Conheça os riscos de consumir Omeprazol por um longo período de tempo

Pedro Ramos Por Pedro Ramos
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Há mais de três décadas, o omeprazol tem sido a resposta certa para aqueles momentos incômodos de queimação no estômago e no peito, desencadeados pelo desconforto da acidez excessiva. O medicamento oferece uma solução eficaz e de ação rápida para aliviar esses sintomas. 

Para dimensionar o alcance desses medicamentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que somente em 2022, 64,9 milhões de unidades de omeprazol foram ingeridas em todo o país. No entanto, uma informação que poucos sabem é que, em sua maioria, essas substâncias devem ser utilizadas por um período relativamente curto, não excedendo dois ou três meses.

Existem exceções a essa orientação, por exemplo, em casos de pacientes com certas condições de saúde, como indivíduos que enfrentam o câncer, recomendações para o uso contínuo de omeprazol ou outras medicações pertencentes a essa classe farmacológica.

Maior acidez


Alta acidez do estômago pode causar inúmeros desconfortos aos indivíduos (Foto: Reprodução/Freepik)

O funcionamento do nosso estômago depende de um ambiente ácido para a eficácia do processo digestivo. Os sucos gástricos, conhecidos por sua acidez, desempenham o papel crucial de fragmentar os alimentos em pedaços cada vez menores, que posteriormente serão absorvidos pelo intestino delgado.

No entanto, em algumas pessoas, essa acidez ultrapassa os limites saudáveis. O líquido estomacal pode se tornar excessivamente ácido, a ponto de se tornar corrosivo para o próprio sistema digestivo. Essa condição pode se manifestar de diferentes maneiras. 

Em algumas pessoas, a queimação e o desconforto ocorrem diretamente no estômago, resultando em gastrites e úlceras – lesões que se formam nas paredes internas do órgão. Para outras, o problema reside na região superior do sistema digestivo. Um defeito na válvula que separa o estômago do esôfago permite que o conteúdo ácido do estômago siga em direção ao peito e à garganta, conhecido como refluxo gastroesofágico.

O esôfago, ao contrário do estômago, não possui a mesma resistência à acidez, o que leva a irritações e lesões. Indivíduos afetados pelo refluxo experimentam sintomas como azia, queimação da boca do estômago até a garganta, tosse e, em casos graves, até mesmo dores intensas no peito.

É exatamente nesse ponto que os Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs), como o omeprazol, desempenham um papel crucial. Eles são projetados para reduzir a acidez do suco gástrico, diminuindo assim a agressão às paredes do estômago e, especialmente, do esôfago. Dessa forma, ajudam a aliviar o desconforto e os sintomas associados ao refluxo gastroesofágico e outras condições relacionadas à acidez excessiva no sistema digestivo.

Saiba os riscos

A utilização excessiva desses medicamentos tem levantado preocupações, com alguns estudos sugerindo que esse desequilíbrio pode potencialmente contribuir para doenças mais graves, como osteoporose, câncer e demência. A redução momentânea da acidez pode aliviar a queimação, mas após o término do tratamento, os sintomas podem retornar ao estágio anterior.

Essa situação leva muitas pessoas a prolongarem o uso dos IBPs por conta própria, na esperança de aliviar o desconforto. Esse comportamento é facilitado pelo fato de que esses medicamentos são de venda livre para o consumidor. No entanto, o uso não supervisionado de omeprazol está associado a várias consequências adversas. 

Um estudo conduzido por instituições canadenses em 2022, por exemplo, apontou um risco 45% maior de câncer de estômago entre os usuários frequentes de omeprazol em comparação com aqueles que utilizavam medicamentos da classe dos bloqueadores de cimetidina e nizatidina.

Pesquisas realizadas desde o final dos anos 1990 e início dos anos 2000 também indicaram que esses medicamentos interferem na absorção da vitamina B12, essencial para o funcionamento adequado do cérebro. Essa descoberta levantou preocupações de que anos de tratamento contínuo com esses fármacos poderiam aumentar o risco de demência, especialmente em pessoas mais idosas.

 

 

Foto destaque: Omeprazol traz riscos maléficos à saúde se usado durante muito tempo. Reprodução/Freepik 

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