Muitos falam que, para a geração atual, tudo é doença. E embora a situação seja muito mais complexa do que isso, é verdade que a onda dos autodiagnósticos já ronda a internet por algum tempo. O “transtorno do momento” é o TDAH, mais conhecido como transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
O aumento de diagnósticos de TDAH
Não é incomum encontrar, nas redes sociais, testes sem embasamento científico para saber se você possui algum transtorno psicológico ou, até mesmo, vídeos e postagens de pessoas espalhando desinformação através do autodiagnóstico.
Em uma matéria para a BBC, escrita por Margaret Sibley, psicóloga clínica que trata especialmente pacientes que possuem TDAH, ela relatou que, em cerca de um ano, o número de pessoas que faz tratamento com remédios para este transtorno aumentou em 20%, porcentagem que conta somente com mulheres de 20 a 30 anos, nos Estados Unidos.
Mulher fazendo terapia (Reprodução/Centro de Neurodesarrrollo)
As doenças psicológicas, na verdade, não necessariamente “aumentaram” em relação à sua incidência. Atualmente, no entanto, ao contrário do que acontecia no passado, as pessoas estão cuidando muito mais de suas saúdes mentais e buscando tratamento, porém, o que vem acontecendo com o TDAH não é apenas isso.
O TDAH tem sintomas que podem ser confundidos com os de muitos outros transtornos, como a ansiedade e o borderline, por exemplo. De acordo com Margaret, a dificuldade de concentração é o segundo traço mais comum entre as doenças psicológicas.
A influência da internet
Para que o diagnóstico certo seja feito, é preciso encontrar um profissional que tenha paciência para analisar todo o histórico do paciente. No entanto, para minorias étnicas e mulheres, os diagnósticos na infância são ainda mais complicados, muitas vezes por conta de médicos guiados por estereótipos racistas e sexistas.
Em seu artigo, Margaret Sibley diz que a pandemia teve forte influência em questões relacionadas à saúde mental, já que se tornou um tópico popular na internet na época, porque foi um período de grande vulnerabilidade para todos.
Ainda de acordo com a psicóloga, uma pesquisa realizada no Canadá identificou que apenas 20% dos vídeos sobre TDAH produzidos para o Tiktok realmente possuem informações relevantes e corretas. Somado a situação à essa ansiedade causada pela internet e a forma como classificam questões normais como sintomas de doenças graves, e a confusão dos sintomas do TDAH com os de outros transtornos, muitas pessoas recebem o diagnóstico errado.
Foto Destaque: mulher com a mão na cabeça. Reprodução/Agnaldo Bastos