Com a ascensão das adaptações de franquias de videogames e a recente queda dos filmes de super-heróis, cada empresa da indústria cinematográfica e de streaming está em busca de uma fatia desse mercado. O que não necessariamente garante que todos esses conteúdos baseados em jogos tenham boa qualidade. Ao contrário de recentes lançamentos como “Fallout”, da Amazon Prime, e “The Last of Us”, da Max, “Borderlands” acaba caindo novamente na já conhecida “Maldição das adaptações de games.”
Trama de “Borderlands”
No longa, acompanhamos Lilith (Cate Blanchett), uma caçadora de recompensas que precisa retornar ao perigoso planeta Pandora com a missão de encontrar a filha de Atlas (Edgar Ramírez), um famoso e temido empresário. Nesse caminho ela acaba formando um time com personagens inusitados como a explosiva Tiny Tina, interpretada por Ariana Greenblatt, figurinha carimbada de algumas grandes produções recentes como “Barbie” e “Ahsoka”, o protetor psicopata Krieg (Florian Munteanu), o mercenário Roland (Kevin Hart), e a excêntrica cientista, Dr.Tannis (Jamie Lee Curtis), além do pequeno robô Claptrap (dublado por Jack Black).
A equipe enfrenta monstros alienígenas e saqueadores perigosos enquanto busca os lendários Vaults, cofres misteriosos deixados por uma antiga raça extinta há muito tempo, conhecida como Eridians. Esses lugares ocultos guardam segredos que podem mudar o destino do universo, tornando a missão deles ainda mais perigosa e crucial.
Um mundo promissor, mas superficial
Apesar dos bonitos visuais dos personagens e da estética de Pandora, que lembram uma mistura entre “Mad Max” e “Guardiões da Galáxia”, o filme não consegue desenvolver seus personagens e seu mundo de uma maneira satisfatória, fazendo com que eles pareçam simples estereótipos. O destaque humorístico fica para o Claptrap de Jack Black, que é propositalmente irritante, mas que rouba a cena em certos momentos; Ariana Greenblatt também se destaca como Tiny Tina, apesar de perder espaço ao longo do filme e não captar completamente a essência da personagem dos jogos, como sua obsessão por RPGs. Ainda assim, a atriz faz um bom trabalho ao dar vida à sarcástica e imprevisível personagem.
O subaproveitamento dos personagens também afeta o vilão principal, que não oferece uma ameaça convincente e permanece superficial e sem sal, sem uma motivação clara ou que faça sentido. Essa falta de profundidade se estende à General Knoxx (Janina Gavankar), que não tem um propósito definido e é igualmente mal aproveitada na trama. Outros personagens que compõem a equipe principal como Dr. Tannis de Jamie Lee Curtis e o psicopata Krieg ficam apagados no longa, enquanto o Roland de Kevin Hart parece apenas o ator interpretando ele mesmo, já Cate Blanchett se esforça pra dar vida a Lilith mas o roteiro e a direção não conseguem explorar todo o seu talento, embora Blanchett brilhe em algumas cenas, sua atuação no geral não alcança o potencial que esse papel tão importante poderia ter proporcionado.
Conclusão
Apesar de uma boa ambientação, que consegue capturar bem o ambiente desértico e perigoso de Pandora, momentos divertidos e pequenos easter-eggs para os fãs dos games, “Borderlands” prefere jogar no seguro, tornando-se genérico e uma adaptação facilmente esquecível que provavelmente teria sido muito beneficiada se fosse uma série para a TV como “Fallout”, podendo explorar todas as camadas desse vasto universo e seu humor ácido.
Nota: ★★☆☆☆