Gravidez versus Menopausa mitos e verdades

Editoria Imag Por Editoria Imag
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A fertilidade da mulher acima dos 50 anos tornou-se assunto corriqueiro no país com a gestação da atriz Cláudia Raia, aos 55 anos. Com a discussão, dúvidas surgiram para entender se é possível engravidar após a menopausa. No entanto, a resposta é simples: não. Isso porque a mulher na menopausa não ovula mais e, por isso, não libera óvulos – o gameta feminino que é fundamental para a formação do embrião após a fecundação.

O ovário da pessoa do sexo femininom têm uma reserva finita e, à medida em que a idade avança, os riscos de complicações relacionados à gestação aumentam por conta das alterações que levam a esse esgotamento.

“Muitas pessoas confundem a menopausa com o período do climatério, fase que vem antes no ciclo da vida das pessoas do sexo feminino”, diz a médica ginecologista e obstetra do time da Oya  Care, Natalia Ramos. Neste hiato, entre a vida fertil com produção de óvulos e a menopausa ainda há possibilidade de engravidar.

Uma mulher pode se considerar na menopausa quando está sem menstruar, e, consequentemente, sem ovular há, pelo menos, 12 meses. Antes deste período, no entanto, vem o climatério, que se inicia, em média, aos 40 anos e que provoca aqueles sintomas mais conhecidos da “menopausa”, como os fogachos (ondas de calor), alterações de humor, sono, baixa libido e secura vaginal, por exemplo.

Durante o período do climatério é possível que a mulher ovule – e aí, sim, existe a possibilidade de gravidez. Ainda assim, as chances disso acontecer de maneira espontânea, sem intervenção médica, são menores e diminuem conforme a idade aumenta. “A partir de 45 anos as taxas de gestação natural são inferiores a 5% e as taxas de aborto espontâneo podem chegar a 90%”, relata a médica com base nos dados científicos.

Segundo a Sociedade Britânica de Fertilidade, após os 45 anos a probabilidade de ter uma gravidez natural chega a ser de 3%, na maioria dos casos. Aos 47 ou 48 anos, essa probabilidade cai para menos de 1%. O estudo afirma que é extremamente raro. “Não podemos dizer que é impossível, mas é mesmo muito raro.”

O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas aponta que, aos 40 anos, cerca de 1 em cada 10 mulheres engravida naturalmente por ciclo menstrual.

Entretanto, isso não significa que a partir dessa idade a gravidez está fora de cogitação. “Existem diversas ferramentas para fornecer possibilidades para mulheres que não ovulam mais, mas que desejam uma gravidez. Algumas delas são: congelar seus próprios óvulos mais cedo e usá-los no futuro, congelar embriões ou, ainda, utilizar óvulos ou embriões doados”.

Natalia ressalta uma informação importante: o útero não envelhece. Com isso, os métodos, em sua maioria, são eficazes para mulheres que, mesmo sem ovular, podem engravidar e manter o bebê de forma saudável, por até nove meses da gestação.

Contudo, os riscos gestacionais como a hipertensão gestacional que leva à pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e o parto prematuro são muito comuns, tornando a gravidez de alto risco.

“Por isso, o acompanhamento médico é ainda mais fundamental quando a gravidez ocorre no climatério. A boa notícia é que a ciência avança a cada dia para otimizar os tratamentos nesses casos. Como alternativa, a medicina oferece a terapia hormonal substitutiva, que é basicamente oferecer esses hormônios que seriam produzidos pelo corpo lúteo de forma medicamentosa ampliando as chances de uma gravidez tardia”.

Natalia explica que todas as gestações são mantidas inicialmente por um cisto chamado corpo lúteo. Ele é o estágio atingido pelo folículo – uma espécie de bolsinha onde os óvulos ficam durante a fase de maturação – depois que ele libera o óvulo. Quando o óvulo é fecundado e se acomoda no endométrio, o corpo lúteo começa a produzir hormônios como o estrogênio e progesterona, dentre outras substâncias, que permitem o desenvolvimento do embrião até aproximadamente 12 semanas de gestação.

Depois disso, a placenta assume a frente e produz os hormônios necessários para a gestação. Quando a pessoa não ovula mais, ou seja, quando sua reserva ovariana chega ao fim, essa etapa de produção de hormônios pelos ovários não acontece. A partir desse momento, a terapia hormonal entra em jogo com a reposição dos esteróides sexuais, estrógenos, progestinas e androgênios.

Estudo publicado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aponta a indicação da terapia hormonal na menopausa para alívio dos sintomas vasomotores, conservação do trofismo urogenital, preservação da massa óssea e do colágeno, melhora do bem-estar e da sexualidade.


Natalia Ramos, médica ginecologista e obstetra, especialista em fertilidade e líder da Equipe de Cuidado da Oya Care (Foto: Nathalie Artaxo)


Sobre a Médica:

Natalia Ramos é médica ginecologista e obstetra, especialista em fertilidade e líder da Equipe de Cuidado da Oya Care, a primeira clínica virtual especializada na saúde feminina. A femtech propõe diálogos sobre fertilidade para que as mulheres conheçam seu corpo de forma aprofundada e tenham autonomia. Graduação em Medicina pela Universidade Nove de Julho, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Pérola Byington. Especialização em Reprodução Humana pelo Hospital Foch (França).

Foto Destaque: Reprodução

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