Metade das francesas já foi forçada a práticas sexuais devido ao pornô

Victor Kallut Por Victor Kallut
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Uma pesquisa realizada e divulgada nesta semana pelo Instituto Francês de Opinião Pública, o Ifop, expôs dados alarmantes: metade das francesas diz ter sido submetida a práticas sexuais inspiradas em filmes pornográficos contra a sua vontade. O país vive um contexto político no qual o tema está em discussão, pois a Assembleia de Deputados, neste momento, analisa um projeto de lei que pretende restringir o acesso de menores de idade a conteúdos inapropriados.

Relator do projeto é contra o anonimato na internet

De acordo com o ministro encarregado pelas questões digitais, Jean Noël Barrot, a exposição de adolescentes e crianças à pornografia é “um escândalo de saúde pública”. Segundo dados, dois milhões de crianças são expostas a conteúdos pornô todo mês na França, e a maior parte se trata de meninos. Um em cada dois já tiveram contato com este tipo de filme aos 12 anos.

O projeto de lei que está sendo debatido tem como principal alvo as plataformas de filmes adultos que, para Barrot, adotam uma postura “irresponsável e covarde” quanto ao controle de acesso aos sites, nos quais apenas basta clicar em um botão confirmando ser maior de idade. Entretanto, a maior parte dos consumidores dessa parte da web são anônimos.



Paul Midy, autor do projeto de lei que busca regulamentar o acesso à pornografia na internet. (Foto: Reprodução/Geoffroy Van Der Hassalt/AFP)


É por isso que Paul Midy, o autor do projeto de lei, se vê contra o anonimato na internet, que, na sua visão, cria um “sentimento de impunidade” acerca das ações praticadas no espaço virtual. Ele defende que, para a criação de perfis ou contas na internet, seja exigido um comprovante de identidade. Outros parlamentares não veem a ideia com bons olhos, e classificam a iniciativa como uma afronta às liberdades individuais.

Efeitos da pornografia em menores

Especialistas dizem que a exposição a conteúdos pornográficos em crianças pode causar danos no desenvolvimento e prejudicar a saúde mental, facilitando o aparecimento de ansiedade, traumas, problemas com o sono ou até mesmo depressão. Além disso, pode ocorrer a naturalização de comportamentos problemáticos e de violência física, psicológica e sexual.

Em meninos e meninas, os efeitos do consumo de pornografia costumam ser distintos. Os garotos que se habituam ao pornô tendem a desenvolver uma imagem degradante de mulheres, enquanto as meninas costumam ter uma imagem deturpada do próprio corpo.

 

Foto destaque: Acesso precoce à pornografia pode levar a normalização de violências físicas, psicológicas e sexuais./Reprodução/Freepik.

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