Em Cuiabá foram registradas as mortes de cinco bebês devido a bactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (conhecida pela sigla KPC), ela é considerada uma “praga” em ambientes hospitalares, onde se espalha com muita velocidade e pode ser mortal em recém-nascidos ou pacientes mais debilitados. Essa bactéria faz parte de um grupo que são resistentes a antibióticos, e por esse motivo é chamada de superbactéria. Essa superbactéria foi reconhecida no Brasil no início dos anos 2000, e após identificada, foram registrados surtos de tempos em tempos em unidades de saúde.
Segundo Carlos Magno Fortaleza, infectologista, a KPC atinge com mais frequência pacientes internados que estão com a imunidade debilitada, como em UTIs, por exemplo. A transmissão acontece por meio do contato com os fluídos da pessoa infectada ou por aparelhos de ventilação mecânica, cateteres e sondas. Havendo alguma falha no processo de higiene e desinfecção do ambiente hospitalar, pode ocorrer a contaminação e se alastrando de pessoa para a pessoa. Fora do ambiente hospitalar pode ocorrer também, mas incidência é baixa.
“Quando você está no hospital, debilitado, tomando antibióticos, você tem mais facilidade em adquirir esse tipo de bactéria. Elas são quase exclusivamente observadas em ambiente hospitalar. Há também casos de KPC em instituições de longa permanência” informa o médico, que é professor de medicina na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.
KPC em uma placa de Petri; foto de 2013. (Foto: Reprodução/Fernando Pacífico / G1 Campinas)
No caso que aconteceu em Cuiabá (MT) os bebês estavam na UTI neonatal do Hospital Estadual Santa Casa. Segundo o governo do estado, eles chegaram ao hospital já infectados pela superbactéria, após passarem por outras unidades de saúde. Um exame identificou a existência da infecção.
“Isso é possível. Essa bactéria é endêmica, acontece com frequência constante em vários hospitais. Uma característica do bebê neonato é que, quando ele nasce com algum problema de saúde, ele não vai para casa e pode ser transferido para um hospital mais especializado” disse o médico. De acordo com o infectologista “é possível que a contaminação aconteça na sala de parto, por exemplo, e daí transmitiu de um para o outro. Em geral, um paciente contrai a superbactéria e transmite para outra pessoa”.
Para evitar que essa bactéria se espalhe, é necessário primeiramente fechar a ala onde os casos foram registrados e fazer a higienização adequada. A equipe precisa identificar onde aconteceu a falha que causou a infecção para bloquear a transmissão.
Foto Destaque: Hospital Estadual Santa Casa em Cuiabá. Reprodução/SES/MT