A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou no domingo de ontem (19) um pedido de defesa policial e apuração aos órgãos de investigação e Justiça devido às novas ameaças recebidas pelos seus servidores. A solicitação foi divulgada pela agência em nota à mídia, defendendo a necessidade do pedido “em face das ameaças de violência recebidas e intensificadas de forma crescente nas últimas 24 horas”.
Segundo a nota compartilhada, os ofícios, que pedem a defesa dos funcionários e investigação das ameaças, foram enviados ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal, à Procuradoria-Geral da República e ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Membros da Anvisa reunidos numa coletiva de imprensa. (Foto: Reprodução/El País).
As novas ameaças de violência vieram à tona após a agência aprovar a vacinação da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos na última quinta-feira (16). No mesmo dia, o presidente da república, Jair Bolsonaro (PL), fez uma live na qual informou ter pedido “extraoficialmente” à Anvisa o nome dos técnicos responsáveis pela aprovação da medida e que os divulgaria para que os cidadãos “formassem seu juízo” sobre os profissionais.
Após a transmissão, a Anvisa divulgou uma nota classificando a declaração do dirigente como uma “tentativa de intimidação” e afirmou que a agência era um centro de ativismo político violento e condenava qualquer tipo de ameaça explícita ou velada. A agência já tinha sofrido ameaças no passado sobre a liberação da vacinação pediátrica em combate ao Covid-19 antes mesmo de autorizar a aplicação: no mês de outubro, enquanto o assunto era somente alvo de discussão, inúmeras mensagens de e-mail foram enviadas aos diretores do órgão, ameaçando sua segurança e a de suas famílias. A Polícia Federal concluiu um inquérito a respeito do ocorrido e o mesmo tramita em sigilo na Justiça Federal no estado de Brasília.
No mesmo dia (domingo, 19) da solicitação da agência por proteção policial e apuração das ameaças sofridas, Bolsonaro voltou a comentar sobre a decisão do órgão. Numa caminhada por Praia Grande (SP), afirmou ser “inacreditável o que a Anvisa fez” a apoiadores do governo e, novamente, comunicou informações incorretas sobre a vacinação em crianças, dizendo que ainda não eram conhecidos os efeitos colaterais nos pequenos.
Foto de destaque: Anvisa. Reprodução/Poder 360.