A filha de Paulo Cupertino, que é acusado de matar o ator Rafael Miguel, diz em entrevista ao Fantástico que “não é fácil ser filha de um assassino”. Isabela Tibcherani era namorada da vítima, que foi assassinada em 9 de junho de 2019 na Zona Sul de São Paulo, sendo que o criminoso foi preso na última segunda-feira (16) após quase três anos foragido.
“Eu não sou bandido, eu não sou assaltante de banco. Eu não sou nada disso”, disse Paulo Cupertino em audiência.
A delegada de Divisão de Capturas, Ivalda Aleixo, explica que não tem probabilidade de ser outra pessoa, porque a filha dele é a testemunha principal.
Isabela Tibcherani, principal testemunha contra ele no júri, afirma que viu o pai cometer o crime. Ao ser questionada se está preparada para testemunhar contra o pai, ela diz: “Não. Mas eu estou disponível, estou disposta, e eu vou estar preparada quando precisar estar”.
O assasinato de quase 3 anos atrás
Isabela, então com 18 anos, estava em um carro com o namorado, o ator Rafael Miguel, e com os pais dele: João e Miriam. Segundo a acusação, quando chegaram na casa onde Isabela morava com a mãe, na Zona Sul de São Paulo, Cupertino apareceu e matou a tiros Rafael, João e Miriam na frente da filha. Para a polícia e para o Ministério Público, o presidiário não concordava com o namoro de Isabela com o ator de 22 anos, que já durava 1 ano e meio.
Logo depois do triplo assassinato, Paulo Cupertino fugiu com o auxílio de dois amigos. De acordo com as investigações, primeiro ele passou por cidades paulistas: Sorocaba, Águas de São Pedro e Campinas. Adiante, esteve em Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai, em seguida foi para o Paraná, onde tirou documentos falsos, e voltou para Mato Grosso do Sul. Em Eldorado, chegou a prestar serviço como caseiro em um sítio. Nessa época, Cupertino usava barba longa para não ser identificado.
Paulo Cupertino, preso pelo assasinato do ator Rafael Miguel, possui passagem na penitenciária por participar de um roubo a um carro-forte, em 1993. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
“Ele não era uma pessoa que tinha algum tipo de coisa afetiva. Era uma possessão mesmo. Ele não me deixava viver, ele era extremamente controlador. Então, eu não tinha uma vida de fato até os meus 18 anos”, diz Isabela.
O repórter do Fantástico questionou Isabela em relação a como ela lida com perguntas sobre quem é seu pai, e recebeu a seguinte resposta:
“Digo que eu não tenho pai. Sei lá, para mim seria bom que ele nem existisse. Meu maior objetivo desde então era me reerguer, conseguir trabalhar, tocar minha vida tranquilamente. Mas essa exposição toda me prejudicou bastante. Independente de eu ser inocente nessa situação, as empresas, acredito que não querem esse tipo de associação”, declara a filha.
“Ainda existe um peso, né, que as pessoas colocam pelo fato de eu ser filha dele. Não é fácil ser filha de um assassino. Não é fácil carregar o peso de ter o nome de uma pessoa que cometeu um dos maiores crimes nacionais”, lamenta ainda Isabela.
Isabela deseja que aos poucos as coisas voltem a se acalmar e que exista esse senso de justiça para tudo de ruim que aconteceu.
Os advogados de Isabela vão pedir à Justiça que ela preste depoimento sem ficar frente a frente com o pai no dia do julgamento. A data ainda não foi marcada.
Foto em destaque: Isabela Tibcherani. Reprodução/Globo