Multidão protesta contra guerra em Gaza durante abertura da Convenção Democrata

Lais Cordeiro Por Lais Cordeiro
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Foto destaque: manifestação pró-palestina em Chicago (Reprodução/Reuters/Marco Bello/www.israelhayom.com)

Nesta segunda-feira, milhares de manifestantes pró-palestinos, majoritariamente pacíficos, realizaram uma marcha em Chicago, enquanto o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comparecia ao dia de abertura da Convenção nacional democrata. A manifestação foi um ato para demonstrar força contra o apoio do governo Biden à Israel na guerra de Gaza.

Tensão aumenta com rompimento de barreiras de segurança

Embora a maioria das manifestações tenha sido pacifica, dezenas de pessoas quebraram parte da cerca de segurança de perímetro, o que chamou a atenção da tropa de choque, conforme relatado uma testemunha à Reuters. Um porta-voz da cidade informou que as autoridades estavam no local e que mais informações seriam divulgadas posteriormente.

Críticas à vice-presidente Kamala Harris durante o protesto

Foi quando os manifestantes chegaram a um parque e fizeram uma pausa como forma de amplificar seus pedidos de cessar-fogo, os gritos e bordões ficaram cada vez mais intensos, isso antes da cerca ser violada. Em meio a gritos e palavras de ordem, a multidão demonstrou sua insatisfação com a vice-presidente Kamala Harris, apelidando-a de “Killer Kamala” (Kamala Assassina). A policia local precisou formar um perímetro ao redor do parque a pé e alguns de bicicleta.

Horas antes do discurso de Biden, os organizadores da marcha se decepcionaram em relação a quantidade de manifestantes, que foi menor do que o esperado. A passeata foi iniciada perto do local onde delegados indicaram Kamala como Candidata a presidência nas eleições de novembro. “Era esperado uma quantidade de manifestantes que fosse o suficiente para que enchesse um parque e a rota da marcha”, disse Hatem Abudayyeh, porta voz dos organizadores.

Mas, durante a tarde, haviam vários manifestantes reunidos para ouvir o discurso, porém o parque estava apenas metade cheio. A coalizão organizadora, composta por mais de 200 grupos, defendia uma ampla gama de causas, desde direitos reprodutivos até justiça racial, com muitos manifestantes vindos de comunidades palestinas e árabes de Illinois e estados vizinhos.


Manifestação pró-Palestina em Chicago (Foto: reprodução/Tyler Pasciak LaRiviere/Sun-Times)

Roman Fritz, um jovem de 19 anos e delegado de Wisconsin, usava um lenço com o tradicional padrão palestino e planejava participar da marcha, mas sem intenção de interromper os eventos oficiais. Ele também expressou apoio à candidatura de Kamala como forma de derrotar Trump.

Diversos delegados muçulmanos e seus aliados, insatisfeitos com o apoio dos EUA à ofensiva israelense em Gaza, estão pressionando por mudanças na plataforma democrata, incluindo um embargo de armas, o que pode resultar em interrupções nos discursos durante a convenção.

Alguns manifestantes expressaram ceticismo quanto à possibilidade de mudanças na plataforma do partido. Mwalimu Sundiata Keita, que viajou de Cincinnati, Ohio, para participar do protesto, comentou: “Isso nunca vai acontecer. A política do partido é de apoio a Israel, e isso não deve mudar.”

Abudayyeh afirmou na segunda-feira: “Os democratas estão no comando. Esta é a guerra deles. Eles são responsáveis e cúmplices, e têm o poder de pará-la.”

Outro grande protesto está previsto para quinta-feira, quando Kamala deve aceitar formalmente a indicação. Grupos pró-palestinos têm protestado há meses contra o apoio militar e financeiro dos EUA a Israel, que, segundo autoridades de saúde de Gaza, já resultou na morte de mais de 40.000 palestinos. A ofensiva de Israel foi uma resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas, de acordo com fontes israelenses.