Cid alega que Bolsonaro consultou comandantes sobre possível golpe

Nicolas Garrido Por Nicolas Garrido
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O tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, confessou à Polícia Federal (PF) que Bolsonaro, presidente da República em exercício na época, consultou comandantes das Forças Armadas sobre a possibilidade de aplicação de um golpe militar.

A informação foi publicada em reportagem do jornal O Globo, que revela reunião do ex-presidente com a cúpula das Forças Armadas e ministros da ala militar para analisar uma minuta que daria brecha para o golpe de Estado.

Investigação da PF

Em depoimento à Polícia Federal, Mauro Cid afirmou em delação premiada que participou da reunião e que o comandante da marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria aprovado e confirmado sua colaboração no golpe, e que suas tropas aguardariam o chamado do presidente. O exército, por sua vez, não teria aderido ao plano de Bolsonaro, segundo Cid. 

A PF investiga se o documento da reunião citado por Cid contém a mesma minuta encontrada na residência do ex-ministro Anderson Torres, que indicaria nova eleição e prisão de candidatos que apresentariam irregularidades na esfera eleitoral. 

Medidas de repreensão

O atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que a revelação causa constrangimento e ressalta que a participação em um golpe militar não é cogitado pelas Forças Armadas.

Assim que tomou conhecimento da informação via imprensa, Múcio afirmou que irá se reunir com os comandantes das Forças Armadas para discutir a questão.”São pessoas que estão na reserva, os citados. Nós desejamos muito que tudo seja absolutamente esclarecido. Precisamos desses nomes. Evidentemente que constrange esse ambiente que a gente vive, essa áurea de suspeição coletiva nos incomoda. Mas essas declarações, essas coisas que saíram hoje, são relativas ao governo passado, a comandantes do passado, não mexe com ninguém que está na ativa“, declarou o ministro.


Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. (Foto: Reprodução/Tom Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo)


Após o término das investigações da PF, Múcio garantiu que os responsáveis apontados serão punidos. “Nós, das Forças Armadas, vamos querer punir os culpados. Não tenha dúvida nenhuma. As Forças Armadas estão absolutamente tranquilas. Evidentemente que existem casos ou existiram casos isolados e nós estamos querendo o nome dos culpados para que esse manto de suspeição não caia em cima de todo mundo”, comentou. 

Em suma, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente jamais compactuou em seu governo com qualquer ação que transgredisse os limites legais da Constituição Federal e o Estado Democrático de Direito, e ressalta que tomará as medidas cabíveis em caso de uma manifestação caluniosa.

 

Foto Destaque: Investigado pela PF, Mauro Cid afirmou que houve reunião entre Bolsonaro e Forças Armadas para discutir possibilidade de golpe de Estado. Reprodução/Lula Marques/Agência Brasil

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