Saiba o que é hipertemia, superaquecimento do corpo que pode levar a morte

Magda Costa Por Magda Costa
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A Europa resistiu a intensas ondas de calor no verão de 2022, registrando milhares de mortes devido às altas temperaturas.

Segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (10) pela revista científica Nature Medicine, 61 mil pessoas morreram de calor no verão passado europeu devido a temperaturas que ultrapassaram a marca dos 40°C, sendo considerado o verão mais intenso da história do continente.

A exposição ao calor excessivo é uma das principais causas da Hipertemia, situação que o corpo apresenta um aumento acentuado da temperatura e pode levar a óbito.

Vale destacar que a hipertermia e a febre são situações diferentes, com mecanismos diferentes. Com isso, medicamentos usados no tratamento de febre são ineficientes em casos de hipertermia. Na hipertemia, normalmente, utiliza-se técnicas de resfriamento mecânico do corpo.

Na hipertermia, o aumento ocorre devido à falência dos mecanismos de dissipação de calor, enquanto, na febre, observa-se a modificação do ponto de termorregulação de temperatura para níveis mais elevados. 

O organismo começa a ‘cozinhar’ por dentro, desequilibrando todo o metabolismo“, explicou Carlos Machado, clínico geral  e especialista em medicina preventiva.

De acordo o médico, “cozinhar” por dentro seria o processo que começa na alteração das proteínas presentes no sangue e termina com complicações em órgãos vitais.

Para a paramédica Priscila Currie, que atua em Londres, as principais ocorrências envolvendo o calor são os desmaios, insolação e desidratação.

Não é porque os britânicos são diferentes dos brasileiros. A infraestrutura é a questão, as casas foram feitas para manter o calor dentro, é um país frio. No verão, na Inglaterra, não costuma passar dos 33°C e, mesmo quando passa, não dura o dia inteiro, chove depois. As crianças, ao crescer, aprendem a lidar com o frio, mas não com o sol“, afirma a paramédica, formada pela St George’s University.


                           

                                                          Onda de calor na Europa. Divulgação: REUTERS/John Sibley


No Brasil, crescemos ouvindo para não ficar com a cabeça no sol, usar filtro solar e beber água, já para os britânicos não é um hábito e não entendem o perigo de ficar debaixo do sol a pino“, disse a paramédica ao G1.

Entenda a seguir as causas da hipertemia.

Na hipertermia clássica, o aumento da temperatura corporal do paciente é causado devido à exposição excessiva ao sol e ao calor. É especialmente comum nos locais onde as temperaturas são mais amenas e há uma forte onda de calor, como na Europa durante o período do verão. Afeta mais idosos e crianças.

Na hipertermia  por esforço físico acontece nas realizações de atividades física, aumentando a temperatura corporal, assim após o esforço o corpo não consegue voltar a temperatura normal e o paciente é diagnosticado com hipotermia. 

Por fim a hipertermia maligna que é resultado de um efeito colateral de certos medicamentos, como analgésicos, relaxantes musculares e anestésicos inalatórios, além da realização de intensa atividade física em ambientes com temperaturas elevadas.

Ainda, tumores que podem surgir no hipotálamo podem fazer com que o cérebro do paciente perca a capacidade de regular a temperatura corporal, resultando na hipertermia nos casos em que o paciente é exposto a temperaturas elevadas.


                                          A hidratação é fundamental para prevenir a hipertemia. Divulgação: iStock Getty Images


Diferença entre febre e hipertemia

A febre é a elevação anormal da temperatura corporal, que ocorre por razões como infecções virais ou bacterianas, já a hipertermia, por sua vez, é a produção de calor corporal excessiva pela falha nos mecanismos que controlam a temperatura. Pode ocorrer por fatores relacionados às condições de calor do ambiente externo, uso excessivo de agasalhos, etc.
 O corpo em estado febril luta para combater o aumento da temperatura, na hipertermia isso não acontece. É como se o corpo não conseguisse eliminar seu calor de forma natural, enquanto na febre, o corpo deseja o aumento da temperatura para conseguir combater os microorganismos como vírus e bactérias  que estão atingindo a saúde.

Sintomas da hipertermia

A hipertermia é uma situação grave que pode até mesmo levar o indivíduo à morte caso o resfriamento do corpo não seja feito rapidamente. Dentre os sinais e sintomas da hipertermia, podemos citar:

Ansiedade, dor de cabeça, tontura, fraqueza, produção excessiva ou falta de suor, queda de pressão, confusão  mental, agitação, vômitos, câimbras, alucinação, convulsões, coma.

Prevenção

Na maioria dos casos,  a hipertemia está relacionada com a exposição ao calor, sendo, portanto, fundamental evitar situações em que o corpo estará submetido a altas temperaturas. Em dias quentes, algumas formas de prevenir-se é: evitar a prática de exercícios físicos por tempo prolongado em horários em que a temperatura é mais elevad, no período das 10h às 17h, usar roupas leves, beber sempre muita água, não consumir bebidas alcoólicas e manter-se em ambientes frescos e arejados.

Tratamento da hipertermia

O tratamento da hipertermia consiste, na maioria dos casos, no resfriamento mecânico, que inclui técnicas como ventilação de ar, uso de tecidos molhados, imersão em água fria e uso de pacotes de gelo. Medicamentos são também utilizados em determinados casos. Vale ressaltar que medicamentos usados no tratamento da febre não são eficazes na hipertermia, pois os procedimentos que levam ao aumento da temperatura são diferentes em cada caso.

 

Foto destaque: Hipertermia e febre são coisas diferentes. Reprodução: MirageC/GettyImages

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