Estudo mostra que negros morrem 4,7 vezes a mais que brancos em operações policiais

Lu Mello Por Lu Mello
4 min de leitura

De acordo com os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio, indicam que negros e pardos morrem 4,7 vezes mais que brancos em açoes da policia  nos ultimos 15 anos, 72% das mortes causadas  pela intervenção da policia durante o perido foram desse grupo. De todos óbitos nas ações, 93,7%, eram de homens. Entre os meses de janeiro de 2006 e março de 2021, segundo os critérios do ISP,  o número de óbitos de cada cor/raça foi de: 6.818 (Parda), 3.804 (Negra), 2.268 (Branca), 4 (Amarela), 2 (Índio), 1 (Albino).


Infográfico com a pesquisa do ISP/RJ.( Foto:Reprodução/ G1)


No total de mortes registradas foram 14.726 causadas pelas intervenções, sendo que em 1.829 casos a identificação da cor/raça das vítimas não foi realizada. Entre os mortos, 93,7% eram homens.

 

Em nota a Polícia Militar diz que em suas ações não opera diante de viés racial e entende que a pesquisa de dados do ISP refletem  “quadro histórico de desigualdade social, no qual os afrodescendentes têm ocupado a maior parcela da população vulnerável e, consequentemente, mais propensa a ser cooptada pelo crime organizado”.

 

Ainda não há nenhuma política pública voltada para a educação em busca de reduzir a letalidade policial no estado, segundo Daniel Hirata, sociólogo do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF):“Não existe nenhum plano nesse sentido, muito menos direcionado especificamente para a população negra. Isso porque essa situação não é vista como um problema, então nem chega a ser encarada com a gravidade que deveria. Essa forma de atuação claramente estrutura as ações policiais, e começa desde a maneira como é feita a revista, as batidas no cotidiano, a humilhação das pessoas”

 

“Essa porcentagem com uma sobrerrepresentação da população negra é evidência do racismo na sociedade brasileira. Na verdade, a sua face mais dramática, porque ceifa a vida das pessoas”, continua.

 

Em meio às corporações policiais, há um número significativo de agentes negros, porém  sociólogo explica que: “como é algo institucionalizado, isso não impede que eles mesmos reproduzam essa atuação racista”.

 

Cleber Ribeiro, coordenador-geral do IPAD Seja Democracia, projeto do Instituto Maria e João Aleixo, afirma que o racismo estrutural faz com que pessoas negras sejam consideradas “corpos matáveis da sociedade” e cita s questionamentos que fizera no coletivo ‘Homens Negros na Política’:“Quais sentidos de ser homem e, ao mesmo tempo, ser negro? Qual o lugar que este sujeito ocupa numa sociedade patriarcal e racista como a brasileira? Porque se falamos do homem, essa figura remete a poder e privilégios. Mas quando o identificamos como negro, automaticamente ele é destituído desse lugar, tornando-se um corpo descartável”

 

https://inmagazineig2.websiteseguro.com/post/Aumento-de-casos-na-Europa-faz-Portugal-prever-novas-medidas-contra-a-Covid-19

https://inmagazineig2.websiteseguro.com/post/COVID-19-Austria-impoe-novas-medidas-e-vacinacao-no-pais-sera-obrigatoria

https://inmagazineig2.websiteseguro.com/post/Serie-A-tem-sete-clubes-que-incluem-clausulas-antirracistas-em-contratos-de-funcionarios-e-jogadores


 

Cleber finaliza dizendo:

 

“O cidadão, na sua definição, como alguém amparado por direitos, é endereçado apenas aos homens brancos. O negro, em grande parte periférico, é colocado distante do direito à vida de maneira muito contundente e imediata, o aproximando da iminência de morte, em suas múltiplas dimensões”.

Foto Destaque: Negros em protesto pelo valor da vida preta. Reprodução/Agência de Notícias da Favela 

Deixe um comentário

Deixe um comentário