Transplante de órgão suíno mostra-se eficaz em paciente com morte cerebral nos EUA

Letícia Guedes Por Letícia Guedes
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O norte-americano Maurice Miller morreu aos 57 anos após um câncer cerebral não diagnosticado, o que o impossibilitou entrar na fila de transplante. No entanto, com a autorização de sua família, o coração de Maurice foi mantido ativo através de ventilador mecânico para que seu organismo fosse utilizado para as pesquisas. O transplante foi realizado por cirurgiões do NYU Langone Health, em julho.

Procedimentos anteriores

O Dr. Robert Montgomery, médico e diretor do Instituto de Transplante Langone da Universidade de Nova York, já havia realizado outros dois procedimentos de xenotransplantes, implantações de órgãos de diferentes espécies, em 2021. Porém, a cirurgia atual tornou-se o período mais longo no qual um rim de porco com apenas uma modificação genética teve um resultado positivo em um ser humano.

Detalhes compartilhados pelos especialistas mostram que o primeiro desafio é evitar a rejeição hiperaguda do órgão, que pode ocorrer em questão de minutos ao entrar em contato com o sistema circulatório do ser humano. Um gene identificado como alfa-gal seria o responsável por este problema, e com isso foi removido. Além disso, a glândula timo do porco – responsável por educar o sistema imunológico – foi inserida na camada externa do rim para que não ocasionasse outro tipo de rejeição. Com isso, o novo órgão começou a funcionar de maneira correta, produzindo urina imediatamente após ser transplantado.


Médicos do NYU Langone Health realizam xenotransplante de rim de porco em um corpo humano (Foto: reprodução/Joe Carrota)


Expectativas para o futuro

A equipe médica da NYU acredita que o novo avanço pode significar uma redução nas filas de transplantes. “Simplesmente não há órgãos suficientes disponíveis para todos que precisam de um. Muitas pessoas estão morrendo por causa da falta de órgãos disponíveis, e eu enfaticamente acredito que o xenotransplante é uma maneira viável de mudar isso”, diz Montgomery. “Sabemos que isso tem o potencial de salvar milhares de vidas, mas queremos garantir a máxima segurança e cuidado à medida que avançamos”.   

Segundo dados da Rede Federal Aquisição e Transplante de Órgãos, apenas nos Estados Unidos, 88.000 pessoas estão na fila esperando para realizar um transplante de rim. O rim ficará em obversação até meados de setembro para melhores análises. 

Foto destaque: médicos executam o procedimento de um transplante. Reprodução/Joe Carrota/NYU Langone Health

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