Explosivos podem ser usados para afundar porta-aviões desativado

Sara Corrêa Por Sara Corrêa
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O porta-aviões São Paulo que está desativado pode ser afundado com explosivos para fazer buracos no casco, após ficar meses no mar, e a Marinha Brasileira será responsável pela ação. O navio foi vetado de entrar no Brasil e no exterior por ter amianto na sua estrutura.

Nesta quarta-feira (1), a Marinha afirmou afundar o navio é inevitável, mas não deu detalhes como e onde o procedimento será feito. Mesmo após uma empresa saudita oferecer R$30 milhões para comprar o porta-aviões a decisão de afundar foi tomada.

Segundo os especialistas, o afundamento é “seguro e positivo”, desde que estudos sejam feitos sobre o impacto ambiental e protocolos sejam seguidos, como a limpeza e retirada de qualquer potencial poluente que houver no casco do navio.

“É preciso abrir vários buracos para que a água entre rapidamente e ele afunde na horizontal, sem inclinar. Esses buracos também servem para oxigenar e ajudar a proliferação dos corais. Os explosivos não são aquela coisa catastrófica, de guerra. Em alguns casos, você quase nem ouve o barulho”, afirma o professor Frederico Brandini, titular do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Usar explosivos e algo mais comum nesses casos, porém, também é possível utilizar válvulas já existentes em alguns navios para afundá-los.

“Como é uma embarcação antiga, pode ser difícil chegar até o casco por dentro. Por isso, o mais comum é utilizar mergulhadores, que posicionam explosivos na parte externa do casco”, explica o doutor em engenharia naval, Marcos Pereira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“Os compartimentos têm que ser alagados na mesma hora, para que ele não corra o risco de partir. Na hora da explosão não pode ter ninguém perto e o ativamento é feito a distância por outra embarcação”, acrescenta o professor Marcos Pereira.

Outra coisa que evita o impacto ambiental negativo é a limpeza de todo material poluente da embarcação. “Independentemente de ser essa embarcação ou outra, quando se decide pelo afundamento, é esperado é que todo o contaminante líquido ou sólido, que possa ter impacto ao meio ambiente, seja retirado. [É preciso retirar] todo o combustível, fazer limpeza nos tanques onde ele estava distribuído, nas tubulações. A Marinha tem toda a competência para isso e é esperado que ela faça”, diz Marcos Pereira.

Frederico Brandini afirma que são necessários meses de estudo sobre a viabilidade de um afundamento, como o procedimento, riscos à navegação, ecossistema e correntes marítimas.


Porta-aviões São Paulo (Foto: Rreprodução/Wikipédia)


A Marinha assumiu a operação da embarcação no dia 20 de janeiro. E ela foi levada para uma área a 350 quilômetros da costa brasileira, e que tem aproximadamente 5 mil metros de profundidade. É uma região que ainda está dentro das águas jurisdicionais do Brasil.

Existem cinco motivos para que essa área fosse escolhida:

–  Localização dentro da área da Zona Econômica Exclusiva do Brasil;

– Localização fora de Áreas de Proteção Ambiental;

– Área livre de interferências com cabos submarinos documentados;

– Área sem interferência de projetos de obras sobre águas (ex: parques eólicos);

– Área com profundidades maiores que 3 mil metros.

Porém, a Marinha ainda não informou se o porta-aviões será afundado nesse local, nem o dia que o procedimento vai acontecer.

O porta-aviões São Paulo, foi vendido para uma empresa Turca, que não conseguiu levá-lo para a Turquia, então, ele foi rebocado de volta ao Brasil, onde a empresa decidiu atracar a embarcação em Suape, no Grande Recife, por ser mais próximo da Europa, e não do Rio de Janeiro, de onde o navio partiu. Portanto, o governo de Pernambuco foi contrário à atracação por conta do risco ambiental e acionou a Justiça Federal. A partir daí, uma decisão judicial proibiu que o porta-aviões ficasse atracado no estado e ficou determinada uma multa diária de R$100 mil ao governo federal e à empresa agenciadora, em caso de descumprimento.  

A empresa responsável pelo navio, ameaçou, em janeiro desde ano, abandonar o porta-aviões no mar afirmando ser um “pedido de socorro” por não ter mais recursos para mantê-lo.

Foto destaque. Porta-aviões São Paulo. Reprodução/G1. 

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