Estudo aponta alto índice de distúrbios mentais em pacientes com doenças autoimunes

Alice Cassimiro Por Alice Cassimiro
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Os pesquisadores da Universidade de Cambridge e do King’s College London publicaram recentemente um estudo que aponta que mais da metade dos pacientes acometidos por doenças crônicas autoimunes passam por algum distúrbio psicológico em algum momento, como depressão e ansiedade. Contudo, durante as consultas de rotina com os médicos, as pessoas dificilmente são questionadas acerca de seu estado mental. O estudo, que teve a participação de 1.853 pessoas, foi divulgado no fim de julho na revista científica “Rheumatology”.

De acordo com a pesquisa, entre os pacientes que sofrem com algum tipo de doença autoimune, 89% deles sentiam uma grande fadiga, 70% passavam por alguma dificuldade cognitiva, 57% sofriam com ansiedade e 55% enfrentavam a depressão, uma porcentagem muito maior do que a estimada pelos médicos que foram entrevistados pelos responsáveis pelo estudo.


Os pacientes não recebem atenção referente aos transtornos psicológicos (Foto: Reprodução/Portal de Recuperação)


Por que isso acontece?

Essa situação acontece, em partes, decorrente do modelo de medicina que foca apenas nos sintomas da doença e deixa de lado o bem-estar geral e psicológico das pessoas. Ainda, muitos pacientes evitam levar essas questões para os médicos e serem estigmatizadas. A autoestima dos indivíduos fica cada vez menor e eles podem ser até considerados exagerados pelos responsáveis.

A assistente social Stacey Roberts, de 29 anos, trabalha em prol do apoio a essas pessoas que não conseguem encontrar a própria voz em meio à doença, incentivando-as a buscarem seus direitos e desejos. Ela foi diagnosticada com esquizofrenia paranoide aos 19 anos e luta pela causa desde então.

Além disso, ela entrou há 7 anos para o Programa do Centro Nacional de Práticas Avançadas Centradas na Pessoa (NCAPPS, na sigla em inglês), que tem como objetivo principal o chamado “modelo de recuperação”. Alguns médicos afirmam que o melhor caminho para a recuperação é fazer do consultório um ambiente seguro para os pacientes, onde todos tenham empatia e saibam conversar sobre os problemas.

Quais os métodos de abordagem?

O modelo médico tradicional trata a doença como o resultado da falta de equilíbrio químico no corpo ou apenas resultado de outras causas biológicas, levando em consideração apenas a pergunta: “O que tem de errado com você?”. O foco está unicamente na doença, em seu tratamento e nos defeitos que podem existir no cérebro, além de levarem em conta apenas a diminuição dos sintomas físicos para que um paciente seja considerado recuperado. Os medicamentos são o centro de todo o tratamento.

Por outro lado, o modelo de recuperação traz os distúrbios mentais de maneira mais complexa, considerando todos os fatores, sejam eles físicos, culturais ou ambientais no momento da avaliação da manifestação da doença, além de questionarem todo o contexto, passado e medos do paciente. O foco principal desse modelo está no bem-estar das pessoas e nas forças que ela ainda possui. Ainda, para eles, estar em processo de recuperação significa que os pacientes possam ter uma vida plena.

 

Foto destaque: Paciente em consulta. Reprodução/Adobe Stock

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