleitorado por candidatos em buscas online no final do debate. Foto: Reprodução/Band.
Na reta final do debate, os candidatos tiveram a oportunidade de fazer considerações finais e reforçar o que disseram no início da noite;
Ciro começou dizendo que a sua “luta é contra modelo econômico.”
Pede oportunidade pra mudar modelo de mudança política. E finaliza dizendo que corrupção é prostração moral.
Lula mostra solidariedade a jornalista Vera Magalhães e a candidata Simone Tebet. Comenta os sucessos do governo PT e reafirma que é capaz de trazer crescimento do país.
Bolsonaro começa com o bordão “Deus, pátria, família e liberdade” Faz forte crítica ao candidato Lula e seu apoio a políticas internacionais. Reforça ideia de família e diz apoiar e acreditar na propriedade privada.
Simone Tebet se coloca como opção a ser observada pelo eleitorado, ao dizer que o Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro, pede para que as mulheres a considerem como sua candidata, e promete emprego, usando seu histórico como prefeita.
Lula responde Bolsonaro, após ter pedido de réplica autorizado, o ex-presidente aponta a irresponsabilidade de seu concorrente ao chamá-lo de presidiário e se reafirma como ficha limpa. O candidato do PT se mostra determinado a ganhar as eleições, e quer desfazer o dano feito no governo Bolsonaro.
Soraya gradece o partido União Brasil e ao seu vice-presidente; a candidata mais uma vez comenta seu desejo em diminuir imposto, e cancelar INSS para quem recebe até 5 salários-mínimos.
d’Avila fala do projeto de país que deseja, que envolve tirar poder do Estado. E defende mais uma vez a iniciativa privada.
Com isso, o debate se encerra. O próximo debate presidencial será feito pela TV Aparecida (13/09), porem aguarda confirmação, após isso, terá debate no SBT (24/09), e por fim na TV Globo (29/09).
Foto em Destaque: Foto de divulgação do debate na Band. Foto: Reprodução/Band.Uol