Os Estados Unidos estão tomando medidas para aumentar a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por meio de um projeto de lei que visa dificultar ainda mais suas relações comerciais internacionais. A proposta busca proibir a assinatura de contratos com pessoas ou empresas que mantenham negócios com qualquer governo venezuelano que não seja reconhecido por Washington, o que inclui o governo do presidente reeleito. A medida pretende isolar ainda mais o regime de Maduro, prejudicando sua capacidade de firmar acordos e fortalecer sua posição no cenário internacional.
Sobre o projeto
O projeto de lei, formalmente intitulado “Proibição de Transações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Ilegítimo Venezuelano”, visa proibir os Estados Unidos de firmarem contratos com indivíduos ou entidades que conduzam negócios com o governo de Nicolás Maduro, considerado ilegítimo por Washington, ou com qualquer outro governo venezuelano que não seja reconhecido como legítimo pelos Estados Unidos. A proposta reflete a intensificação da pressão dos EUA sobre o regime de Maduro, buscando isolar ainda mais a Venezuela no cenário internacional.
A reação de Caracas foi imediata e enfurecida. O governo venezuelano classificou o projeto de lei como um “ataque criminoso” e denunciou a medida como uma agressão direta aos princípios da soberania e da autodeterminação. Em uma declaração oficial, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela acusou os Estados Unidos de agir de maneira desavergonhada ao associar o nome de Simón Bolívar à proposta, considerando isso uma ofensa ao herói nacional e ao “maior gênio da história americana”. O governo de Maduro ressaltou que Bolívar dedicou sua vida à luta contra o imperialismo e o colonialismo, ideais que, segundo eles, estão sendo desrespeitados por meio dessa nova ação, que caracterizam como uma manifestação dos “anti-valores” do imperialismo moderno.
Visão da Venezuela e dos EUA
De acordo com o governo da Venezuela, a proposta de lei apresentada pelos Estados Unidos tem como principal objetivo bloquear qualquer possibilidade de cooperação econômica entre os dois países, além de ser uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas. As autoridades venezuelanas afirmam que essa ação se soma a um total de mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais impostas ao país, que, segundo elas, têm como intenção enfraquecer a economia e prejudicar o povo venezuelano. Através dessas sanções, Washington busca isolar ainda mais o regime de Nicolás Maduro, dificultando sua capacidade de estabelecer parcerias comerciais e políticas no cenário internacional.
Por outro lado, os Estados Unidos consideram as duas últimas reeleições de Maduro como fraudulentas e têm dado apoio ao oposicionista Edmundo González Urrutia, candidato da líder da oposição María Corina Machado. A situação política na Venezuela tem se tornado cada vez mais polarizada, e, após as eleições, Machado foi forçada ao exílio na Espanha devido à repressão política. Em um cenário de divisão interna profunda, a oposição ao regime de Maduro tem sido uma das poucas questões em que existe um ponto de convergência entre os partidos políticos nos Estados Unidos, com democratas e republicanos, em sua maioria, compartilhando o objetivo de confrontar e isolar o governo venezuelano.
Impulsão do projeto
Uma das principais forças que impulsionam o projeto de lei é o congressista republicano Mike Waltz, um forte defensor de políticas agressivas em relação a regimes autoritários. Waltz foi selecionado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para assumir o cargo de assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, posição que reflete sua postura firme e sua disposição para adotar medidas rigorosas contra adversários geopolíticos dos EUA.
O congressista, conhecido por suas visões duras sobre questões de segurança e políticas internacionais, não hesita em expressar suas opiniões de forma contundente. Em um comunicado divulgado na segunda-feira, Waltz declarou que a crise na Venezuela é fruto diretamente do “governo ilegítimo e autoritário” de Nicolás Maduro e das “políticas marxistas” que ele impôs ao país, além de criticar o que chamou de “cartel de Caracas”, referindo-se à rede de aliados políticos e econômicos que, segundo ele, sustentam o regime.