Missionários do Haiti que são aterrorizados por sequestros conseguem escapatória

Diogo Nogueira Por Diogo Nogueira
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Doze missionários integrantes da congregação religiosa americana Christian Aid Ministries (CAM) que foram mantidos em cativeiro desde outubro conseguiram escapar por conta própria no Haiti, segundo a organização.

O grupo de pessoas em situação de refém faziam parte dos 17 sequestrados depois de visitar um orfanato na cidade de Ganthier, no Leste da capital, em Porto Príncipe. Dois sequestrados haviam sido libertados em novembro, e outros três no início deste mês.

Em uma entrevista coletiva marcada nesta segunda-feira (20), Weston Showalter, porta-voz do CAM, afirmou que os refèns se guiaram pelas estrelas enquanto caminharam por horas em uma mata fechada.

“Quando sentiram que era o momento certo, eles encontraram uma maneira de abrir a porta que estava fechada e bloqueada. Seguiram silenciosamente para o caminho que tinham escolhido e deixaram o local onde estavam detidos”, descreveu Showalter.


Mobilizações contra os sequestros que foi liderado pela guangue armada “400 Mawozo” ocorreram após o início do terror, em abril. (Foto: Reprodução/Vatican News)


Desviando de “numerosos guardas”, as vítimas seguiram no objetivo de escapar, chegando a uma montanha, usando a estrela como condução. Não foi explicado diretamente como eles escaparam dos guias.

Entre as 12 pessoas, havia um casal, um bebê de 10 meses e crianças de 3, 14 e 15 anos, além de quatro homens adultos e duas mulheres. Eles conseguiram passar por “bosques e matagais, se embrenhando no meio de espinhos e sarças”, acrescentou Showalter.

Showalter ainda informou que os reféns, incluindo as crianças, se mantiveram em silêncio durante a fuga. O bebê foi enrolado em um tecido para que ficasse protegido contra os espinhos.

“Foram duas horas caminhando na floresta. Estivemos em territórios dominados por organizações criminosas todo trajeto”, disse o porta-voz.

David Troyer, diretor da CAM, disse em entrevista coletiva que “as pessoas que procuraram nos ajudar forneceram fundos para pagar resgate e permitir que o processo de negociação continuasse”. Contudo, não explicou como seria feito o pagamento.

Os criminosos que executaram o sequestro pediam como resgate a quantia de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,75 milhões) por refém. Não há informações se o valor foi desembolsado,

De acordo com a congregação, os criminosos ofereceram comida e água para os missionários, estabelecendo um modelo de estadia. A água fornecida, contuda, não era higiênica, e provocou feridas nas peles das vítimas, aqueles que já estavam picados por mosquitos. 

“Os reféns falaram com o líder dos criminosos em várias ocasiões, corajosamente lembrando-o de Deus e advertindo do julgamento final caso ele e os demais membros continuassem no grupo”, disse Showalter, destacando que os missionários ficavam 24 horas em vigilia fazendo oração no cativeiro.

Não houve confirmação independente do relato de Showalter por parte de autoridades americanas ou haitianas.

“400 Mawozo”

O sequestro é uma das principais atividades criminosas da organização para se beneficiar de algum financiamento. O grupo já havia capturado religiosos em abril deste ano, que eventualmente foram libertados, não se sabe se mediante algum resgate.

O Haiti é um dos países com maior incidência de sequestros no mundo, à medida que as organizações criminosas exploram o caos que se instala no país nos últimos anos.

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O impacto dos crimes contra haitianos se deu a partir do assassinato ao presidente Jovenel Moise em julho. Desde então, facções tem comandado o país, com a oposição policial apresentando deficiências. 

Foto em destaque: Reprodução/BBC

 

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