Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro registraram primeiro caso de infecção conjunta por catapora e varíola dos macacos. O estudo revela a importância de fazer exames laboratoriais para definir o diagnóstico exato das doenças.
Lesões espalhadas pelas costas. Pontinhos vermelhos nos braços. Os sintomas são de um jovem, de 18 anos, que visitou dois hospitais no Rio de Janeiro. Mas ninguém conseguia identificar o que ele tinha. A principal suspeita era de monkeypox (varíola dos macacos), por isso ele foi encaminhado para um centro que tem referências sobre doença.
pesquisadores alertam para infecção. (Foto/Reprodução/Freepik)
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, os médicos suspeitaram de que esse caso tinha algo estranho e fizeram os testes para varíola dos macacos e catapora. Os resultados mostraram uma situação incomum no Brasil, o paciente estava infectado com as duas doenças simultaneamente.
“A gente viu que tinha distribuição que a gente chama de lesões diferentes pelo corpo. Mas, além dessas lesões, ele apresentava algumas lesões que tinham como se fosse uma depressãozinha central”, explica Teresinha Castineiras, professora da Faculdade de Medicina da UFRJ.
Essas lesões são típicas da varíola dos macacos. Antes, casos de infecções paralelas pelas duas doenças só tinham sidos apontados na África. Outros dois pacientes com as duas infecções foram também constatados no laboratório de virologia molecular da UFRJ.
A varíola dos macacos causou duas mortes no país até agora, ambas as vítimas apresentavam comorbidades. Na maior parte dos casos, não existe complicações graves.
O vírus já sofreu algumas mutações desde sua descoberta no Brasil. A descoberta e o tempo de origem das lesões no corpo estão cada vez mais parecidos com sintomas de catapora, porém os pesquisadores identificaram que os dois vírus se propagam de maneira diversa.
“A catapora é contraída face a face porque você precisa ter contato com gotículas respiratórias, secreções respiratórias do paciente. E o monkeypox também pode ser por via respiratória, mas a forma mais frequente é por contato direto com a lesão de outro paciente infectado”, explica Clarissa Damaso, virologista da UFRJ.
A mudança também está no fase de contágio. Na catapora, encerra quando as lesões formam uma crosta. O tempo de reclusão deve ser feito de 7 a 14 dias. Na varíola dos macacos, o vírus ainda pode ser contagioso mesmo com a formação das crostas. Por isso, o isolamento é maior, de 21 a 28 dias.
“Os médicos têm que ter alerta ao diagnóstico quando suspeitarem de catapora testar a varíola de macacos. Tem uma importância clínica porque esses indivíduos, que estão com os dois vírus circulando, podem aumentar a circulação do vírus da catapora e infectar outras pessoas suscetíveis”, explica o médico Amilcar Tenure.
O diagnóstico exato é importante porque também interfere no tipo de tratamento. Até agora só existe medicamentos prescritos para catapora no Brasil.
Foto Destaque: Pesquisadores. Reprodução/Pinterest.