Os argentinos estão lutando para sobreviver recorrendo à reciclagem de lixões ou fazendo fila para trocar os seus pertences em clubes de troca. O país está enfrentando uma taxa de inflação superior a 100% este ano e também deve registrar seu maior aumento de preços desde um período de hiperinflação por volta de 1990.
O argentino, Sergio Omar, de 41 anos, afirmou: “Minha renda não é mais suficiente”. Ele passa 12 horas em montanhas de lixo de um aterro sanitário em Lujan, em busca de papelão, plástico e metal para vender. Omar também disse que os preços dos alimentos aumentaram muito nos últimos meses, o que dificulta a alimentação da sua família com cinco filhos, e explicou que pode ganhar entre 2 mil e 6 mil pesos (US$13 a US$40), por dia, vendendo lixo reciclável.
O número de trabalhadores informais que vão ao depósito de lixo para encontrar qualquer coisa que possam vender aumentou, segundo Omar. “O dobro de pessoas está vindo aqui porque há muita crise”.
Argentinos vão a lixões para tentar sobreviver em meio à inflação. Foto: (Reprodução/International Business Times)
A Argentina, há um século, era um dos países mais ricos do mundo, porém, nos últimos anos passou de uma crise econômica para outra e está lutando para manter a inflação sob controle.
O preços estão subindo em um ritmo mais rápido desde a década de 1990, com os problemas causados pela impressão de dinheiro e ciclos viciosos de aumento de preços por empresas, o que foi agravado por aumentos globais nos custos dos fertilizantes para agricultura e importação de gás.
Segundo os analistas, a inflação deve subir 6,7% apenas em setembro. Os dados oficiais devem ser divulgados nessa sexta-feira. Por isso, o Banco Central elevou a taxa de juros para 75%, com a possibilidade de juros mais altos.
No primeiro semestre de 2022, os níveis de pobreza foram superiores a 36% e a pobreza extrema aumentou para 8,8%, o equivalente a 2,6 milhões de pessoas.
Em uma das piores crises econômicas da Argentina, em 2001, Sandra Contreras criou o Lujan Barter Club, e os argentinos aumentaram a procura pela entidade para trocar itens como roupas velhas por um saco de farinha ou macarrão.
“As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse Contreras. As pessoas fazem a fila duas horas antes da abertura do clube de trocas.
Foto destaque: Em meio à inflação alta, argentinos vão a lixões. Reprodução/El País.