Ipespe aponta que sete em cada dez beneficiários do Auxílio Brasil não querem crédito consignado

Beatriz Lacerda Por Beatriz Lacerda
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Uma das apostas de Jair Bolsonaro (PL) é atrair os votos dos mais pobres, e a proposta de conceder crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil não interessou 69% dos atendidos pelo programa. De acordo com pesquisa do Ipespe divulgada nesta quarta-feira, apenas 18% dos beneficiários disseram que pretendem fazer um empréstimo ou que sua família deveria fazê-lo. Outros 13% não souberam ou não responderam à pergunta.

Bolsonaro é agora o segundo na corrida presidencial atrás de Luis Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o Ipespe, a maior desvantagem do atual presidente em relação ao PT são os eleitores de baixa renda, com 29% dizendo apoiar Bolsonaro e 51% dizendo que votaram em Lula.


Foto: Bolsonaro em entrega simbólica do cartão do Auxílio Brasil, que desde 9 de agosto paga R$ 600 a beneficiários (Reprodução/Isac Nóbrega/PR)


A população que ganha menos de dois salários mínimos por mês inclui 20,2 milhões de beneficiários do Auxílio Brasil, programa criado por Bolsonaro para substituir o Bolsa Família. O governo estendeu o pagamento dos benefícios até o final do ano e aumentou em 200 reais o valor médio pago aos assinantes, mas a medida teve pouco impacto nas intenções de voto de Bolsonaro.

A regulamentação do crédito consignado público se soma a uma série de ações voltadas para esse segmento de eleitores. O governo vai permitir que instituições financeiras emprestem até 2 mil reais para quem recebe o Auxílio Brasil, com desconto de até 40% no pagamento uma vez na conta do beneficiário. A proposta foi criticada por potencialmente aumentar a dívida das famílias pobres.

Conforme o Ipespe, 63% dos beneficiados disseram ter sido informados sobre o desembolso desses créditos, enquanto 37% disseram desconhecer.

Ao analisar as intenções de voto dos mais pobres, o desempenho de Bolsonaro no primeiro turno melhorou um pouco. Vinte e nove por cento agora dizem apoiar a reeleição do presidente, ante 28 por cento em julho, antes de Auxílio Brasil ganhar novo valor. Em abril, 25% anunciaram seu voto no candidato do PL.

Parte da razão pela qual Bolsonaro tem sido lento entre os mais vulneráveis ​​é a percepção de que o presidente pretende aumentar a ajuda do Brasil. Uma pesquisa da Genial/Quaest divulgada na quarta-feira descobriu que 63% acreditam que a medida foi projetada para “ajudar” o atual presidente-executivo a ser reeleito. A pesquisa Ipespe, encomendada pela XP, ouviu 2 mil eleitores entre os dias 26 e 29 de agosto. Desse grupo, 18% disseram que receberam ou receberão pagamentos do Auxílio Brasil, ou moram com beneficiários do programa. O estudo tem uma margem de erro geral de 2,2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95,5%. A votação é registrada na Justiça Eleitoral sob o código BR-04347/2022.

Foto destaque: Aplicativo de Empréstimo Consignado da Caixa (Repeodução/Divulgação/Auxílio Brasil)

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