História do atletismo no Brasil: marcas, recordes e heróis

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
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Foto Destaque: Adi Goldstein / Unsplash (reprodução)

Quem vibrou com a medalha de bronze de Alison dos Santos nos 400m com barreiras nas Olimpíadas de Paris talvez não tenha dimensão do tamanho da história do atletismo no Brasil.

Essa modalidade, que engloba dezenas de provas —  desde os 100m rasos ao arremesso de peso — é a segunda que mais rendeu medalhas ao Brasil na história dos Jogos Olímpicos, 21 no total. Além de várias outras em Mundiais e Jogos Pan-Americanos.

O atletismo é considerado um dos esportes mais antigos da humanidade e começou a se desenvolver por aqui no final do século XIX, muito antes da gente pensar em sonhar em fazer aposta esportiva na Betfair.

A influência europeia era forte, com imigrantes e descendentes de europeus desempenhando um papel significativo na promoção do esporte.

Um marco importante na história do atletismo no Brasil foi a fundação da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) em 1914, que era responsável pelo futebol e diversas outras modalidades.

A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) foi criada somente em 1977, mas já havia bons frutos no atletismo brasileiro nestas primeiras décadas.

Os pioneiros

A trajetória do atletismo brasileiro em Jogos Olímpicos começou em 1924, também em Paris. O Brasil foi representado por uma delegação de apenas 12 atletas, todos homens. Eurico de Freitas quase alcançou a final no salto com vara, terminando a prova em 11º.

A primeira medalha olímpica do Brasil no atletismo veio em Helsinque 1952, com dois grandes nomes do esporte: o bronze de José Telles da Conceição no salto em altura e o ouro de Adhemar Ferreira da Silva, no salto triplo.

Adhemar Ferreira da Silva foi um dos maiores saltadores triplo da história da modalidade. Ele repetiu o feito na edição seguinte, em Melbourne 1956, e quebrou o recorde mundial da prova cinco vezes. Seu sucesso colocou o Brasil no mapa do atletismo mundial e inspirou futuras gerações de atletas.

Após Adhemar e José Telles, o país viu surgir nomes como Nelson Prudêncio e João Carlos de Oliveira, que todo fã de esporte e bet no Brasil conhece pelo apelido “João do Pulo”.

João do Pulo foi um dos maiores saltadores do mundo na década de 1970, tendo conquistado duas medalhas de bronze olímpicas e também quebrou recordes mundiais. Ele também foi um símbolo de perseverança e superação após o grave acidente que sofreu em 1981 e que interrompeu sua carreira esportiva.

As décadas seguintes

O atletismo brasileiro continuou a crescer nas décadas de 1980 e 1990, mas também enfrentou desafios significativos. A falta de investimentos adequados, a precariedade das instalações esportivas e a ausência de uma política esportiva nacional consistente dificultaram o desenvolvimento do esporte.

Mesmo com esses obstáculos, o Brasil continuou a revelar atletas talentosos. Nesse período surgiram atletas como Robson Caetano, Zequinha Barbosa, Joaquim Cruz, e Vanderlei Cordeiro de Lima e Maurren Maggi, já nos anos 2000.

Joaquim Cruz entrou para a história ao conquistar a medalha de ouro nos 800 metros nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984, tornando-se o primeiro e único brasileiro a vencer essa prova.

Já Maurren Maggi, especialista em salto em distância, fez história ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, tornando-se a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha de ouro individual em Olimpíadas.

A vitória dela foi um marco importante para o atletismo feminino no Brasil, que até então não havia alcançado grande destaque em competições internacionais.

Entre 2007 e 2016, período em que o Rio de Janeiro sediou os Jogos Pan-Americanos e Olímpicos, o atletismo brasileiro recebeu um novo impulso, com investimentos em infraestrutura e a promoção do esporte em todo o território nacional.

Foi assim que surgiu nomes como o de Thiago Braz, ouro no salto com vara em 2016, diante de um Estádio Nilton Santos lotado; de Alison dos Santos, o Piu, que além da já citada medalha em Paris 2024 também já foi bronze em Tóquio 2020 e ouro no Mundial de 2022; e de Caio Bonfim, prata na marcha atlética.

A história do atletismo no Brasil é uma narrativa de superação e perseverança, marcada por conquistas significativas e desafios contínuos. É essencial que haja um comprometimento maior com o desenvolvimento da modalidade, garantindo que mais atletas possam também alcançar mais medalhas e recordes.