Brasil deve reduzir emissões de gases de efeito estufa em 92% até 2035

Barbara Souza Por Barbara Souza
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Foto Descrição: Efeito estufa ao Acordo de Paris, contribuindo para limitar o aquecimento global (Reprodução/ Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

O Observatório do Clima propôs para o Brasil, nesta segunda-feira (26), uma meta em reduzir 92% das emissões dos gases de efeito estufa até 2035 em comparação aos níveis de 2005. Essa medida é essencial para o país contribuir de maneira significativa no combate ao aquecimento global e na preservação do meio ambiente, alinhando-se aos objetivos do Acordo de Paris.

O Brasil está diante de um grande desafio para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e contribuir de maneira mais significativa na luta global contra o aquecimento climático. O Observatório do Clima (OC), uma rede de entidades ambientalistas da sociedade civil brasileira, propôs uma meta audaciosa: uma redução de 92% nas emissões até 2035.


Fumaça encobre o céu, refletindo a urgência na redução das emissões de gases de efeito estufa (Foto: reprodução/ConexaoPlaneta)

Mas por que essa meta é tão importante?

Segundo o OC, atingir essa redução significa que o Brasil deverá chegar à metade da próxima década emitindo, no máximo, 200 milhões de toneladas de gases de efeito estufa. Atualmente o país emite cerca de 2,3 bilhões de toneladas de gases, sendo o sexto maior emissor do planeta.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, enfatiza que o custo de não agir será muito maior do que o esforço necessário para essa transição. “Ninguém está sugerindo parar toda a produção de um dia para o outro. O que precisamos é de uma mudança gradual e sustentável”, destaca. Ele também alerta que, enquanto alguns países continuam investindo fortemente em combustíveis fósseis, o Brasil deveria direcionar seus recursos para fontes de energia renováveis.

O que está em jogo não é apenas uma meta nacional


Incêndios florestais no Brasil agravam a crise climática (Foto: reprodução/Alberto César Almeida/AmazôniaReal)

O Balanço Global do Acordo de Paris, concluído na COP28 em Dubai, evidenciou que, se as metas de todos os países fossem cumpridas, o mundo ainda estaria a caminho de um aumento de quase 3ºC na temperatura média global. Para evitar essa catástrofe, o Observatório do Clima propõe que o Brasil adote uma postura alinhada com a meta de limitar o aquecimento a 1,5ºC.

Além da redução de emissões, o Observatório do Clima sugere políticas públicas para facilitar o cumprimento desse compromisso. Entre as propostas estão a diminuição do desmatamento a quase zero, a recuperação de 21 milhões de hectares de vegetação, o aumento do sequestro de carbono no solo por meio de práticas agropecuárias de baixa emissão, e a transição energética dos combustíveis fósseis para fontes renováveis. 

Proposta do Observatório do Clima para o Brasil inclui reduzir desmatamento

A proposta do Observatório do Clima inclui ainda medidas de adaptação, como o desenvolvimento de novos cenários para avaliar riscos climáticos e a inclusão da análise de impacto climático em todo o orçamento público. Além disso, o observatório sugere um diagnóstico abrangente sobre perdas e danos no país, especialmente diante dos eventos climáticos extremos que têm afetado áreas como os recifes de coral, o Pantanal e a Amazônia.

“A justiça climática precisa ser uma prioridade. Enquanto discutimos nossa meta, outros países, como os Estados Unidos, precisam alcançar emissões negativas para compensar seu histórico de emissões”, argumenta Astrini. Ele ainda ressalta que esse cálculo de justiça climática, que determina quanto cada país deve ao clima, é essencial para garantir que todos contribuam adequadamente e resolver o problema global.

Em um momento crítico para o futuro do planeta, as propostas do Observatório do Clima chamam a atenção para a urgência de ações concretas e coordenadas. O Brasil, como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, tem um papel fundamental na busca por soluções que garantam um futuro mais sustentável para as próximas gerações.