A dor de cabeça é um dos sintomas mais comuns na medicina, afetando praticamente todas as pessoas em algum momento de suas vidas. De acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 95% das pessoas têm dor de cabeça pelo menos uma vez na vida. No entanto, 13 milhões de brasileiros encaram a dor de cabeça por 15 ou mais dias por mês. Quando essa dor se torna tão frequente e persistente, pode indicar um quadro crônico, que requer atenção especializada.
O neurologista Dr. Willian Rezende, fundador da Clínica Regenerati, em São Paulo, explica que a principal diferença entre uma dor de cabeça comum e a dor de cabeça crônica está na frequência e na recorrência dos episódios. Enquanto a dor de cabeça comum é um sintoma passageiro, geralmente relacionado a estresse, consumo de álcool, esforço físico ou condições como sinusite, a dor de cabeça crônica persiste por vários dias.
Em casos mais graves, a dor crônica pode afetar o paciente em mais da metade do tempo. No entanto, a ocorrência de dor por três ou mais dias no mês, com intensidade moderada a elevada (capaz de impactar negativamente na qualidade de vida do indivíduo) já deve ser entendida como sinal de alerta.
Dr. Willian explica que casos de dor de cabeça crônica requerem uma avaliação detalhada, que considere os diferentes elementos que podem contribuir para o quadro. De acordo com ele, o sintoma pode ser causado por problemas como enxaqueca, tensão muscular ou até mesmo abuso de analgésicos. Frequentemente, a dor também é provocada por uma combinação desses fatores. “É raro que uma dor crônica quase que diária tema apenas um tipo de causa”, afirma o médico.
A identificação desses fatores, de acordo com o Dr. Willian Rezende, é feita principalmente pelo exame clínico. Ela destaca a importância da anamnese e do exame físico, no consultório, para identificar possíveis pontos de tensão, como nos músculos cervicais ou da mastigação. Também podem ser aplicadas técnicas como a apalpação dos nervos cranianos, que serve para detectar inflamações. Além disso, exames de imagem como a termografia ou a ressonância podem ser utilizados para confirmar ou descartar causas mais graves, como trombose venosa, sangramentos ou tumores.
O neurologista também explica que, para ser eficaz, o tratamento da dor de cabeça crônica precisa ir além do alívio dos sintomas, devendo identificar e tratar a causa do problema. “Aliviar a dor também é muito importante, mas é preciso saber o exato diagnóstico para realizarmos um tratamento adequado a cada causa”, diz ele.
Existem, portanto, diversas abordagens terapêuticas para a dor de cabeça crônica, incluindo medicamentos preventivos, analgésicos para o alívio da dor aguda, vacinas para enxaqueca, bloqueio de nervos cranianos, infiltração de gatilhos musculares, aplicação de toxina botulínica, fisioterapia especializada, acupuntura e até orientação nutricional, quando a dor de cabeça está relacionada a alimentos. Em casos de enxaqueca menstrual, pode-se considerar também a estabilização hormonal como parte do tratamento. Já quando é identificado um fator psicológico causador de tensão e desconforto, a psicoterapia também é indicada.
O tratamento é considerado bem-sucedido quando o paciente consegue passar pelo menos seis meses sem dor ou com até três dias de dor de cabeça controlável por mês. O Dr. Willian Rezende ressalta que o tratamento pode ter uma duração prolongada, mas não necessariamente para toda a vida. Com o devido acompanhamento de um neurologista, é possível encontrar alívio para as dores crônicas, o que proporciona uma melhor qualidade de vida.
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