Dubladores brasileiros criaram um movimento a favor da regulamentação da inteligência artificial nas produções de filmes, séries, videogames e outros produtos audiovisuais. A iniciativa, que leva o nome de Dublagem Viva, tem o objetivo de impedir que robôs substituam profissionais humanos nos estúdios de gravação, e já tem o apoio de nomes importantes da dublagem no país, como Wendel Bezerra, que dá voz ao Goku; Selma Lopes, a intérprete de Maggie Simpson; e Christiane Monteiro, a Lindinha de “As Meninas Superpoderosas”.
Dubladores dizem não querer o fim da IA
Segundo um manifesto da campanha, o interesse dos profissionais não é proibir o uso de inteligência artificial, mas apenas garantir que ela seja tratada apenas como uma “ferramenta de criação”. Wendel Bezerra, famoso por interpretar personagens como Goku, Jackie Chan e Bob Esponja, frisa que, para que o resultado final de uma dublagem seja satisfatório, é preciso que exista uma inteligência sobre emoções que um robô dificilmente irá conseguir replicar com precisão: “São necessárias sensibilidade e percepção artística”, afirmou.
O Dublagem Viva ainda salientou que não existem apenas pontos negativos no uso de inteligência artificial. Uma das suas contribuições seria a ajuda no combate à pirataria, com o fornecimento de ferramentas para identificar mais facilmente reproduções ilegais de produções audiovisuais.
Saiba quais são as reivindicações
A principal demanda do Dublagem Viva é que regras sejam feitas para “equilibrar os avanços tecnológicos com a preservação de empregos e garantir a qualidade da dublagem”. O movimento diz que os dubladores são os responsáveis não somente por dar autenticidade aos personagens, mas também por adaptá-los aos contextos culturais de cada país.
No manifesto divulgado pela campanha, eles solicitam que a inteligência artificial não seja utilizada para reproduzir vozes de outros idiomas para o português, substituindo os dubladores, tampouco para propagar estereótipos, discriminação racial, étnica, de gênero ou qualquer forma de discriminação e preconceito. Além disso, reivindicam que o uso das IAs esteja de acordo com as leis de direitos autorais, e que sua regulamentação seja feita sob a consulta de profissionais do setor, especialistas e da sociedade civil.