Entenda como funciona golpe da rifa onde criminosos manipulam sorteios online 

Mari Aldemira Por Mari Aldemira
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Foto destaque: Entenda como funciona golpe da rifa onde criminosos manipulam sorteios online (reprodução/site/g1/divulgação/policia federal)

Através de vídeos bem produzidos, anúncios de sorteios de casas, carros e maletas cheias de dinheiro, os golpistas captam suas vítimas. E são os influenciadores digitais em suas respectivas redes sociais que chamam a atenção dos seguidores que acreditam e perdem dinheiro com a fraude. Segundo a polícia, é tudo uma farsa e o dinheiro é cenográfico.

Primeiros influenciadores presos

O casal de influenciadores rio-grandenses Gladison Pieri e Pâmela Pavão foram presos no apartamento de luxo em que viviam na cidade de Balneário Camboriú, Santa Catarina. No local, foram encontrados artigos de grife, joias e uma mala transparente cheia de dinheiro. Os dois ostentavam em suas redes sociais e nos endereços ligados ao casal a polícia apreendeu 49 carros de luxo. E segundo as autoridades, a suspeita é de que parte desse patrimônio seja fruto dos golpes feitos através de sorteios de rifas ilegais vendidas em sites da internet. 

O casal de influenciadores já estão sendo investigados por diversos crimes, sendo eles: crime contra a economia popular, lavagem de dinheiro, jogos de azar e associação criminosa. Segundo registros, os valores que eram angariados por meio da compra dos números das rifas e sorteios fraudulentos geraram em torno de R$10 a R$11 milhões de reais para os criminosos.

Como funciona o golpe

De acordo com as investigações da polícia, alguns dos ganhadores têm vínculos pessoais com os investigados e além disso, receberam valores maiores que os que foram sorteados. Aparentemente, os sites utilizados para realizar os sorteios favorecem pessoas selecionadas, sendo essa uma fraude em relação às rifas. O organizador consegue então determinar quem vai vencer ou não. Na operação de busca feita na última semana, Gladison acabou sendo preso por manter uma arma ilegal em casa. O mesmo pagou fiança de R$60 mil e foi liberado. E no mesmo dia ele e a esposa Pâmela já voltaram a anunciar sorteios, incluindo de um carro de luxo que já havia sido apreendido pelas autoridades.


O casal de criminosos viviam uma vida de luxo e enganavam os seguidores (Vídeo: reprodução/YouTube/g1)


“Anunciar um veículo que está apreendido, descumprir uma ordem judicial, que é continuar com aquela atividade ilícita, é uma afronta ao sistema de justiça criminal”, disse o delegado Cristiano de Castro Reschke, de Canoas (RS). Na última sexta-feira (23), a Justiça decretou a prisão preventiva dos influenciadores, porém a medida foi revogada e medidas restritivas foram impostas a ambos. A polícia diz que comprovou o crime de lavagem de dinheiro e contravenção penal, e ainda continua a investigação sobre os prêmios em dinheiro, casas e automóveis para apurar se eles eram realmente foram entregues aos compradores das rifas. “Alguns dos ganhadores têm vínculos pessoais com os investigados. Eles receberam, inclusive, valores nos dias dos sorteios. Valores em suas contas, além do bem sorteado”, completa o delegado.

Manipulação no site

Um promotor já investiga os sites utilizados nos sorteios das rifas divulgadas. Durante uma simulação rápida, foi possível montar uma rifa falsa de carro onde o vencedor definido era o próprio repórter. “A segurança desses sites é muito frágil. Ele propicia uma série de fraudes em relação às rifas. O organizador consegue, por exemplo, determinar se vai ter um vencedor ou não”, explica o promotor.

Golpe em Goiás

Em Goiás, outro tipo de sorteio semelhante movimentou ilegalmente mais de R$27 milhões de reais no período de dois anos. Os sorteios acontecem ao vivo na internet, e eram divulgados por famosos como Sheila Mello e Henri Castelli. Cada cartela custa R$15 reais e, na teoria, quem acertasse todas as dezenas levaria o prêmio. Porém, segundo a polícia, o sorteio também era manipulado e os criminosos contratavam pessoas para mentir afirmando serem os falsos ganhadores. Uma dessas ganhadoras contratadas pela quadrilha para fingir ter levado o prêmio afirmou que é ofertado de R$800 a R$1 mil reais para o ato. Em Goiás, a polícia prendeu nove integrantes da organização criminosa.