Flávia Saraiva assume protagonismo do Brasil no Mundial de Ginástica Artística de Jacarta
A ginasta lidera a equipe brasileira em busca de novas medalhas na principal competição da modalidade após as Olimpíadas de Paris; Rebeca tirou um ano sabático
O Brasil inicia neste domingo (19) mais uma jornada no cenário internacional da ginástica artística, desta vez no Mundial de Jacarta, na Indonésia, com grandes expectativas e uma nova liderança. Após o ciclo vitorioso de Rebeca Andrade — que conquistou quatro medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris e optou por um ano de descanso —, a responsabilidade de comandar a equipe verde-amarela recai sobre Flávia Saraiva, uma das ginastas mais experientes e carismáticas do país.
A competição vai até o dia 25 de outubro e contará com nove representantes brasileiros, entre mulheres e homens, todos de olho no pódio e em um início sólido rumo aos Jogos de Los Angeles 2028. O SporTV 2 transmite ao vivo as finais do torneio, que promete alto nível técnico e duelos emocionantes entre as maiores potências da modalidade.
Flávia Saraiva: a nova referência da equipe
Aos 26 anos, Flávia Saraiva se torna o principal nome da delegação. Medalhista olímpica e figura constante nas competições internacionais, ela chega à Indonésia com foco total na trave, seu aparelho mais consistente. A carioca foi finalista olímpica duas vezes nesse aparelho e, em 2019, conquistou a sexta colocação no Mundial de Stuttgart.
Nas quatro apresentações feitas nesta temporada — duas no Campeonato Brasileiro e duas na Copa do Mundo de Szombathely —, Flávia mostrou estabilidade e confiança, alcançando até 14,250 pontos na classificatória da Hungria. Se repetir a performance em Jacarta, tem boas chances de brigar por uma medalha.
Mesmo assim, a brasileira não entra como favorita. A disputa promete ser intensa, com a chinesa Zhou Yaqin, atual vice-campeã olímpica e mundial, liderando as apostas após alcançar 15,233 pontos nesta temporada. Outras fortes candidatas são Zhang Qingying (China), Kaylia Nemour (Argélia) e Hwang Seo-hyun (Coreia do Sul).
Além da trave, Flávia pode disputar o solo, aparelho em que foi bronze no último Mundial. Após uma cirurgia no ombro realizada em setembro de 2024, a atleta ainda recupera a forma física ideal, o que torna sua participação nas provas do solo e do individual geral incerta. Mesmo assim, caso entre nessas categorias, deve figurar entre as finalistas.
Apresentação de Flávia Saraiva na trave de equílibrio (Vídeo: reprodução/YouTube/Gymnastics Memories)
Juventude e experiência na busca por finais
O Brasil chega ao Mundial com um equilíbrio entre nomes consagrados e novas promessas. Entre as mulheres, Júlia Soares, finalista da trave nas Olimpíadas de Paris, também é uma das apostas. Embora ainda busque consistência em 2025, ela tem boas chances de alcançar a final tanto na trave quanto no solo. A coreografia ao som de “Cheia de Manias”, sucesso do Raça Negra, volta a embalar sua apresentação, que conquistou o público nos Jogos de Paris.
Na equipe masculina, o destaque é Arthur Nory, campeão mundial na barra fixa em 2019 e bronze em 2022. Aos 32 anos, o veterano tenta recuperar a regularidade e voltar ao pódio de seu aparelho preferido. A concorrência, no entanto, é pesada: os japoneses Daiki Hashimoto e Shinnosuke Oka, o americano Brody Malone e o chinês Zhang Boheng figuram entre os principais adversários.
Outro nome importante é Caio Souza, que retorna ao Mundial após ficar fora em 2023 por lesão. Atual campeão brasileiro, ele é o principal representante do país no individual geral, além de competir em diversos aparelhos, como barra fixa, argolas e salto. Caio busca repetir o bom desempenho de 2022, quando terminou entre os dez melhores do mundo.
Diogo Soares, por sua vez, também carrega boas expectativas no individual geral. O ginasta, de 23 anos, coleciona finais em grandes torneios e deve figurar novamente entre os 24 melhores.
Novas promessas e olho no futuro
O time feminino ganha reforços de duas estreantes de 15 anos: Sophia Weisberg e Júlia Coutinho. Sophia chega embalada após vencer o Campeonato Brasileiro e pode alcançar a final do individual geral caso repita os 51,231 pontos que obteve na competição nacional. Já Júlia Coutinho, especialista no solo, encantou o público com uma coreografia ao som de “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, e conquistou duas medalhas em etapas da Copa do Mundo nesta temporada.
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Júlia Coutinho com sua medalhe de Bronze na competição da Hungria (Foto: reprodução/Instagram/@juliacoutinhooficial)
Entre os homens, Vitaly Guimarães e Tomás Florêncio fazem suas estreias em Mundiais. Ambos não figuram entre os favoritos, mas podem surpreender e garantir finais em aparelhos específicos. Vitaly, nascido nos Estados Unidos, defende o Brasil pela primeira vez em uma grande competição.
Um novo ciclo sem Rebeca, mas com o mesmo brilho
Mesmo sem a estrela maior da ginástica brasileira, o país chega ao Mundial com um elenco técnico e promissor, disposto a manter o nome do Brasil entre as grandes potências da modalidade. Após seis medalhas no Mundial de 2023 e quatro pódios nas Olimpíadas de Paris, a delegação verde-amarela inicia sua caminhada rumo a 2028 com renovação, talento e esperança. Flávia Saraiva carrega o peso da liderança, mas também o entusiasmo de uma equipe pronta para surpreender. Em Jacarta, a missão é clara: mostrar que o Brasil continua brilhando, mesmo sem Rebeca Andrade em ação.
