Congelamento de óvulos é indicado para preservar fertilidade, após cirurgia de endometriose

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
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Estima-se que uma em cada 10 mulheres brasileiras sofre com endometriose. Principal causa de infertilidade feminina, a doença, apesar de não ter cura, pode ser controlada. A intervenção cirúrgica é uma das opções terapêuticas, normalmente indicada quando não há resposta ao tratamento clínico ou quando a doença atinge estados muito avançados, causando dor intensa, por exemplo. “O tratamento cirúrgico da endometriose é realizado por meio da videolaparoscopia, procedimento minimamente invasivo que visa retirar os focos de endometriose, melhorando a anatomia dos órgãos reprodutivos e diminuindo o efeito inflamatório da doença no funcionamento desses órgãos”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. No entanto, a cirurgia da endometriose pode ser um problema para mulheres que ainda desejam engravidar. “Isso porque o procedimento pode causar um impacto importante na fertilidade, já que, dependendo da abordagem, a videolaparoscopia pode reduzir em até 70% a reserva ovariana, que reflete o estoque de óvulos da mulher”, alerta o médico.

Segundo o especialista, o objetivo do procedimento é a remoção dos focos de endometriose. “No entanto, no caso de retirada de endometriomas, que são cistos de endometriose nos ovários, o procedimento pode causar danos, por exemplo, ao tecido ovariano, assim resultando na perda dos folículos ao redor e, consequentemente, na diminuição da reserva ovariana”, ressalta o médico. Mas é importante destacar que isso não quer dizer que a cirurgia não seja indicada para mulheres que ainda desejam engravidar. Em muitos casos, a cirurgia pode sim contribuir para melhora da fertilidade. “O mais importante então é que a indicação do tratamento seja individualizada caso a caso. Por exemplo, a intervenção cirúrgica pode não ser indicada para pacientes que já possuem baixa reserva ovariana, que pode ser avaliada através do ultrassom transvaginal e do exame de hormônio anti-mülleriano (AMH)”, exemplifica o especialista.

De qualquer maneira, para mulheres que serão submetidas ao procedimento e desejam engravidar posteriormente, é sempre aconselhado que preservem a fertilidade através do congelamento de óvulos para garantir a possibilidade de gravidez no futuro. “O congelamento de óvulos, também conhecido como criopreservação, consiste no congelamento dos óvulos em nitrogênio líquido na temperatura de -196°C, o que inativa seu metabolismo sem prejudicar sua viabilidade”, explica o Dr. Rodrigo.  Dessa forma, mesmo que a reserva ovariana da mulher seja afetada pela cirurgia, ainda existe a possibilidade de gravidez através da Fertilização In Vitro, considerada o tratamento de fertilidade mais eficaz para mulheres com endometriose. “Na Fertilização in Vitro, os óvulos anteriormente congelados são fecundados com espermatozoides em laboratório para a formação de um embrião, que, ao alcançar certo estágio de desenvolvimento, é transferido para o útero da mulher”, detalha o médico.

O especialista ainda afirma que mulheres com endometriose em um relacionamento estável também podem optar por congelar embriões no lugar dos óvulos. “Congelar o embrião permite que saibamos com antecedência sua qualidade, o que nos dá uma chance mais aproximada da realidade em termos de prognóstico de gravidez, o que não é possível com o congelamento de óvulos”, diz o médico, que afirma que a desvantagem dessa opção é que o embrião pertence ao casal. “Então se houver uma separação no futuro, a mulher não poderia transferir os embriões. E precisa chegar a um acordo com o ex-parceiro para saber o destino desses óvulos fecundados.”

Por fim, o Dr. Rodrigo Rosa ressalta que, seja com embriões ou óvulos congelados, as taxas de sucesso da Fertilização In Vitro em mulheres com endometriose são as mesmas de quando o procedimento é realizada por outros motivos. “Logo, a Fertilização In Vitro é um excelente método para aumentar as chances da paciente com endometriose de ser mãe biológica”, finaliza.

Foto Destaque: Reprodução

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